Rio das Artes: o Jazz nas telas

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Foto: Divulgação

O tema começa e se desenvolve em fraseados crescentes sob o acompanhamento de uma levada lenta, atenta aos passos e, mais, ao olhar de Jeanne Moreau (1928-2017), fugaz na beleza de seus 30 anos e na frieza de sua personagem, ainda assim sem ensaios como os improvisos que marcaram a trilha sonora de “Ascensor para o Cadafalso” (“Ascenseur pour l’échafaud”). 

Na macabra trama lançada em 1958 por Louis Malle, a atriz brilha com Florence, que, com a ajuda do amante Julien (Maurice Ronet), decide matar o marido dela – e chefe dele –, Louis (Georges Poujouly), de forma a parecer um suicídio.É claro que algo dá errado e Julien, enquanto Florence sai pela noite de Paris, olhando para o nada e andando em meio ao trânsito dos carros, mas tudo deu certo na trilha composta por Miles Davis (1926-1991) na linha de improviso que consagrou o jazz e que, no domingo (15), fecha o festival  “O Jazz vai para Hollywood”, em cartaz na Cinemateca do MAM.


Entre álbuns clássicos, como “Miles Ahead” (1957), “Milestones” (1958) e “Kind of Blue” (1959), colaborações com o arranjador Gil Evans e experiências que, além do bebop, iam do jazz modal à releitura da ópera “Porgy and Bess”, de Gershwin, Miles Davis vivia o auge de sua carreira pré-fusion quando viajou, em  novembro de 1957 a Paris, onde, oito anos antes fizera sua primeira turnê internacional e com a qual sempre cultivou intensa relação.

À capital francesa, porém, o trompetista não levou os músicos de seu quinteto, que incluíam craques do naipe do saxofonista Sonny Rollins – pouco depois, substituído por John Coltrane. Em vez disso, gravou, com músicos de estúdio locais a música do thriller de suspense. Miles Davis e os franceses Barney Wilen (saxofone), René Urtreger (piano) e Pierre Michelot (baixo), além do também americano Kenny Clarke (bateria), assistiram ao filme de Louis Malle e improvisaram em cima das cenas, conforme indicado pelo diretor, criando um dos maiores clássicos cruzamentos entre cinema e o jazz com trilha original.

Advertisement

Imagens descobertas somente este ano resgatam cerca de 4 minutos de improvisos do quinteto, na TV francesa.

Outros títulos de “O Jazz vai para Hollywood” incluem cinebiografias de ícones do estilo e adjacências. De 1972, “O ocaso de uma estrela” (“Lady sings the blues”), traz Diana Ross – já uma diva soul à frente das Supremes – no papel de Billie Holiday (1915-1959), nesta sexta (13). Já “Música e Lágrimas” (1954) conta a trajetória de Glenn Miller (1904-1944), um dos maiores líderes de big bands, no sábado (14).

Já “Taverna maldita” (“Pete Kelly’s Blues”), de 1955; e “Paris vive à noite” (“Paris blues”), de 1961, têm, como atores, Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, respectivamente, no sábado (14) e no domingo (15).

O Jazz Vai Para Hollywood
Cinemateca do MAM. Av. Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo (altura do Castelo). Tel.: 3883-5630. Até domingo, 15 de setembro. Entrada gratuita. Veja a programação completa.

+Mais cinema

Estreias desta semana
A Música do Tempo – Do Sonho do Império ao Império do Sonho

Documentário sobre o concerto inspirado no mito do quinto império português.
Quem você pensa que sou

Abandonada pelo marido aos 50 anos, Claire Millaud (Juliette Binoche) cria um perfil falso em uma rede social, atendendo por Clara, de 24 – pela qual o jovem Alex acaba se apaixonando.

6SPf5KM9Ci4sWOqHKxGhMW4GYXiZZsxGMaVQmDdsfRXPcNylLNMEHqknf hVbwXVdy5AOdsTWo4GYnEqB25dlqrFKU o8 zt2zV6WAhHRw Btxkc4mlDKXzSJCI 2dVNXM9sQ7yX Rio das Artes: o Jazz nas telas

Adeus à Noite
Depois de viver por anos na Argélia, Muriel (Catherine Deneuve) volta à França e treina jovens para a equitação, até descobrir que o neto Alex (Kacey Mottet Klein) se converteu ao islamismo e temer que ele possa cometer atos terroristas.

Peterloo
Mike Leigh dirige o filme que remonta ao Massacre de Peterloo, também mundialmente como Massacre de Manchester, ocorrido quando manifestantes foram às ruas protestar por uma reforma.

O fim da Viagem, o Começo de Tudo. Repórter itinerante de um programa de variedades da TV japonesa, Yoko vai ao Uzbequistão, onde registra experiências que mudaram sua percepção sobre o mundo, sob uma cultura totalmente diferente.

Abigail e a Cidade Proibida. Uma jovem decide ir à procura do pai, levado embora de sua cidade sob o pretexto de escapar de uma epidemia. Ela descobre que tem poderes mágicos. 

Marés. Ao se separar da mulher Clara (Julieta Zarza), o talentoso fotógrafo Valdo (Lourinelson Vladmir) percebe que pode ser afastado da filha de três anos caso siga negligenciado o alcoolismo.

Legalidade. Leonardo Machado, Cléo Pires e Fernando Alves Pinto estrelam longa baseado na campanha que impediu um primeiro golpe para destituir João Goulart, em 1961.

Divaldo – O Mensageiro da Paz

Bruno Garcia é o protagonista do filme que conta a trajetória do médium Divaldo Franco. 

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Rio das Artes: o Jazz nas telas
Jornalista especializado em versatilidade desde 1998, de polícia a política, já cobriu das eleições de 2010 à recessão econômica de 2015/2016. Colabora com o canal Rio das Artes, divulgador de cultura e entretenimento na Cidade Maravilhosa.
Advertisement

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui