Pela primeira vez na série histórica, iniciada em 2014, a Baía de Guanabara registrou, índices ‘ruim’ ou ‘péssimo’, nos 21 pontos de monitoramento de qualidade das águas, nas análises feitas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), em 2021.
Todos os pontos analisados pioraram ou permaneceram com a mesma avaliação negativa de 2019, ano do último boletim do Inea, que interrompeu as suas atividades em razão da pandemia. Ao todo, foram 13 pontos classificados como péssimos e oito como ruins. Nenhum registrou nota ‘regular’, ‘boa’ ou ‘ótima’.
Em entrevista ao jornal o Globo, o biólogo Mário Moscatelli afirmou que a Cadae sempre priorizou a distribuição de água e não o saneamento. A queda na balneabilidade da água é resultado direto desse descaso, segundo ele.
“A Cedae nunca primou pela eficiência no saneamento básico, mas sim pela distribuição de água. Esses resultados ruins da qualidade da água da Baía podem ser um reflexo de anos de descaso e serviços mal executados. Ao mesmo tempo, a periodicidade não respeitada no monitoramento compromete a qualidade dos dados: além da descontinuidade (por um ano), as análises devem ser feitas na mesma época do ano e nas mesmas condições ambientais, por exemplo”, disse Moscatelli ao veículo.
De acordo com levantamento do Inea, a classificação da água próxima ao Aeroporto Santos Dumont caiu de regular, em 2019, para ruim, em 2021; nas proximidades do Morro Cara de Cão, na Urca, a qualidade caiu de ruim para péssimo; já, a água próxima aos bairros do Flamengo e de Botafogo sofreu uma degradação ainda maior, saindo de regular para péssimo.
Niterói, na região Metropolitana do Estado, também não está confortável quanto à qualidade da sua água, segundo o Inea. As águas perto das praias de Icaraí e de Jurujuba, que apresentavam um condição regular de balneabilidade, agora, são classificadas como ‘péssima’ e ‘ruim’, respectivamente. A água da região da Fortaleza Santa Cruz retrocederam duas notas: de regular para péssimo.
Até mesmo em mar aberto a situação se degradou. O ponto de coleta, na área externa da Baía de Guanabara, recebeu classificação ruim pela primeira vez. O trecho só havia recebido as notas ‘regular’ e ‘boa’ ao longo de toda a série histórica.
Os seis pontos próximos da Baixada Fluminense analisados pelo Inea, apresentam classificação negativa, assim como em 2019. Quatro pontos foram avaliados como ‘péssimo’ e dois como ‘ruim’. Em Ramos, na Ilha do Fundão e na subida da Ponte Rio-Niterói, na capital, as 4 análises coletadas receberam a pior nota mais uma vez. Ao passo, que as estações perto do bairro da Ribeira (Ilha do Governador) e da Ilha de Paquetá foram mais uma vez classificadas como ‘ruins’. Pela segunda vez seguida, o trecho da Baía mais próximo de São Gonçalo, também registrou uma avaliação ‘ruim’.
Segundo O Globo, a Cadae esclareceu por meio de nota que, desde a concessão dos serviços de saneamento em 2021, o esgotamento sanitário nas cidades do entorno da Baía de Guanabara não é mais responsabilidade sua. O Inea, por sua vez, destacou que ‘‘alguns fatores como período do ano, maior ou menor incidência de chuvas, além de ondulações, vento e amplitude das marés e presença de matéria orgânica podem influenciar na qualidade da água’’. Ainda segundo o Inea, apesar de o saneamento e esgoto não serem atribuições suas, a instituição investe em ações de ampliação da coleta de esgoto nas cidades ao redor da Baía, através do Programa de Saneamento Ambiental.
A concessionária Águas do Rio destacou que realiza ações para a despoluição da Baía, como a limpeza do interceptor oceânico, túnel que coleta o esgoto da Zona Sul e o leva para o Emissário Submarino de Ipanema. A Águas do Rio ressaltou ainda que desviou o rio Carioca ao interceptor, evitando que o esgoto despejado irregularmente no corpo hídrico chegasse à Baía de Guanabara. A concessionária destacou também que investirá R$ 2,7 bilhões na construção de um cinturão de proteção no entorno da Baía, nos próximos 5 anos.
Realizada em 7 datas diferentes ao longo do ano, a análise do Inea verifica os seguintes indicadores: oxigênio dissolvido, nitrogênio nitrito, nitrogênio amoniacal total, coliformes termotolerantes, fósforo total, nitrogênio nitrato, potencial hidrogeniônico, e fitoplâncton.
As informações são do jornal O Globo.
Você, leitor, nos tempos da tenebrosa CEDAE, nunca ouviu falar destes testes. Bastou virar empresa privada que agora aparecerão testes recorrentes pra culpar a nova concessionária que acabou de começar e já deve ter feito quase o mesmo que a CEDAE durante 50 anos de existência. Muita gente tem medo das privatizações, muita gente perdeu sinecuras e molezinhas… Servidor público em geral gosta de grandes estatais, porque isso aumenta-lhes o poder como classe. Olho vivo, nem tudo é o que parece.