Representando Xica Manicongo na Sapucaí, Erika Hilton dispara: ‘As travestis sempre fizeram o Carnaval e nunca tiveram a sua história contada’

A agremiação escolheu como destaque da escola a deputada federal Erika Hilton representar a figura de Xica, considerada a primeira mulher travesti documentada no Brasil

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Foto: Victor Serra/DIÁRIO DO RIO

O Carnaval carioca sempre foi palco de resistência, cultura e expressão. E, neste ano, a Paraíso do Tuiuti decidiu marcar sua passagem pela Marquês de Sapucaí com um tributo a uma figura histórica: Xica Manicongo, primeira travesti documentada no Brasil. A agremiação escolheu como destaque da escola a deputada federal Erika Hilton, a primeira mulher trans eleita para a Câmara dos Deputados. Ela será a responsável por representar a figura de Xica.

Xica Manicongo chegou ao Brasil no período colonial, vinda da África como escravizada. Batizada como Francisco, Xica teve seu nome e identidade apagados pela brutalidade do sistema escravista, mas nunca deixou que sua essência fosse diluída. Mesmo diante das dificuldades e da desumanização da escravidão, ela manteve viva sua prática religiosa e, ao longo do tempo, encontrou refúgio e apoio junto ao povo Tupinambá, na Bahia. Ali, trocou saberes e experiências, criando laços de solidariedade e resistência cultural que foram fundamentais para a preservação de sua identidade, tão forte quanto os ventos da liberdade.

Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO, Erika Hilton expressou a importância de representar a memória de Xica Manicongo, especialmente no contexto atual, onde as travestis e as comunidades LGBTQIA+ muitas vezes se veem marginalizadas. “Xica segue viva em cada travesti desse país. Uma história de luta, de garra, de resistência, de perseverança, assim como o Carnaval. Poder pisar nessa Avenida levando a memória, a dor e a história de Xica Manicongo é algo que enche o nosso coração de esperança de que é possível construir um carnaval, uma sociedade e um espaço de cultura cada vez mais democrático, diverso, popular e, por que não, travesti.”

Para Erika, o Carnaval é muito mais do que uma festa. Ele é uma verdadeira expressão de liberdade e resistência, uma oportunidade de dar voz àqueles que, historicamente, não tiveram sua história contada. “As travestis e as comunidades LGBT sempre fizeram o Carnaval, seja nos barracões, seja na escola, seja na Avenida, e nunca tiveram a sua história contada. Hoje, teremos uma de nós sendo levada à Avenida, e faremos a Sapucaí tremer”, completou a deputada, que também foi recentemente eleita Cidadã Honorária do Rio de Janeiro.

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