Quintino: Crescimento do número de camelôs não é por causa do lockdown

Não, o culpado da desordem urbana no Rio de Janeiro não foi o lockdown pelo Covid-19, o número vinha crescendo desde 2017 e chegou ao ápice no trimestre pré-pandemia

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No artigo em que falo sobre a desordem urbana no Centro do Rio, alguns insistem que haveria uma correlação entre lockdown, o desemprego gerado e o aumento no número de ambulantes. Óbvio que o lockdown gerou desemprego, alguns foram jogados para a informalidade; ele foi uma medida extrema, mas que a maioria dos cientistas considerou necessária.

Vale lembrar que no momento do surgimento do Covid-19 tinha gente que negava a existência do vírus, depois negavam a força dele, duvidavam da letalidade e, finalmente, da eficácia da vacina; mas defendiam que a Cloroquina funcionaria. Foram momentos difíceis para todos, e com muitas fake news. É, como diz o filme da Netflix, “Não olhe para o alto“.

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Pois bem, falácias de lado e vamos aos dados oficiais. Observe os dados acima, que fazem parte do Observatório Econômico do Rio. Desde o início de 2017 há um crescimento grande e constante da informalidade; isso ocorreu exatamente quando começou o lastimável governo do ex-prefeito Marcelo Crivella, e atingiu um pico no 4º Trimestre de 2019. A partir daí, a informalidade começa uma trajetória se queda. Mas teria sido porque Crivella começou a cuidar das pessoas? Negativo. Foi o lockdown que fez com que grande parte das pessoas ficassem em casa, simplesmente isso.

Com os casos de Covid-19 diminuindo, o gráfico volta a crescer, já durante a gestão de Eduardo Paes. No 3º trimestre de 2021 tivemos apenas 100 mil trabalhadores informais a menos que no pior momento de Crivella, e a situação não parece ter mudado nada de setembro para cá.

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Os problemas causados pela pancada na economia que foi consequência do lockdown foram muitos, mas o fato não pode ser usado como desculpa pelos camelôs que atuam na ilegalidade e nem pelos seus defensores (e da desordem). Como mostrou a reportagem, alguns deles contam com automóveis que custam na casa das dezenas de milhares de Reais, sendo usadas para vender pastel na rua Buenos Aires. Repetir esse mantra mentiroso é fugir do verdadeiro problema: eles não deveriam estar na informalidade e na ilegalidase, causam problemas graves para a economia da cidade, fazem concorrência desleal com o comércio regular (que gera empregos e paga impostos) e trazem desordem urbana, sujeira e caos para a Cidade. Também é verdade que, em muitos casos, estes trabalhadores informais pagam às milícias para ocuparem os pontos, cujos aluguéis (do espaço público!) ajudam a sustentar o poder paralelo e o crime organizado.

Isso sem contar com venda quase que constante de produtos falsificados, contrabandeados e roubados, cometendo crimes nas barbas das nossas inoperantes autoridades. Sinto falta do rapa, sim. E todos que defendem uma cidade organizada, digna e legal, deveriam sentir o mesmo.

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4 COMENTÁRIOS

  1. Maravilhoso o ponto que toca nessa falácia desonesta e cretina de que a única culpa dos nossos problemas são as medidas anti-covid que visavam apenas minimizar os danos e preparar a mais rápida abertura.
    Quanto ao Rio devemos nos lembrar da crise estadual que teve uma onda aguda dessa época pra cá e que é crônica pela perversa combinação de dois fatores: Brasília e tudo o que foi furtado da nossa nobre capital… e a desindustrialização do Estado… O Rio com sua população mestiça e parda representativa do povo brasileiro foi alvo de um desmonte perverso de décadas a começar pelo cretino do Jucelino…

  2. Deve ter carro importado quem trabalha como ambulante no trem ou nos engarrafamentos vendendo água, ou nas barraquinhas que quase são levadas pelo vento espalhadas por vários pontos da cidade… alguém deve ter visto em algum momento o ambulante saindo do trem e pegando sua BMW estacionada e indo para seu apartamento de frente para o mar … que viagem! O problema disso é Estado! Com mais de 30 anos e sem escolaridade, você não consegue um emprego no Rio! Pq tanto imposto?!? Me aponta uma empresa publica estadual ou municipal que funciona perfeitamente? É uma piada de mal gosto que a solução é mais intervenção do estado que criou o problema para solucionar kkkkkkkk… baixa os impostos, torna o Rio atrativo para investidores… agora, custo de vida alto, sem emprego e vamos viver de praia e Carnaval?!? Vai piorar cada vez mais! É o planejamento central demonstrando toda sua ineficiência, negligência, corrupção, provando que quanto menos estado, intervenção, melhor é… pq é menos sangue suga que não produz, tomando de quem produz com a desculpa de redistribuição que não acontece, nunca aconteceu e nunca acontecerá (a não ser para o bolso dos corruptos)!!

  3. Com certeza o aumento de informais não vem por conta da pandemia (lockdown foi uma parte do martírio da doença). Feliz a observação da informalidade estruturada, com furgões caros, araras de roupa pela rua e modelos de carros caros como bens geradores de capital. Mas falta aos administradores (governo/privados) de ontem e atuais uma visão com viés de solução. O Rio a cada década que passa gera menos dinheiro que gerava na anterior e, com menos capital investido, o resultado é pobre se arrebentando pra botar um no bolso e rico levando sua grana para investir em SP ou outros estados. O conceito turismo-sol-gente bonita-cartão postal nunca alavancou toda a cidade, mas é lindo. Revitalizações de curso ou eventos específicos também não. Na pratica, sempre agrega pouco valor, ganhos para poucos e no final fica tudo largado. O Rio precisa mesmo é de projetos estruturais para a cidade que façam com que as pessoas andem nas ruas não para tomar caldo de cana, comprar uma quentinha ou capa de celular. Mas sim andar de cabeça erguida, obtendo renda, consumindo mais e melhor, sendo mais felizes, amando sua cidade. É pedir muito?

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