Por que não investir em transporte hidroviário no Rio de Janeiro?

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O Rio de Janeiro tem sérios problemas de mobilidade urbana. A questão dos transportes na região metropolitana é sempre uma trava para os governantes. Comparando com outros países, nosso atraso fica ainda mais evidente – como mostrou nosso colunista Bruno Kazuriro. Segundo muitos estudiosos do tema, investir em transporte hidroviário seria uma solução, principalmente, por conta da geografia local, tomada por mares, baías e lagoas.

Em 2017, de acordo com o levantamento feito pela empresa holandesa de tecnologia de transporte TomTom, os cariocas passaram 164 horas presos em engarrafamentos no ano anterior (2016) – foram 43 minutos a mais por dia. Quando o cálculo se estende aos moradores da Região metropolitana, sobretudo Baixada Fluminense, o tempo no percurso de ida para o trabalho e de volta para casa chega a mais de três horas por dia. E não é só a qualidade de vida das pessoas que é afetada com isso. Os prejuízos econômicos, além da poluição excessiva são igualmente alarmantes.

De acordo com um estudo da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), publicado em 2015, a criação de 14 novas ligações hidroviárias poderão tirar das ruas mais de 100 mil carros.

O estudo indica que as linhas divididas entre os eixos da Baía de Guanabara e da Barra da Tijuca podem absorver 272.400 viagens de passageiros por dia, o equivalente à circulação de 100.900 carros. Segundo a análise, a redução na extensão diária dos congestionamentos chegaria a 84,1 quilômetros, e a diminuição no custo anual causado pelo tempo perdido no trânsito, em especial durante a distribuição de cargas e pela perda de produtividade dos trabalhadores, seria de R$ 11,2 bilhões.

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“É preciso combater o poderoso cartel de empresas de ônibus que, há décadas, monopolizam o sistema de transportes e investir em alternativas de transportes menos poluentes para superar a (i)mobilidade urbana que diariamente prejudica a vida da população provocando uma ‘produção sacrificada’, ou perda econômica, estimada em R$ 24 bilhões por ano”, comenta Sérgio Ricardo, do Movimento Baía Viva, que tem forte atuação nas questões ligadas às Baías do Rio de Janeiro.

Para o eixo Baía de Guanabara, que tem apenas 4 linhas, a Firjan propõe 11 novas ligações, que somarão mais de 156 mil viagens de passageiros por dia, o suficiente para tirar das ruas 57.800 veículos. Entre as linhas propostas, cinco conectam o Rio de Janeiro ao Leste Fluminense: uma a Duque de Caxias, na Baixada, quatro às ilhas do Governador e do Fundão e uma Charitas a Itaipu, em Niterói.

O estudo sugere para a Barra da Tijuca uma ligação entre Barra e Praça Quinze, com potencial para até 106.400 viagens de passageiros por dia, que equivalem a quase 40 mil veículos fora das ruas. A proposta é de embarcações próprias para navegação em mar aberto. Uma estação seria montada próxima ao Terminal Alvorada, para a conexão com as estações do BRT e do metrô. Segundo o plano, o projeto possibilita a integração da Barra da Tijuca com todo o município e com o Leste do estado, em Duque de Caxias, na Baixada.

A proposta da Firjan sinaliza, ainda, que as ligações hidroviárias possíveis entre a Barra e o Complexo Lagunar (Jacarepaguá) podem proporcionar dez mil viagens de passageiros por dia, substituindo 3.700 veículos. O estudo diz que isso permitiria aos usuários a integração com a estação da Linha 4 do metrô, no Jardim Oceânico, ligando a Barra à Zona Sul e ao Centro do Rio. A combinação das hidrovias com a Linha 4 do metrô possibilita a retirada de milhares de veículos ao longo do trajeto Barra da Tijuca-Centro, reduzindo drasticamente os congestionamentos.

A Secretaria Municipal de Transportes informa que está realizando estudos com o objetivo de estabelecer os procedimentos necessários à regularização de piers e decks públicos, bem como a regulamentação do transporte aquaviário nas Ilhas da Gigóia, Primeira e vizinhas, situadas na Lagoa da Tijuca. A SMTR está buscando o apoio da Capitania dos Portos, que se propôs a auxiliar na elaboração da regulamentação, e a flexibilizar a capacitação e habilitação dos barqueiros locais para a prestação do serviço, inclusive para que se adequem às exigências dos órgãos fiscalizadores e à futura regulamentação.

Já a Secretária Estadual de Transportes não respondeu os contatos feitos pela reportagem.

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4 COMENTÁRIOS

  1. – Hovercrafts, é a solução ideal e econômica para o transporte aquaviário, o canal da mancha entre França e Inglaterra é utilizada com sucesso o hovercrafts, é só copiar; só o fato de eliminar custosos embarcadouros, justifica sua implantação.

