Pessoas em situação de rua na Cidade Maravilhosa

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Não é de hoje que o Rio de Janeiro e outras cidades do Brasil e do mundo enfrentam uma grave situação. Contudo, devido a uma série de fatores, o problema vem aumentando no Rio. Dados recentes da prefeitura carioca apontam que 14.279 pessoas vivem nas ruas do município. É quase o triplo das 5.580 registradas em 2013. A tendência é esse índice negativo subir ainda mais.

De acordo com estudiosos do assunto, a quantidade de moradores de rua cresceu junto com a crise econômica do estado, impulsionada pelo desemprego. Além da condição econômica, rompimentos com a família, abusos, álcool, drogas e transtornos mentais estão entre os principais motivos que levam a essa situação.

Segundo a Política Nacional para a População em Situação de Rua, essas pessoas são, em sua maioria, 82% do sexo masculino; 53% com idade entre 25 e 44 anos; 67% são negros; A maior parte (52,6%) recebe entre R$20,00 e R$80,00 semanais. Desses, 70,9% exercem alguma atividade remunerada. Apenas 15,7% pedem dinheiro como principal meio para a sobrevivência.

 

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Olham para a gente com nojo ou medo. Quando olham. Nem todos somos ladrões. A gente dorme na rua porque não tem outro jeito. Se abrigo fosse bom, não tinha ninguém dormindo em calçada”, contou Reinaldo, de 35 anos, que vive nas ruas do Centro do Rio há cerca de cinco anos.

A prefeitura da cidade do Rio de Janeiro tem 38 abrigos próprios, 22 conveniados e dois Hotéis Acolhedores, que são apenas para pernoitar. No total são 2177 vagas para uma população de mais de 14 mil pessoas, o que dá cerca de seis moradores de rua para cada leito.

A Secretaria de Assistência Social do governo Marcelo Crivella emitiu que é preciso aumentar o número de abrigos e intensificar o programa “De volta a terra natal”, que prevê o retorno de pessoas em situação de rua para suas cidades de origem. Além disso, Teresa Bergher, a responsável pela Secretaria, afirmou que vai incluir os moradores de rua em um cadastro único, para que eles sejam inseridos nos programas de complementação de renda, como o cartão família carioca.

Projeto RUAS em ação Pessoas em situação de rua na Cidade Maravilhosa
Projeto RUAS em ação

Paralelo ao crescimento do problema surgem formas ativas de combater a grave situação. O Projeto RUAS (Ronda Urbana de Amigos Solidários Ações), criado em 2014, é uma delas. A iniciativa, que atualmente conta com cerca de 50 voluntários – ao todo já passaram mais de 300 -, consiste em ajudar pessoas em situação de rua das mais variadas formas. Nesses três anos de trabalho, oito pessoas em situação de rua retornaram para casa, 20 foram encaminhadas para obter identificação civil, três conseguiram emprego, quatro se encontram em processo de reabilitação (sendo acompanhadas por voluntários do Projeto), um passou por um tratamento em uma casa de reabilitação para usuários de drogas e segue trabalhando desde o final de 2016, além de outros resultados positivos.

É necessário ter políticas públicas eficientes para promover a cidadania e a geração de renda. A maioria das pessoas que estão em situação de rua não recebeu uma boa base de educação, alguns se desenvolveram em ambientes hostis, sem referências, oportunidades e com vínculos familiares rompidos. Além disso, a sociedade precisa entender essa problemática de forma mais empática, principalmente na Zona Sul do Rio de Janeiro, infelizmente, ainda encontramos muitas pessoas revoltadas por encontrar uma pessoa em situação de rua no seu bairro, esquecendo-se que cada indivíduo, independentemente da situação em que se encontra, é um ser humano, com anseios, talentos e rico em potencialidades“, opinou Allini Fernandes, cofundadora do Projeto RUAS.

Ajuda ao projeto RUAS Pessoas em situação de rua na Cidade Maravilhosa
Ajuda ao Projeto RUAS

No debate sobre a questão, surgem ideias diferentes. Muitas pessoas acreditam que embora o Poder Público precise estar atento ao problema, é preciso, também, que as pessoas atuem de forma mais intensa: “São necessárias ações concretas em conjunto com a sociedade civil e principalmente o interesse dos indivíduos que encontram em vulnerabilidade social desejarem levar uma vida com qualidade seja ela onde for. Por fim, o presente artigo tem a finalidade de provocar no leitor a ideia de articulação entre estado e sociedade para a superação de estigmas e preconceitos junto ao imaginário social, a partir de socialização de pesquisas, realização de debates, uso educativo da mídia e formação de multiplicadores, de modo que esses sujeitos possam ter visibilidade – mas como sujeitos de fato e de direitos”, escreveu Luiz Marcio Amaral de Matos, enfermeiro especializado em ações sociais, para o Portal Educação.

Dentro do problema, existem outras questões paralelas. As drogas – lícitas ou ilícitas –  são um fantasma constante para quem vive em situação de rua. Há quem entre nessa triste realidade por consequência de algum vício e quem entre no vício por estar nessa triste realidade.

Eu não uso nada, só bebo. Mas muita gente usa. É o jeito. Nessa situação que a gente vive, acaba sendo o jeito”, frisou Pedro, de 50 anos, morador da região central da cidade do Rio de Janeiro. Pedro está em situação de rua desde quando chegou ao Rio, a sete anos, vindo do Paraná.

Outro ponto alarmante são as crianças. No final do ano de 2012, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República realizou uma pesquisa em 75 cidades do país (entre elas o Rio de Janeiro), e constatou mais de 24 mil meninos e meninas em situação de rua no Brasil. Os principais motivos são: discussão com pais e irmãos (32,3%); violência doméstica (30,6%) e uso de álcool e drogas (30,4%). Passados quase cinco anos completos, os números tendem a ter subido ainda mais.

Crianças nas ruas Pessoas em situação de rua na Cidade Maravilhosa

Muitas cidades em diversos países conseguiram controlar de forma mais efetiva o problema das pessoas em situação de rua. Algumas com políticas públicas, outras com ações mais voltadas ao mercado de trabalho e à sociedade civil. O Rio de Janeiro precisa achar o seu caminho, afinal, essa situação não é boa para ninguém.

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