Um ano depois do início da implementação pioneira na Rua São José, no Centro do Rio, o projeto de revitalização econômica baseado no modelo internacional de Business Improvement District (BID) começa a inspirar outras capitais brasileiras. E não é à toa. O sucesso da primeira BID da América Latina já pode ser visto na movimentação e na baixa vacância em alguma áreas do Centro, antes mesmo de ser concluída.
Inspirado em exemplos como a Times Square, em Nova York, e distritos comerciais de Londres e da Cidade do Cabo, o modelo funciona como uma parceria público-privada voltada à requalificação de áreas urbanas. No Brasil, o termo foi traduzido como Área de Revitalização Econômica (ARE). O BID do Rio foi viabilizado pela Aliança Centro — grupo formado por empresas como Sergio Castro Imóveis, Multicentros, Opportunity, São Carlos, Construtora Internacional, entre outras — e liderado por Marcelo Haddad. Ao todo, cerca de 300 prédios são associados na Região Central do Rio.
“O BID é a melhor saída para a revitalização econômica dos centros urbanos. Isso já foi provado no mundo inteiro. São quase 3 mil BIDs em operação”, disse Haddad em entrevista ao GRI Clube.
“Estamos pensando em termos de sugestão e plataforma para os centros da cidade no resto do Brasil. Tenho conversado com São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, mostrando o que a gente já aprendeu para ver se a gente consegue desenvolver nessas capitais modelos para novos negócios como esse.”
De volta ao mapa
O movimento é visível. Diferente da retração enfrentada por outras regiões centrais do país, o Centro do Rio dá sinais claros de recuperação. Enquanto Porto Alegre e Recife lidam com o fechamento de comércios e a fuga de empresas, o Rio vive uma retomada. Grandes companhias estão retornando ao Centro, impulsionadas pela localização estratégica — próxima ao aeroporto Santos Dumont e ao Porto do Rio — e pela oferta de imóveis corporativos de alto padrão a preços competitivos.
Em cidades como Belo Horizonte e São Paulo, o fenômeno tem sido o contrário: as grandes empresas migraram para bairros como Savassi e Berrini, respectivamente, deixando os centros esvaziados. Já no Rio, a revalorização do Centro passa a ser também uma resposta prática à escassez e ao custo elevado de espaços em outras regiões.
Resultados práticos
Além da ocupação empresarial, o projeto da BID carioca vem colhendo frutos no dia a dia. A Aliança Centro mantém um sistema de monitoramento da região que inclui o mapeamento e a geolocalização de problemas urbanos, como buracos, lixo, iluminação e segurança. Os dados são reportados semanalmente às autoridades. A taxa de resolução dessas demandas saltou de 20% para 61%.
A ARE da Rua São José está na fase final de implementação. Agora, a associação aguarda autorização da Prefeitura do Rio para a instalação de novo mobiliário urbano na área — a última etapa da revitalização. A primeira fase do projeto incluiu a instalação de câmeras de monitoramento na via. As etapas seguintes envolveram limpeza e remoção de pichações nos prédios ao redor.
A tendência agora é de expansão. Segundo a Aliança Centro, outras duas regiões do Centro devem receber projetos semelhantes ainda este ano. A associação segue em busca de parceiros para a criação das ARES Candelária e Presidente Vargas, seguindo os mesmos modelos e etapas da Rua São José.