    • Não, não é.
      O Hovecraft que fazia a operação no Canal da Mancha foi aposentado pois o custo operacional o torna inviável. Hoje não existe no mundo nenhuma operação comercial feita com hovercrafts, só quem os utiliza são forças armadas, e mesmo assim são equipamentos de sacrifício, eles transportam tropas e equipamentos invadem o litoral e são abandonados.
      As “saias” do hovercraft devem ser trocadas a cada 8 meses, ele utiliza combustível de aviação, ele tem que, para flutuar sobre o colchão de ar, navegar a no mínimo 35 nós, o que significa um consumo de combustível enorme, é extremamente barulhento e desconfortável e é uma embarcação dita de “casco leve” ou seja não aguenta pancada, se ele navegando por exemplo nas Lagoas da Barra atropelar um sofá ou uma geladeira (que tem aos montes naquelas águas), vai para o fundo.

  2. “É preciso combater o poderoso cartel de empresas de ônibus que, há décadas, monopolizam o sistema de transportes e investir em alternativas de transportes menos poluentes para superar a (i)mobilidade urbana que diariamente prejudica a vida da população provocando uma ‘produção sacrificada’, ou perda econômica, estimada em R$ 24 bilhões por ano”, comenta Sérgio Ricardo, do Movimento Baía Viva, que tem forte atuação nas questões ligadas às Baías do Rio de Janeiro.

    Temos que combinar com o Gilmar Mendes. E olha que o sapo nem mora aqui e ainda asim piora a nossa vida!
    Transporte hidroviario seria uma boa opção para ligar até a Região dos Lagos tambem ,nao? Ao menos em feriados

  3. Existem vários fatores que devem ser levados em consideração:
    Quem detém a concessão de transporte na Baia de Guanabara é a CCR, que herdou essa concessão da extinta CONERJ, ou seja, para implementar qualquer linha na Baia, ou a CCR participa ou ela abre mão da concessão. As linhas exploradas pela CCR são deficitárias (tanto que ela está doida para devolver a concessão para o Estado), as barcas novas são excelentes embarcações, mas não para esse tipo de serviço, o custo operacional e de manutenção desse tipo de barco é altíssimo e quando substituíram as barcas velhas, haviam opções muito mais inteligentes do que esse tipo de embarcação, fica claro que, ou quem fez essa substituição não entende nada ou rolou muita grana. As barcas novas tem capacidade para 2000 passageiros e tirando as horas de movimento (começo da manhã e final da tarde), ficam zanzando com pouquíssimos passageiros pela Baia, consumindo milhares de litros de óleo diesel e tendo por obrigação uma tripulação enorme. Muito mais inteligentes seria se tivessem adotado embarcações menores, em maior quantidade, onde algumas poderiam ficar atracadas fora da hora do “rush”, movidas a energia elétrica, vários países estão gradativamente substituindo velhas embarcações pelas elétricas, inclusive Veneza.
    Já que o erro foi cometido, poderiam adaptar essas novas barcas para gás natural, a tecnologia existe e é feita por um empresa norte americana, mas certamente existem pessoas que ganham muito dinheiro com o diesel e não vão permitir que se faça isso.
    As linhas propostas pela Firjan são muito boas, excluindo a Barra da Tijuca x Praça XV, mas se não forem feitas com embarcações movidas a energia elétrica, são inviáveis financeiramente.
    Uma linha ligando o terminal Alvorada na Barra da Tijuca a Praça XV é de uma burrice sem fim. Não é qualquer barco que encara aquele tipo de mar, teriam que ser barcos grandes, com custos operacionais altíssimos, ou grandes hovercrafts, com custos operacionais maiores ainda, o que inviabilizaria financeiramente o negócio. A Barra da Tijuca deve ser ligada ao Centro por Metrô, que deveria ir até pelo menos até o terminal Alvorada.
    Para as Lagoas da Barra existe um projeto que prevê 68 embarcações movidas a energia eletro-solar, com capacidade para 100 passageiros em três linhas paradoras e diretas. Os estudos feitos preveem 30 milhões de usuários por ano, esse sistema deveria ter sido implementado para as Olimpíadas 2016, mas como é impossível navegar nas lagoas da Barra por conta do assoreamento o projeto não saiu do papel, apesar de ter sido feita a licitação para a limpeza e dragagem das lagoas, a verba estar liberada pelo Banco do Brasil e pelo Fecam (R$ 763 milhões), o Ministério Público Federal na figura do procurador Sergio Suiama, não permitiu que as obras fossem feitas.
    Infelizmente o retrato é esse, todas as cidades cortadas por água em todos os países decentes do mundo tem transporte aquaviário confiável e eficiente, no Rio temos projetos burros, mafia dos ônibus, governantes ladrões, órgãos ambientais que só atrapalham e Ministério Público para inviabilizar qualquer coisa.

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