Restauro de prédio do antigo Automóvel Clube na Lapa avança; confira

Na última semana, técnicos do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade realizaram uma vistoria nas instalações do imóvel, que estava abandonado por 20 anos

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Foto: Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH)

O prédio do antigo Automóvel Clube, localizado na Rua do Passeio, entre a Cinelândia e a Lapa, está passando por uma revitalização sob os cuidados do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). Após anos de abandono, o edifício está recebendo uma atenção única, visando resgatar sua importância histórica e prepará-lo para um futuro renovado.

Nesta última semana, técnicos do Instituto realizaram uma vistoria às obras de restauração, que estão em pleno andamento desde o ano anterior. O prédio, que já foi palco de eventos automobilísticos e políticos importantes, está sendo transformado no que em breve se tornará o Centro de Energia e Finanças do Amanhã, um empreendimento ambicioso e inovador.

A visão por trás deste projeto é clara, conforme delineado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Chicão Bulhões: “Ser um hub de economia verde e transição energética, reunindo no mesmo lugar empresas que atuam nesses segmentos, universidades e governo, com o tripé mercado, educação e pesquisa”. Uma iniciativa que não apenas preserva o patrimônio histórico, mas também o reanima com um propósito contemporâneo e progressista.

Durante a vistoria recente, um dos aspectos que mais chamou a atenção foi a abertura da claraboia principal do prédio, que havia sido bloqueada com madeira por décadas. Além disso, os primeiros testes de revestimento com folhas de ouro e a recuperação de detalhes e ornamentos destacam o cuidado e a atenção aos detalhes que estão sendo aplicados nesta restauração.

As obras de restauro, um investimento considerável de R$ 37 milhões, estão resgatando não apenas a estrutura física do prédio, mas também sua rica história. No local havia uma residência projetada por Manuel de Araújo Porto Alegre, adquirida pelo Cassino Fluminense em meados do século XIX, quando os clubes dançantes estavam em voga. Ganhou destaque por ser frequentado pela alta sociedade e pela Família Imperial. Em 1854 foi reformado pelo arquiteto Luís Hoske, que o transformou num prédio de dois pavimentos com linhas neoclássicas e interior luxuoso, no qual se destacava o salão de baile. Em 1900, lá se instalou o Clube dos Diários. Em 1910 foi reformado segundo projeto de Joseph Gire. Em 1924 passa a sediar o Automóvel Club do Brasil. Sua importância histórica atingiu o ápice em 30 de março de 1964, quando o então presidente João Goulart proferiu seu último discurso antes do golpe militar.

Ao longo dos anos, o prédio testemunhou diferentes capítulos de sua história, desde seu uso como sede do Automóvel Clube até sua transformação em um posto do Detran-RJ. Por motivos financeiros, o imóvel foi alugado para a instalação do Bingo Imperial em 1996. Após muitos protestos por parte da população, o prédio foi leiloado e arrematado pelo município que se encarregou da desativação do estabelecimento no ano de 2003. Durante esse mesmo ano, o imóvel foi novamente ocupado pelo Automóvel Clube. No ano seguinte, o edifício foi esvaziado e desde então se encontrou fechado.

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