A vibrante vida social do Rio de Janeiro durante a era de ouro dos cassinos, entre as décadas de 1930 e 1940, encontrou em Joaquim Rolla uma figura central. Para os entusiastas de jogos de azar de hoje, acostumados à conveniência de plataformas online como a Gamdom, pode ser fascinante recordar uma época em que a emoção se concentrava em estabelecimentos físicos como os cassinos cariocas.
Foi na então capital federal que o mineiro de São Tomé, nascido em 1899, ascendeu de tropeiro e empreiteiro a magnata do entretenimento, deixando sua marca na história da cidade. O Rio, com sua atmosfera efervescência, serviu de palco para a audácia de Rolla, que transformou modestos estabelecimentos em centros de atração internacional, impulsionando o show business e a vida noturna carioca.
Para uma sociedade ávida por novidades e entretenimento sofisticado, jogos como roleta, pôquer e craps representavam uma porta de entrada para o universo do cassino acessível apenas no cinema. Hoje, jogos como o bitcoin dice games estão a um clique de distância.
A trajetória de Rolla no Rio de Janeiro começou com a aquisição do então pouco expressivo Cassino da Urca em 1933. Com perspicácia, ele não apenas assumiu o controle total do negócio no ano seguinte, mas o revolucionou, elevando-o a um patamar superior ao do renomado Cassino Atlântico.
Sob sua gestão, o Cassino da Urca se tornou um epicentro de glamour, atraindo a elite carioca e personalidades internacionais do calibre de Bing Crosby, Orson Welles e Josephine Baker, muitas vezes trazidas pela política da Boa Vizinhança entre Brasil e Estados Unidos.
Palco também de grandes nomes da música brasileira, como Carmen Miranda, foi no Cassino da Urca que a artista chamou a atenção de empresários americanos, catapultando sua carreira internacional.

As performances vibrantes de Carmem Miranda no famoso “Grill Room” transformaram-se em um dos principais espetáculos culturais do Rio de Janeiro
Contratada como artista exclusiva pelo visionário rei da roleta Joaquim Rolla, Carmem, que já desfrutava de reconhecimento nacional, encontrou no prestigiado palco do Cassino da Urca a vitrine que a catapultaria para o estrelato mundial. A frequência da elite carioca e de personalidades internacionais no local proporcionou à cantora uma exposição sem precedentes, solidificando seu nome e pavimentando o caminho para sua futura conquista do público americano.
De vaqueiro em Minas a magnata do Rio

A família Rolla em São Tomé, março de 1900. Joaquim é o bebê que olha para cima, à esquerda na foto
Antes de brilhar nos salões cariocas, Joaquim Rolla trilhou um caminho diverso em Minas Gerais, onde nasceu e cresceu. Exerceu diversas atividades, de vaqueiro a construtor de estradas, demonstrando desde cedo seu espírito empreendedor.
Sua chegada ao Rio de Janeiro, após passagens por Belo Horizonte e envolvimento em eventos políticos como a Revolução de 1930 e a Revolução Constitucionalista de 1932, marcou uma nova fase em sua vida. No Rio, sua visão para o potencial dos cassinos se concretizou, transformando o Cassino da Urca no primeiro de uma série de empreendimentos bem-sucedidos.
A influência de Joaquim Rolla não se limitou ao Cassino da Urca. Ele expandiu seus negócios, fundando outros importantes cassinos no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, como o Hotel Cassino Icaraí, o Cassino da Pampulha e o grandioso Hotel Quitandinha em Petrópolis, sua obra-prima inaugurada em 1944.
Seus estabelecimentos se tornaram palcos de memoráveis apresentações artísticas e ponto de encontro da alta sociedade e de figuras políticas importantes do Estado Novo, como Getúlio Vargas e Assis Chateaubriand. Rolla demonstrou ser um negociador hábil e um visionário, capaz de transformar o cenário do entretenimento no Brasil.
A era de ouro dos cassinos no Brasil chegou ao fim em 1946, com a proibição dos jogos de azar pelo presidente Eurico Gaspar Dutra. Mesmo com o fechamento de seus cassinos, Joaquim Rolla demonstrou sua resiliência, dedicando-se a importantes construções como o Edifício JK em Belo Horizonte e o Pavilhão de São Cristóvão no Rio de Janeiro.
Sua morte, em 1972, no Rio de Janeiro, encerrou a trajetória de um homem que se tornou uma lenda, um “rei da roleta” que deixou um legado marcante na história social e cultural do Brasil, especialmente no vibrante cenário carioca dos anos dourados. A sua história, resgatada no livro “O rei da roleta — A incrível vida de Joaquim Rolla”, continua a fascinar e a ilustrar uma época de glamour e transformações no país.