Pesquisa mostra que Rio é a cidade que mais consome cultura no Brasil

Quanto às preferências musicais, os moradores da cidade são ecléticos, com predominância de gosto pela MPB, que concentrou 39% da preferência, seguida do pagode (30%)

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp

A nova edição da pesquisa Cultura nas Capitais foi lançada, na quarta-feira (19), no Museu do Amanhã, na Região Portuária do Rio. O levantamento abordou os hábitos de consumo cultural em 26 capitais e no Distrito Federal, baseado em entrevistas de 19,5 mil moradores dessas cidades.

No que diz respeito ao Rio, a pesquisa bateu um recorde, pois foram ouvidos 1,5 mil moradores da cidade, entre fevereiro e abril de 2024, sobre os seus hábitos culturais nos últimos 12 meses.

A sondagem apontou que o Rio ocupa uma posição acima ou semelhante à média de outra cidades em quase todas as atividades listadas (livros, jogos eletrônicos, cinema, teatro, shows e visitas a locais históricos, entre outros), excetuando o consumo de eventos de dança e saraus.

O resultado foi apontado por João Leiva, diretor da JLeiva Cultura & Esporte, responsável pela pesquisa, como algo muito positivo, uma vez que está ligado ao nível escolaridade e à presença de equipamentos culturais de qualidade.

“Uma das questões que a pesquisa mostra, nacionalmente, é como a escolaridade é um fator determinante para atividades culturais, e os bons números da cidade neste sentido já potencializam este acesso”, disse Leiva ao jornal O Globo, acrescentando: “E o Rio conta com uma rede instalada de teatros e museus muito forte, por exemplo, que foi ampliada na década passada com as obras para a Copa e os Jogos Olímpicos. Com esses dados na mão, é possível cruzar com a rede de equipamentos e identificar que tipo de estrutura é possível mobilizar localmente. Você não vai ter um Museu do Amanhã em cada região da cidade, mas pode-se pensar em políticas de gratuidade, de sistemas de transporte, que ajudem a ampliar esses números”, disse.

Quanto às preferências musicais, os habitantes da cidade são ecléticos, com predominância de gosto pela MPB, que concentrou 39% da preferência, seguida do pagode (30%), gospel (25%), rock (24%), pop (19%), sertanejo (17%), samba (15%) e funk (13%), entre outras preferências musicais.

Diante das outas capitais, que têm no sertanejo o gênero mais ouvido, com 34% da preferência, o Rio é a segunda cidade mais resistente ao gênero, ficando atrás de Recife, em Pernambuco.

Quanto ao comparecimento a festas populares, 77% dos entrevistados disseram ter comparecido nos últimos meses às festas juninas, contra 53% que saíram em blocos de carnaval e 30% que foram aos desfiles das escolas de samba.

Apesar de o Carnal ser uma festa muito popular na cidade, João Leiva atribuiu o fenômeno ao “período mais extenso em que as festas juninas acontecem em comparação ao carnaval e o fato de estarem mais espalhadas pela cidade. Muita gente vai citar as festas a que foram em escolas, igrejas, praças mais perto de casa”, disse ele, acrescentando que as festas juninas atraem públicos de todas as idades.

A pesquisa identificou um movimento de retração em todas as atividades avaliadas, considerando 12 capitais pesquisadas em 2017. O consumo de jogos eletrônicos foi a única exceção. João Leiva ponderou que o movimento pode ser resultado de questões socioeconômicas ou reflexo de mudanças de hábitos causadas pela pandemia, mas é preciso esperar:

“Talvez a gente só consiga responder de forma mais precisa daqui a três, cinco anos. Ainda estamos numa retomada, os números do ano passado foram melhores que 2023, e 2023 melhores que 2022. Mas essa volta varia de acordo com os diferentes setores, ainda é difícil precisar o quanto um hábito pode ter realmente mudado ou não”, pontou Leiva.

A gerente do Observatório da Fundação Itaú, Para Carla Chiamareli, apontou que o cruzamento entre escolaridade e renda mostrou que, quanto aos hábitos culturais, a formação é mais determinante do que a condição social.

“Muitas vezes a gente esquece que, assim como educação e saúde, a cultura é um direito constitucional, e que o acesso a ela deve ser garantido. Os dados nos apresentam isso, que, independentemente da condição socioeconômica, as pessoas com maior escolaridade consomem mais cultura. Você cria o hábito na escola”, comentou ela ao jornal, complementando: “É uma oportunidade para pensarmos nessa intersetorialidade entre educação e cultura, como política pública, que é necessária não só para a maior fruição das atividades culturais, mas na própria formação dos alunos”.

O estudo foi pela JLeiva Cultura & Esporte e contou com o patrocínio do Instituto Cultural Vale e do Itaú, e parceria da Fundação Itaú.

O seminário de lançamento contou com as presenças da secretária estadual de Cultura, Danielle Barros; o secretário municipal da pasta, Lucas Padilha; o diretor-geral do IDG, que é responsável pela gestão do museu, Ricardo Piquet; e o diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto.

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Pesquisa mostra que Rio é a cidade que mais consome cultura no Brasil
lapa dos mercadores 2024 Pesquisa mostra que Rio é a cidade que mais consome cultura no Brasil

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui