Peripécias de um Corretor de Imóveis–A Casquinha no Elevador

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Abandoned Cone por Julie Gibson

A vida de corretor é muito engraçada; a gente passa o dia lidando com pessoas das mais diferentes, e na hora da escritura, todo mundo está sempre meio nervoso, gerando situações engraçadas (mas que na hora são tristes). As pessoas ao comprar e vender imóveis costumam estar sempre muito sensíveis, e isso gera situações muito loucas.

Lembro-me bem de um dia, há anos atrás, quando uma senhora extremamente bem vestida veio à nossa sede. Recusou-se a falar com um corretor “da vez”e insistiu pra conversar com meu pai. Atendemos ela juntos. Ela então explanou que precisava de um andarzão, de uns 500m2, para um escritório que iniciaria com o marido, mas que era uma pessoa muito conservadora e que fazia questão que fosse um lugar “de nível”, com pessoas “finas”.

Pensei eu com meus botões: “isso não é algo muito certo de conseguir, porque condomínios comerciais são abertos a todos, então vou mostrar uns prédios bem localizados, que, com sorte, vai dar tudo certo”. Afinal, que coisa anacrônica escolher a freqüência de um prédio comercial! Empresas recebem pessoas de todo tipo. Enfim, lá fui eu.

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Selecionei um andar fantástico, todo em mármore de carrara, que tínhamos pra vender na Avenida Rio Branco. Um luxo. Falei pra ela, descrevi o prédio, um decozão bem simpático, etc, e ela perguntou “o senhor tem certeza que é fino?”. Confirmei.

Prédio Casquinha de Sorvete

Andamos até lá. Chegando, a portaria estava arrumada, os porteiros de uniforme. Gostei. Entramos no elevador. Antes da porta fechar, porém, uma mão a impediu. Era um rapaz, vestido de office-boy, que entrou correndo, puxando pela mão uma moça muito risonha, e na outra mão, um sorvete de casquinha. Entreolharam-se. Pensei: “F*deu”. Eles eram namorados, ou coisa moderna que o valha. Mas ao fim novamente, pensei: “São só uns 2 minutos no elevador, vai dar tudo certo”. A senhora comentou “prédio muito alinhado”. Comentei de volta: “É sim”.

E o elevador subiu. Em um dado momento, o rapaz e a moça começaram a dar uma risada maior, maior, maior… E então eu senti que aquela venda provavelmente conheceria seu ocaso em breve. Não deu outra: o rapaz pegou o sorvete de casquinha e colocou-o junto à braguilha da calça. Disse claramente à moça: “dá uma lambidinha?”. Para entristecer aquela minha sexta –feira…Ela deu.

“Isso não é ambiente!!” ouvi da senhora. Nunca mais a vi.

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