“Eu quero, eu posso, eu consigo!”. Com essas falas os acolhidos da unidade de reinserção social Haroldo Costa, na Taquara, marcaram a celebração do 19/8, Dia Nacional de Luta pela População em Situação de Rua. A data foi lembrada pela Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio com uma série de atividades lúdicas e motivacionais em vários pontos da cidade, e o lançamento do projeto “Volta por cima”, em que pessoas que já passaram por situação de vulnerabilidade contam suas experiências para acolhidos, a fim de incentivar a recuperação de suas potencialidades.
A Assistência Social chega a agosto, mês da luta pela dignidade da população em situação de rua, somando 624.847 atendimentos às populações vulneráveis, entre 1º de janeiro e 17 de agosto. Foram 553.183 atendimentos nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), que promovem a garantia de direitos como a inscrição no CadÚnico (cadastro de programas sociais do governo federal), e 71.664 voltados para a população em situação de rua, com a realização de 6.029 acolhimentos em unidades de reinserção social.
“O Haroldo Costa é um espaço para população em situação de rua, mas vocês só vão deixar essa condição quando entenderem como é importante que vocês se superem. O exemplo disso são esses quatro aqui que vão, a partir de agora, passar em todos os nossos espaços, todos os nossos abrigos, para incentivar aqueles que, hoje, vivem histórias que eles viveram, a transformar suas vidas. Ninguém deve morar na rua, dormir em calçadas, comer no chão, isso é completamente indigno. A Assistência Social tem que apoiar esses caminhos de mudança”, afirmou a secretária, Laura Carneiro.
“Passar por essa vulnerabilidade faz a gente perder a honra, a dignidade e o respeito. Mas um olhar verdadeiro a nosso favor pode levar a uma grande mudança de vida, e as portas começam a se abrir”, conta o ex-morador em situação de rua Nelson Rosa, 50 anos, acolhido de uma cracolândia pela equipe da Assistência e hoje funcionário do Centro Pop José Saramago, onde ajuda a receber e atender usuários de drogas, como ele já foi um dia. “O que eu peço é que todos possamos dar a volta por cima. Vou dar todo o meu sangue para ajudar vocês”, disse, aos acolhidos do espaço Haroldo Costa.
Também integram o projeto Léo Motta, assessor da Coordenação Técnica de Programas para a População de Rua que também já esteve na mesma situação de Nelson; Valéria Elias, assistente social do Abrigo de Paciência que começou a vida como faxineira, e Eliana Venceslau, pedagoga da rede da Assistência que já dependeu do Bolsa Família para criar os dois filhos. No Haroldo Costa, além de contarem suas histórias e trocarem experiências de vida, eles participaram de várias atividades motivacionais.
Ao longo do dia equipes das 10 Coordenadorias de Assistência Social da cidade estiveram nas praças e locais de circulação para oferecer serviços socioassistenciais e conscientizar sobre o trabalho realizado com a população vulnerável. Houve de corte de cabelo a orientação jurídica, com apresentação de capoeira e conjuntos musicais e contação de histórias.
Na Praça Serzedelo Correa, em Copacabana, o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) Maria Lina realizou uma pesquisa com a população em situação de rua em que perguntava qual era o direito é considerado o mais importante. Os mais votados, até agora, são direito ao trabalho, à assistência social e à cidade e moradia, nessa ordem. A pesquisa teve início na segunda-feira e vai até o final da semana.
Na Praça Mauá, o Creas Simone de Beauvoir, o Centro Pop Bárbara Calazans e parceiros como a Fundação São Martinho e o Circo Crescer e Viver promoveram contação de histórias com a presença do ator Hélio de la Peña e de Léo Motta, e apresentações do projeto de capoeira Casa de Bamba, de Mestre Jagunço, e de artes circenses, hip hop, além de varal solidário e distribuição de kit higiene.