Retomada das obras de Angra 3 é adiada pelo Governo

O adiamento ocorreu devido a um pedido de vista coletivo na reunião destinada a decidir sobre a autorização da usina e o preço da energia

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A decisão sobre a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3, localizada na Costa Verde do Rio, foi adiada nesta terça-feira (10/12) pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O adiamento ocorreu após um pedido de vista coletivo durante a reunião, que tinha como objetivo decidir sobre a autorização para implantar a usina e o preço da energia a ser comercializada.

O Ministério de Minas e Energia, presidido pelo ministro Alexandre Silveira, orientou pela aprovação dos itens, mas a decisão foi postergada. Agora, o tema deve voltar à pauta na primeira reunião extraordinária de 2025, prevista para o final de janeiro. Nessa ocasião, o CNPE analisará dois estudos sugeridos pelo ministro: melhorias na governança da Eletronuclear, estatal que controla as usinas, e novas fontes de financiamento para a conclusão das obras.

A conclusão de Angra 3, que demanda mais R$ 20 bilhões em investimentos, enfrenta desafios financeiros. Atualmente, os custos seriam embutidos na tarifa de energia, afetando consumidores residenciais, rurais, além de pequenos comércios e empresas. O BNDES, contratado pela Eletronuclear em 2019, propôs uma tarifa de R$ 640 por megawatt-hora (MWh) para a energia de Angra 3, o que geraria impacto nas contas de luz. O governo agora busca alternativas de financiamento para evitar essa oneração.

Celso Cunha, presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), expressou surpresa e decepção com o adiamento. Segundo ele, o mercado esperava uma resolução imediata, especialmente após sinais positivos na reunião preparatória de 4 de dezembro.

Além das questões de governança e financiamento, o ministro Alexandre Silveira também recomendou a negociação com a Caixa e o BNDES para adiar o pagamento de um “waiver” de R$ 750 milhões devido pela Eletronuclear, com os bancos sendo credores de Angra 3.

Angra 3 é um empreendimento controverso. Estudos preliminares da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), estimaram custos de R$ 43 bilhões para os consumidores, valor contestado pelo setor por não refletir os custos reais. O projeto também está envolvido em negociações entre o governo e a Eletrobras, no âmbito de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que busca retomar o poder de voto na companhia privatizada em 2022.

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