Quintino: Erro político de Paes – muitos candidatos para poucos eleitores

O PSD deve ter 9 secretários de Eduardo Paes como candidatos em 2022, além de outros nomes ligados ao prefeito. Isso pode ser um tiro no pé

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Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio

O prefeito do Rio Eduardo Paes (PSD) está tentando eleger uma enorme bancada na Câmara de Deputados e na Alerj, e realmente tem de mirar lá. Paes se tornou de fato uma das principais lideranças políticas do Rio de Janeiro, especialmente com o ocaso da família Maia.

Nesse front, até agora sequer se sabe se Rodrigo Maia vai ser candidato, ou se assume seu próprio candidato a deputado estadual. Enquanto essa demora inexplicável se prolonga, a pré-campanha sequer pode ser iniciada. Além disso, alguns do grupo preferem apoiar Claudio Caiado, irmão do presidente da Câmara, Carlo Caiado, no lugar de alguém do seio do próprio grupo. Bem, erros primários.

Mas outro a cometer erros primários tem sido nosso prefeito Eduardo Paes, que decidiu ter vários – mas são muitos mesmo! – nomes como candidatos a deputado federal e estadual. Dos atuais 25 secretários (eita número inchado), 9 deles devem sair candidatos; isso, até o momento. São candidatos do grupo primário do alcaide:

  • Pedro Paulo – Fazenda
  • Marcelo Calero – Governo
  • Renan Ferreirinha – Educação
  • Chicão Bulhões – Desenvolvimento Econômico
  • Eduardo Cavaliere – Meio Ambiente
  • Guilherme Schleder – Esportes
  • Laura Carneiro – Assistência Social
  • Aquiles Barro – Integração Metropolitana
  • Bruno Kazuhiro – Turismo

Se os leitores me permitem um pouco de sinceridade, deste grupo só têm luz própria no momento os já veteranos Pedro Paulo e Laura Carneiro. Renan foi eleito na época do Renova, Chicão pelo Novo, e Calero no Cidadania, mas quase não entrou. Os outros ou são inexperientes, ou deles o médio seguidor da política municipal nunca tinha ouvido falar, antes de Paes assumir o mandato.

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Não vamos discutir se estão fazendo um bom mandato; em qualquer roda de conversa sobram elogios a Chicão ou a Pedro Paulo. Mas devemos pensar no eleitorado, e o de Paes praticamente se resume à capital. Ele pode estar tentando até aumentar seus tentáculos e capilaridade para outras regiões, mas é difícil competir com o poderio dos políticos que detêm o governo do Estado e o da União.

E algumas regiões do Rio, por maior que seja o impacto do uso da máquina, têm seus candidatos de sempre: na Zona Oeste e Norte, principalmente, tem bairro que tem “dono”. E no caso do eleitorado de opinião, a esquerda tende a tomar conta entre os progressistas, e o Podemos e PL devem predominar entre os Lava Jatistas e os Bolsonaristas. Ou seja, menos votos ainda sobram pra ser conquistados.

Não podemos esquecer que Paes é um homem inteligente e resoluto, mas cometeu erros políticos recentes que lhe custaram caro. Em 2016 lançou Pedro Paulo candidato a prefeito, mesmo sendo óbvio que ele não venceria, numa eleição em que vários ex-secretários seus se engalfinhavam pelos mesmos votos, o que terminou por eleger Crivella. Em 2018, perdeu contra Witzel em uma eleição que a maioria dava como ganha, talvez por não enxergar a onda conservadora, e por não enxergar a internet como um fator tão forte e relevante de influência eleitoral, hipervalorizando sempre (o que restou da) mídia impressa e a TV aberta. Tempos mudaram. O povo se informa também de outras formas. Balanço Geral e RJ TV ajudam, mas não determinam.

E mesmo em 2020 ele foi eleito prefeito, mas apenas no 2º turno e em uma eleição mais complicada do que todos nós imaginávamos. A verdade é que qualquer um venceria Marcelo Crivella, tal era sua impopularidade. Agora, em 2022, mesmo tendo sucedido o pior prefeito do Rio em toda sua história, a popularidade de Paes não se mostra em patamares sensacionais, como ressalta a pesquisa feita pelo Instituto Rio21.

Com tudo isso, é de se estranhar que Eduardo Paes queira lançar tantos candidatos de seu grupo político, causando grande divisão de votos. A consequência disso além da própria dificuldade em eleger os aliados, é divisão do seu governo em feudos. Existe, assim, um risco de que Paes saia menor em 2022.

