Paralelamente ao Dia Nacional da Consciência Negra, que acontece nesta sexta-feira, 20 de novembro, o Projeto Negro Muro, que eterniza rostos de personalidades negras das mais variadas áreas de atuação em paredes do Rio de Janeiro, segue a todo vapor. Desde 2018, quando a ideia foi criada, 10 obras já foram realizadas na capital fluminense.
A última delas foi em um muro na Glória, Zona Sul da cidade, homenageando o maestro pernambucano Moacir Santos. Vale ressaltar que, enquanto o desenho do músico – conhecido até internacionalmente – era feito, pessoas que passavam pela rua paravam para observar o trabalho do artista urbano Cazé, que o fazia.
”A luta contra o racismo, pela valorização da negritude, é uma luta eterna. A arte pode fazer com que a gente se espelhe, se inspire para o nosso dia a dia”. O Moacir Santos, especificamente falando, maestro, um grande baobá da nossa música, foi morador aqui do bairro”, disse Pedro Rajão, criador do projeto.
”Aí você vem explicando o projeto, como funciona, tenta instruir aquela pessoa que desconhece este universo, a importância do Moacir. Então, o nosso papel acaba sendo como arte educador”, explicou Cazé.
Já na Rua dos Inválidos, na Lapa, destaca-se a imagem de 4 metros de altura de Cartola, ícone do samba carioca, pintada em abril do ano passado.
”Cartola foi um dos principais compositores não só da Mangueira, mais da nossa música popular brasileira”, exaltou Pedro.
Também na Lapa, desta vez na Rua André Cavalcanti, homenageia-se também a ex-vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 março de 2018. O desenho, de 3 metros, foi feito no dia seguinte à sua morte.
”Ela está olhando para cima. A gente conseguiu trazer uma memória dela muito mais imponente, viva, com um olhar mágico. A pintura, pra mim, é de arrepiar”, afirmou Cazé.
Ainda no bairro mais boêmio do Rio, a Mãe Beata de Iemanjá ganhou uma pintura de 5 metros na Rua do Riachuelo.
”Uma grande babalorixá que viveu em Nova Iguaçu. Já nos deixou. mas deixou um grande ensinamento sobre a cultura iorubá, sobre o povo de candomblé, sobre ancestralidade, e é uma referência para todos os afrodescendentes do Rio de Janeiro e do país. Ela combateu o racismo, o sexismo, a fome e é uma senhora que é uma entidade”, disse o professor Edson Ferreira Soares.