Quintino Gomes: Record, uma emissora a serviço de Crivella

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Foto: Léo Correa/AP

É lugar comum criticarem a Rede Globo, dizendo que faz política e que trabalha em prol de seus próprios interesses. Todos que estão no poder tendem a fazer isso, foi assim com os governos Lula, Dilma, Bolsonaro. No Rio de Janeiro Cesar Maia vivia reclamando e o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) não mudou o discurso, chegando a pontos de histeria, como nessa cena:

Devemos concordar que, realmente, a Globo dá suas exageradas. No RJ TV, quando fala sobre a abertura dos salões de beleza em shoppings, um dos apresentadores reclamou de Crivella dizendo que deveria abrir os de rua, e que é absurdo a Prefeitura não ter fiscal para controlar o número de pessoas que usam o serviço. Há diferenças enormes, entre fiscalizar um shopping e toda a cidade, mas estou me perdendo no assunto.

O que muita gente não enxerga, ou evita criticar, até pela falta de audiência, é a forma que o jornalismo local da Record funciona no Rio de Janeiro. É praticamente a serviço do prefeito Crivella, quase que diariamente são matérias favoráveis ao sobrinho de Edir Macedo, dono da emissora. Até aí nada demais, não poderíamos esperar menos.

Só que agora decidiram usar para atacar frequentemente os adversários de Crivella. É o caso de Wilson Witzel (PSC), mas esse está em seu inferno astral mesmo, cheio de denúncias e problemas em seu entorno. Mas também do ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), principal adversário de Crivella nas eleições de 2020.

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Apenas no mês de junho foram 9 matérias negativas sobre Paes, a grande maioria requentada. É o caso da publicada na última segunda-feira, 22, em que ele teria recebido propina em contas do exterior. O que seria um escândalo, se a notícia não tivesse 4 anos. No último dia 16, fala de ação do Ministério Público que pede devolução de cerca de R$ 10,5 milhões em fraudes do Centro de Operações do Rio. Só que… isso é de maio de 2019. Mais de um ano se passou do fato.

No dia anterior, em 15 de junho, força a barra para dizer que a enrolada Iabas não tinha dinheiro após contratos milionários da época que Eduardo Paes foi prefeito. Pois a empresa teria pedido gratuidade de justiça, é uma senhora ginástica narrativa da Record para chegar a essa manchete.

Já em 11 de junho, finalmente, uma matéria nova. É de quando Bretas condenou Alexandre Pinto, ex-secretário de obras na gestão de Paes, a 7 anos de prisão. E, realmente, o ex-prefeito deve muitas explicações sobre como teve um secretário tungando por tanto tempo os cofres do erário e ele não percebeu.

Em 10 de junho, a Record TV aproveita para atacar 2 inimigos de Crivella, Paes e a Linha Amarela. A análise, por parte do STJ de um pedido da Prefeitura do Rio para suspender o contrato com concessionária Lamsa, enquanto as investigações de um suposto esquema de pagamento de propina para estender a concessão da Linha Amarela por mais 15 anos à empresa Lamsa. O que é muito esquisito mas, em tempo, o STJ negou a liminar.

Um dia antes, 9 de junho, uma matéria fresca e cheia de razões, o desabafo que o filho de Sérgio Cabral, Marco Antônio Cabral, fez nas redes após Eduardo Paes ter dito na Veja que não tinha relações com o então governador e que nunca teria ido a infame casa de Mangaratiba. Marco Antônio disse “Eduardo foi várias vezes, não só na primeira casa, no condomínio Porto Belo, como na segunda casa. De carro, helicóptero, sozinho, com a família

Um dia antes, 9/6, uma matéria fresca e cheia de razões, o desabafo que o filho de Sérgio Cabral, Marco Antônio Cabral, fez nas redes após Eduardo Paes ter dito na Veja que não tinha relações com o então governador. e que nunca teria ido a infame casa de Mangaratiba. Marco Antônio disse “Eduardo foi várias vezes, não só na primeira casa, no condomínio Porto Belo, como na segunda casa. De carro, helicóptero, sozinho, com a família

Para variar, em 8 de junho, a mesmo Record TV usa quase 3 minutos para falar de supostas fraudes na Rio 2016, mais especificamente no Complexo Esportivo de Deodoro. A ação impetrada pelo MPF é de março deste ano – e em três meses já não é mais notícia.

No dia 4 de junho foi a vez de uma obra de 2011, onde o MPF estaria investigando Paes por obra de escola com verba de merenda. A matéria também aproveita para atacar a Fundação Roberto Marinho, lembrando que na gestão Paes foram assinados pelo menos 19 contratos com a Fundação Roberto Marinho, e 14 estão sob suspeita na Procuradoria Geral do Município porque repetiram o mesmo modelo: dispensa de licitação, levando-se em conta o histórico da empresa com projetos de educação.

E no dia 3 de março, a Record TV publicou um fato novo, a rejeição do STF do arquivamento de inquérito sobre propina m campanhas eleitorais. Eduardo Paes e Pedro Paulo são suspeitos de terem recebido R$ 18 milhões da empreiteira Odebrecht em troca de facilidades nas obras para as Olimpíadas do Rio, em 2016.

Não é fazer defesa de Paes, longe de mim, que sempre fui um crítico da gestão dele. É óbvio que, quando se compara ao atual, dá uma saudade danada. Mas usar uma rede de TV, que é uma concessão pública, para fazer a pré-campanha de um dos membros da família do dono, é um absurdo completo, algo que atenta a democracia.

O lado positivo, é que ninguém assiste Record Tv mesmo.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Perfeito, Quintino!
    Eu já venho observando e reclamando.
    Estou quase apresentando uma denúncia na Ouvidoria do Ministério Público.
    Assisto matérias, uma atrás das outras, noticiando os “feitos” da Prefeitura do Rio na gestão Crivella.
    Na verdade, todas as matérias contam ainda com o próprio, sendo entrevistado.
    E isso em todos os jornais da emissora!
    No cidade alerta, por exemplo, tem do Prefeito “inaugurando” equipamentos de Tomógrafo, Ressonância etc.
    Às vezes apenas a entrega. Antes da instalação.
    Agora, mais recente, está sendo comum até apresentá-lo “recepcionando” as cargas de equipamentos com o desembarque dos aviões. Ou até mesmo feito “doações” de equipamentos a hospitais filantrópicos.
    Enfim, vemos uso indevido do poder econômico através de um veículo de comunicação – em pleno ano Eleitoral.

  2. Militou bastante. em “jornalista”?

    “Ninguém assiste Record”, e tirasse essas informações da onde, meu caro? E outra, eu só achei esse teu textinho mequetrefe, porque eu pesquisei sobre a Record… vamos pôr numa balança a relevância, não é a Record falando desse sitezinho, é você, então antes de falar de uma rede nacional, olha primeiro pra empresinha que tu trabalha, piada.

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