Alguns vão argumentar que estes que citei seriam candidatos muito diferentes, de plataformas diferentes, da direita à esquerda. Pode ser. Mas estão todos no mesmo governo e se associando ao mesmo grande líder para disputar a eleição.

Bem, posso estar errado, o governo dele pode começar a melhorar exponencialmente em poucos meses e ele eleger todos, virar o maior líder político do Rio e eu ser obrigado a comer meu chapéu. Uso panamá, e se for pro bem do Rio, como com farofa.

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12 COMENTÁRIOS

  1. Nunca vi tanta manipulação política nos órgãos públicos. Na atual gestão as empresas, tipo: Rio Luz (atual samart luz), Comlurb abrigaram uma infinita indicação política, tanto que essas empresas não tem mais autonomia para atenderem o povo. Estão trabalhando em função de pedidos políticos. Smart luz colocando luz de led em várias vilas, mas não na rua. Isso está uma vergonha e o erro do gestor é achar que a população não está vendo, no final só perde votos, pq é a velha política que o povo não quer mais.

  2. Sem questionar a análise, Paes já perdeu importância em qualquer cenário político, principalmente o municipal. Estado e Federal, sem chance. O “voo de galinha” de 2016 durou tanto quanto a Olimpíada, mas acharam que poderia voar até Brasília. Hoje, ele só vai andar de ônibus (normal ou BRT), para quebrar lá adiante ou de VLT, para levá-lo a lugar nenhum. Quanto ao time de secretários, é muito ingrediente e pouca qualidade. É como uma barca de sushi mal preparada: Cara demais, muito arroz na massa e para descer, só com muito molho e tempero.

  3. Sou a favor da renovação dos politicos. Eduardo Paes fará pouco pelo carioca, já que demonstrou em gestões anteriores, muitas promessas e poucas realizações de fato. O Tribunal de Contas da Prefeitura tem que ficar de olho nele!!!!

  4. Realmente a eleição de atua prefeito, foi a incopetência do ex e campanha de grupos não conteplados pela cofre da vúva do município do Rio. Pode-se até fazer uma comparação com o governo federal de agora. Esse pelo menos está sendo bem assessorado por ministros que estão mais preocupados com resultados do que eleições, alguns. Mas a campanha maciça dos grupos não contemplados pelos cofres da viúva União, não descansam. Voltando ao município do Rio, é a sindrome do Elefante Branco: fazer grandes obras, para serem apenas vistas. Saúde, continua a mesma coisa, hospitais municipais vivendo no gota-a-gota de dinheiro. Salários de terceirizados atrasados, falta de insumos, até papel sanitário nos centros de assistências. Bairros periféricos abandonados, sem sinais de trânsitos, limpeza regular das vias, praças, etc. Transporte público, desde o primeiro mandato aguardando 100% da frota de ar-condicionado, e agora várias linhas deixaram de existir. Ensino fundamental, bem, 8 anos e agora mais 2…basta ver nossas crianças como estão bem avaliadas. Enquanto isso, carnaval garantido na Sapucaí, sabe às custas de quanto, os bairros nobres estão bem, afinal temos que garantir que tem mais para dar. Os subprefeitos, secretários fazem bico na administração municipal, pois estão de olho nas eleições majoritárias. Enfim, a vida continua bem e obrigado na Cidade Maravilhosa.

  5. Todo mundo sabe que A Globo, empresários da Liesa, Linha Amarela, entre outros, lutaram junto com Paes para tirar Crivella. Crivella pode não ter tudo experiência em algumas áreas, afinal foi a primeira vez que assumiu a prefeitura. Mas é inegável que fez um ótimo trabalho, mesmo sem receita em caixa. Lamento a eleição de Paes, um sujeito que já se mostrou um péssimo gestor em anos passados.

  6. Eduardo Paes tem que agradecer ao fiasco de Crivella, que aliás o texto cita bem, de quem qualquer um ganhava. Outro agradecimento tem que ser feito aos que idealizaram a candidatura de Witzel. Esses fizeram o prefeito ressurgir das ruinas, que, como o texto mostra, não foram suficientes para renovar o entendimento do prefeito. A barba deve ser colocada de molho.

  7. De onde menos se espera, daí que não sairá nada mesmo. Você sobrevaloriza este cara. Sem dinheiro, a capacidade de administração desaparece. Como a imprensa é amiga de Eduardo Paes, essa incapacidade fica relativizada – enquanto fora escancarada em toda imprensa no tempo do Crivella.

    Enfim, juntando isso à gestão da pandemia e à tara do inútil e autoritário passaporte vacinal, nunca mais terá meu voto.

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