Primeiro funcionário público do Rio de Janeiro era funcionário fantasma

O português João de Prosse recebeu por quase três anos sem trabalhar

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Parece brincadeira, mas é verdade. A primeira pessoa nomeada para trabalhar na máquina pública do Rio de Janeiro passou anos recebendo sem fazer nada.

O português João de Prosse foi nomeado pelo fundador do Rio de Janeiro, Estácio de Sá, como primeiro empregado da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, logo após o ato de fundação do Rio – que ocorreu em 1 de março de 1565.

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Contudo, a eleição para vereadores do Rio de Janeiro só aconteceu em dezembro de 1567, ou seja, o grandessíssimo João de Prosse recebeu por quase três anos sem trabalhar.

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“Uma curiosidade é que os vereadores, mensalões à parte, eram remunerados com cera, que tinha grande valor e era muito consumida na forma de velas para iluminação em geral e principalmente em dias de festas”, escreveu Adinalzir Pereira Lamego no site Saiba História.

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São Sebastião do Rio de Janeiro, Anônimo, c. 1695 Biblioteca Nacional (Brasil)

Os vereadores tinham pouca produtividade e o povo dizia que eles não trabalhavam, ficavam ali apenas para “fazer cera” (ganhar o pagamento). Daí surgiu a famosa e ainda usada expressão – inclusive com vereadores atuais.

À época, competia aos vereadores taxar os ganhos dos artífices, baixar posturas, determinar a conservação de logradouros, estabelecer jornadas de trabalho e julgar as injúrias verbais e pequenos furtos.

Dependendo do tamanho do município, eram 2, 3 ou até 4 vereadores, além de 2 juízes ordinários, 1 tesoureiro, 1 distribuidor e diversos escrivães e tabeliães.

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Palácio Pedro Ernesto

A atual Câmara Municipal do Rio de Janeiro, como já contamos aqui no Diário do Rio, era no alto do Morro do Castelo. Havia uma cadeia no térreo e os vereadores ficavam no segundo andar. Sugestivo, né?

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14 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns pela matéria e pelo jargão “fazendo cera”.
    Mas alguém sabe informar quando as primeiras escolas foram criadas no Brasil?

  2. À título de esclarecimento:
    Há que se entender a diferença de contexto. No Brasil Colonial, período a que se refere o texto, as instituições tinham função muito mais de controle do que de prestar serviços públicos, uma vez que deviam servir aos interesses da Coroa Portuguesa. Nesse contexto, pessoas eram pagas única e exclusivamente para servirem de “olhos e ouvidos do rei”.
    Outro ponto que merece uma observação é que os edifícios que abrigavam as câmaras eram justamente chamados de casas de câmara e cadeia, pois se caracterizavam pela junção dessas duas funções, a cadeia geralmente funcionando no pavimento térreo, e a câmara no pavimento superior. Esse tipo de edifício, funcionando dessa forma, foi realizado pela coroa portuguesa em toda a colônia, como instituição de controle, surgindo nos lugares na medida em que esses se mostravam economicamente interessantes (de acordo com cada ciclo econômico), ou naqueles que necessitavam de uma fiscalização portuguesa mais intensa por conta de “invasões” de outros povos europeus, como foi o caso do Rio de Janeiro, com a expulsão dos franceses.

  3. O primeiro funcionário público do Brasil e do Estado foi o feitor da Feitoria de Cabo Frio em 1511 João de Braga, substituiu Duarte Fernandes quando esse zarpou com Cristóvão Pires após 10 meses aportados. Foi deixado com a guarda de dois desterrados por roubo. ( fonte: Livro da viagem eb regimento da nau Bretoa)

  4. Texto interessante. Todo conhecimento deve ser agregador.
    Sugiro, para o futuro, um texto informando a diferença entre político e servidor público.
    Parabéns!!!

  5. Interessante artigo, perfeito, Felipe Lucena!
    Sugiro buscar outras histórias no funcionalismo público para contar. Das pensões.
    A pensão que durou mais tempo passou de 100 anos… Era paga até recentemente. É aquele caso de filha solteira…

  6. “Dependendo do tamanho do município, eram 2, 3 ou até 4 vereadores, além de 2 juízes ordinários, 1 tesoureiro, 1 distribuidor e diversos escrivães e tabeliães.”

    Caramba! Se a máquina pública ainda fosse deste tamanho, o Rio de Janeiro seria outro. Muito mais leve. Tempo bom, não volta mais…

    • Com certeza que temos excesso de cargos de algumas ocupações, entre elas Vereadores…
      Mas é um equívoco acreditar que a máquina pública – toda – devesse ser menor e que resultaria em qualidade.
      Em termos de proporção, o Brasil tem menos funcionários públicos por população do que muitos países.
      O problema do Brasil é que gasta mal com funcionalismo, com altas remunerações num extremo para determinados cargos, como ainda concedendo cumulação de cargos e benefícios. Isso na ALERJ, no Judiciário, na Procuradoria, na PM…

    • O Estado é empregador em qualquer país do mundo. Pois precisa prestar serviço.
      No país com 14,4 milhões de desempregados, o Estado empregador tem especial importância.
      Do contrário, mais gente desempregada.

      Se serviços públicos não faltam (necessidade de educação, saúde, segurança, limpeza e manutenção das áreas públicas) e se o Estado gasta mal com funcionalismo, então que mude essa realidade com Reforma Administrativa.
      Que reveja os salários exorbitantes fora da realidade pagos pelo Legislativo, Executivo e Judiciário, e ainda pior, pensões altíssimas vitalícias para beneficiários que não precisam fazer esforço algum.

  7. Isso não é ser funcionário fantasma e sim apenas um funcionário com função que pouco agregava no início da construção da cidade.
    Funcionário fantasma é outra coisa

  8. Kkkkk interessante!!!
    Muito interessante tbm a explicação da expressão “fazendo cera”!!!!Salário,sei que se origina do sal( valioso na Roma antiga).
    Qual seria a população daqui na época?
    Aposto q esse João ainda trabalhava mais q os vereadores atuais….não servem pra nada,a não ser sugerir nomes de rua!!
    Carguinho q deveria ser extinto!!!

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