O Carnaval de 2021 foi cancelado em função da pandemia do Coronavírus, nada mais justo, tendo em vista o número de vidas que foram perdidas por conta dessa terrível doença. Quando brincávamos na folia do ano passado, sequer imaginávamos os rumos que o mundo tomaria nos seguintes com a Covid-19. Hoje, estamos em casa na esperança de reviver os dias gloriosos da maior festa popular do planeta, que promete voltar com tudo em 2022.
Enquanto isso, que tal relembramos como foi o nosso último Carnaval na Sapucaí? Quem venceu o desfile, a magia das escolas, a celebração dos foliões, as fantasias, cores e toda criatividade que passou pela avenida.
Mangueira
O samba-enredo da Mangueira retratou Jesus Cristo com o título “A verdade vos fará livre”. A proposta foi uma nova interpretação da vida do messias, com uma abordagem de um homem nascido em uma comunidade. O desfile contou com uma estátua gigante mostrando Jesus negro crucificado e referências indígenas, mulheres e personagens LGBT.
Passados 31 anos depois de o Jesus censurado da Beija-Flor ter ido à Sapucaí coberto por um saco preto, a Mangueira teve a oportunidade de exibir, sem censura, o seu Jesus. E o fez de diversas formas: na Verde e Rosa, Jesus foi negro, mulher e, antes de tudo, humano. Imagens de Jesus crucificado também se destacaram na narrativa.
Grande Rio
A Grande-Rio retratou um pai de santo, com o samba-enredo intitulado de “Tata Londirá, o canto do caboclo no quilombo de Caxias”. Como rainha de bateria, a escola contou com a atriz Paolla Oliveira, fantasiada de Cleópatra. O verso “eu respeito o seu amém / você respeita o meu axé” foi o mantra da escola.
Viradouro (Grande Campeã)
“Viradouro de alma lavada” exaltou as mulheres negras de Salvador, homenageando as Ganhadeiras de Itapuã, um grupo musical que surgiu com os cantos das lavadeiras do litoral da Bahia. Como ponto alto, a atleta de nado sincronizado Anna Giulia, vestida de sereia, mergulhava por até um minuto em um aquário.
De refrão chiclete, o samba era entoado à capela em dois trechos e conquistou a plateia. As alegorias e fantasias eram muito luxuosas e caprichadas. Não à toa, a Viradouro se sagrou campeão do Carnaval 2020.
União da Ilha
A União da Ilha do Governador retratou a vida das comunidades do Rio de Janeiro, incluindo sinais como armas, ônibus lotados e o desemprego. Juntamente com a Estácio de Sá, foi rebaixada para a Série A.
Paraíso do Tuiti
A escola relatou a história de Dom Sebastião, um rei português que desapareceu no século 16, e a história do santo padroeiro do Rio, São Sebastião. Com o trecho “No morro do Tuiuti, no alto do terreirão, o cortejo vai subir, pra saudar Sebastião”, a comissão de frente imaginou um encontro do santo com o monarca.
Estácio de Sá
A escola, que voltou ao Grupo Especial após quatro anos, teve alas e carros sobre corpos celestes e criticou o processo de extração de riquezas como pedras preciosas e minerais. Acabou rebaixada para a série A.
Portela
A agremiação que mais venceu o carnaval carioca buscou a 23ª vitória tratando dos tupinambás e o “paraíso” encontrado no Rio antes da colonização. A proposta, de acordo com o site da escola buscava falar de um Rio de Janeiro que teve que acabar para que outro pudesse surgir.
Mocidade
A Mocidade fez um tributo a Elza Soares na busca por seu sétimo título. A escola foi a penúltima a desfilar neste segundo dia de Grupo Especial, recontando a história da cantora de 89 anos, presente no último carro.
O desfile teve as estreias de Jack Vasconcelos como carnavalesco, após cinco anos na Paraíso do Tuiuti, e de Sandra de Sá como compositora do samba-enredo.
Vila Isabel
A Unidos de Vila Isabel celebrou os 60 anos de Brasília nesta segunda-feira (24). A escola azul e branca criou uma fábula indígena para recontar as histórias brasiliense e brasileira.
A escola azul e branca fez várias menções aos povos indígenas e aos trabalhadores que construíram Brasília.
Beija-Flor
A Beija-Flor levou o público da Sapucaí para um grande passeio ao cantar sobre as grandes jornadas da humanidade e festejar ruas famosas do mundo, como Champs-Elysées, Broadway e Abbey Road.
A própria Marquês de Sapucaí recebeu uma grande homenagem, como tema do último carro. Grandes viagens foram representadas em alegorias como o abre-alas sobre as aventuras do homem durante a Era Glacial, com um grande beija-flor de gelo batendo suas asas.
Salgueiro
O Salgueiro fez um grande espetáculo circense na Sapucaí para celebrar a vida do primeiro palhaço negro do Brasil, Benjamin de Oliveira (1870-1954). A escola saudou os palhaços com cabelos “vivos”, interpretados por componentes com 15 mil pompons, em seu último carro.
Unidos da Tijuca
A Unidos da Tijuca contou a história da arquitetura e do urbanismo e imaginou um Rio melhor no futuro. O desfile marcou a volta do carnavalesco Paulo Barros à Tijuca, após ser campeão pela escola em 2010, 2012 e 2014.
A cantora Lexa estreou como rainha de bateria no Grupo Especial. Ela tropeçou e caiu na avenida antes do recuo da bateria.
São Clemente
A São Clemente fez um desfile com críticas irreverentes sobre “golpes e trambiques” do Brasil. O desfile colorido e satírico foi muito comentado e gerou certa polêmica.
O samba teve coautoria de Marcelo Adnet. O humorista desfilou com fantasia e carro alegórico com referências ao presidente Jair Bolsonaro, como faixas com as frases “tá ok?”, “a culpa é do Leonardo di Caprio” e “acabou a mamata”. Adnet fez flexões de braço e imitou uma arma com a mão.