Devido ao Setembro Amarelo, campanha nacional de prevenção ao suicídio, o Instituto Rio21, em parceria com o DIÁRIO DO RIO, realizou um estudo com o objetivo de compreender como está a saúde mental dos moradores da cidade do Rio de Janeiro e os impactos da pandemia do ponto de vista psicológico.
”Ao analisar os dados da pesquisa, identificamos que a pandemia afetou muito a saúde mental dos moradores do Rio. Mas, ao observarmos estes dados por gênero, identificamos que as mulheres foram as mais impactadas em sua saúde mental. Antes da pandemia, 12,2% das respondentes do gênero feminino afirmaram que sua saúde mental estava ruim ou muito ruim. Durante a pandemia, essa proporção aumentou para 45,7%, apresentando um crescimento de 33,5 pontos percentuais. Esses números podem ser reflexos de rotinas de trabalho, cobranças, cuidado dos filhos e da família intensificadas nesse período. Contudo, antes e durante a pandemia, as mulheres são as que mais procuram acompanhamento profissional para questões ligadas à saúde mental”, diz Ana Flávia Assumpção, diretora de Pesquisa do Instituto Rio21.
No caso dos homens, somente 6,6% afirmaram que sua saúde mental estava ruim ou muito ruim antes da pandemia. Tal proporção é aproximadamente duas vezes menor que a proporção apresentada pelas mulheres entrevistadas no mesmo período. Já durante a pandemia, a taxa de entrevistados do gênero masculino que afirmaram que sua saúde mental estava ruim ou muito ruim passou a ser 34,5%, indicando um crescimento de 27,9 pontos percentuais, que, apesar de significante, é menor do que o observado entre as mulheres.
Em contraste, as mulheres entrevistadas indicaram se sentir menos solitárias durante a pandemia do que os homens entrevistados. Antes da pandemia, 45,1% das respondentes afirmaram que nunca ou raramente se sentiam solitárias. Já durante, essa proporção aumentou para 68,2%.
O percentual de entrevistados homens que nunca ou raramente se sentiam solitários antes da pandemia era parecido com o de mulheres: 46,8%. No entanto, essa taxa não aumentou durante a pandemia como entre as mulheres. O crescimento da parcela de entrevistados do gênero masculino que nunca ou raramente se sentem solitários foi de apenas 4,9 pontos percentuais, enquanto esse aumento foi de 23,1% para as mulheres.
Além disso, perguntou-se aos entrevistados se eles realizavam acompanhamento psicológico antes da pandemia. Ao analisar os dados por gênero, percebe-se que a taxa de acompanhamento era maior entre as mulheres do que entre os homens. Apenas 12,6% dos homens entrevistados afirmaram fazer acompanhamento psicológico antes da pandemia, enquanto esse percentual era de 33,3% para as entrevistadas, uma diferença de 20,7 pontos percentuais entre os gêneros.
Durante a pandemia, as mulheres mantiveram a liderança na taxa de acompanhamento psicológico, apresentando um percentual de 35,2%. Porém, houve um aumento na proporção de entrevistados homens que fazem acompanhamento psicológico que não pode ser ignorado. Durante a pandemia, a taxa de acompanhamento aumentou para 20,4%, indicando um crescimento de 7,8 pontos percentuais em relação ao período anterior.
De maneira similar, uma proporção maior de mulheres buscou ajuda psiquiátrica antes da pandemia, em comparação com a proporção de homens. Enquanto 16,3% das entrevistadas do gênero feminino afirmaram fazer acompanhamento psiquiátrico antes da pandemia, apenas 8,3% dos entrevistados do gênero masculino fizeram tal afirmação.
Durante a pandemia, a taxa de acompanhamento psiquiátrico aumentou para ambos os gêneros, apesar de ter sido mais significante no caso feminino. Para as mulheres, o crescimento presenciado foi de 8,8 pontos percentuais. Já para os homens, o aumento foi de 4,5 pontos percentuais.
Vale destacar que o levantamento foi realizado entre os dias 02 e 13 de setembro de 2021, por meio de pesquisa quantitativa com disponibilização de questionário online via e-mail e redes sociais. A amostra não probabilística contou com 321 entrevistados moradores do município do Rio.