Praça Monte Castelo, no Centro do Rio, é tomada por motos em esquema irregular de estacionamento

A Secretaria Especial de Ordem Pública (SEOP) realizou uma operação na área. Sete motocicletas foram autuadas, e uma foi removida por reboque

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Foto: Divulgação

Uma das maiores lutas do Rio de Janeiro é contra os diversos “poderes paralelos” cuja autoridade parece rivalizar com a do Estado. Camelôs clandestinos, traficantes, milícias e gangues invasoras de imóveis são velhos problemas cariocas. Com eles, surgem práticas ilegais como gatonet, a máfia do coco e o aumento do estacionamento irregular, inclusive em espaços públicos. A Praça Monte Castelo, no Centro da cidade, não escapa dessa realidade. O local, de importância histórica, foi tomado por um esquema clandestino que gera transtornos a quem circula pela região.

Localizada entre a Rua Uruguaiana e a Rua dos Andradas, a praça abriga a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos. Hoje, se transformou em um estacionamento irregular de motocicletas. O problema, que já existia, se agravou nos últimos anos, deixando moradores, comerciantes e pedestres diante de um caos urbano sem perspectiva de solução.

Há mais de cinco anos, guardadores controlam a área e impõem uma fileira interminável de motos, bloqueando calçadas e atrapalhando o comércio. Testemunhas relatam que, em algumas ocasiões, homens armados são vistos cuidando dos veículos. Além de prejudicar a mobilidade, a ocupação irregular dificulta qualquer esforço de revitalização da região.

Os portões da praça, antes responsáveis por manter a organização e proteger o espaço à noite, foram depredados ao longo dos anos. A estrutura, que já impediu invasões e garantiu a conservação do patrimônio, está torta, enferrujada e sem manutenção há mais de 15 anos. “Essa praça tem muita história e beleza, mas está completamente abandonada. Precisa de reparos urgentes”, escreveu uma moradora nas redes sociais.

A degradação reflete o descaso das autoridades. O trecho entre a Rua Uruguaiana e a Rua dos Andradas, conhecido como Largo da Sé ou do Rosário, já foi um mercado de ervas medicinais e amuletos, frequentado por africanos. Hoje, motos ocupam o lugar das antigas barracas. Comerciantes denunciam que uma “máfia” controla o estacionamento clandestino, removendo placas de sinalização para facilitar a ocupação ilegal. O resultado é um trânsito desordenado, com veículos parados no meio da rua e dificultando até o acesso à igreja.

Vale ressaltar que a Praça Monte Castelo não é apenas um ponto de passagem. Além de ser um local histórico ligado ao comércio afro-brasileiro, ela também carrega a memória dos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutaram na Itália durante a Segunda Guerra Mundial. O que deveria ser um espaço de memória, respeito e honra se transformou, na prática, em um cenário de “guerra urbana”, marcado pelo abandono do patrimônio público.

A reportagem do DIÁRIO DO RIO flagrou, em diversas ocasiões, motos estacionadas em grande quantidade, atrapalhando a circulação e comprometendo a visibilidade da praça .Diante das queixas de moradores, a Guarda Municipal esteve no local diversas vezes, mas a situação pouco mudou. Nesta terça-feira (04/02), a Secretaria Especial de Ordem Pública (SEOP) realizou uma operação na área. Sete motocicletas foram autuadas, e uma foi removida por reboque. Apesar da ação, o problema persiste e evidencia a fragilidade da fiscalização diante do domínio ilegal do espaço público.

Problema Generalizado

O estacionamento irregular não é exclusividade da Praça Monte Castelo. Outros locais no Centro do Rio também enfrentam o mesmo problema. Em outubro de 2024, o DIÁRIO DO RIO noticiou a “Máfia dos Estacionamentos”, que controla um trecho da avenida em frente ao TJ no Centro. Em um flagrante caso de ocupação ilegal de espaço público, uma área destinada à parada de ônibus que acessam o Terminal Rodoviário foi tomada por um esquema operado por flanelinhas, aparentemente ligados a uma pequena “milícia”, que chega a intimidar lojistas locais. A situação perdurava desde a pandemia.

Em outro exemplo, o DIÁRIO DO RIO denunciou em maio de 2024, a situação no Largo da Misericórdia, onde o acúmulo de carros em um terreno em frente à Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso comprometia a preservação do espaço histórico e da paisagem urbana. Já no Beco do Bragança, um dos logradouros mais históricos da cidade, a ocupação irregular por motocicletas foi resolvida após intervenção da Prefeitura, que removeu os veículos irregulares, após denúncia do jornal.

Os dados mostram um aumento preocupante nas denúncias de estacionamento irregular. A Prefeitura do Rio de Janeiro registrou 64.005 ocorrências entre janeiro e maio de 2024, um aumento de mais de 20% em relação ao ano anterior. As regiões do Centro e do Centro Histórico concentraram 5.350 desses chamados.

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