Rio Joana é afetado por falta de chuva

Rio secou no trecho que cruza a Quinta da Boa Vista, na Zona Norte da capital. Impermeabilização do solo é apontada como um dos principais fatores

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Estátua de Pedro II, na Quinta da Boa Vista, e Museu Nacional ao fundo - Foto: Cleomir Tavares/Diário do Rio / Imagem ilustrativa

O período seco que tem atingido o Rio de Janeiro, especialmente no mês de fevereiro não está afetando apenas a saúde e o ânimo de quem mora na cidade. Os corpos hídricos também sofrem com os efeitos das altas temperaturas.

É o caso do Rio Joana, que secou no trecho que cruza a Quinta da Boa Vista, na Zona Norte da capital. O Joana é um dos principais rios da Grande Tijuca e passa pelos bairros do Andaraí, Tijuca, Vila Isabel e Maracanã, desaguando na Baía de Guanabara, por ser um dos afluentes do Canal do Mangue.

Como a bacia tem uma dimensão reduzida, a resposta às variações meteorológicas são rápidas: “Quando chove muito, ele inunda. Quando chove pouco, ele seca”, disse professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Biossistemas da Universidade Federal Fluminense (UFF), Julio Wasserman, ao jornal O DIA.

Segundo Wasserman, o Joana secou por conta da impermeabilização do solo, que inviabiliza a retenção da água.

“A intensa seca deste fevereiro fez o rio secar completamente, pois os solos perderam a capacidade de retenção de água devido ao processo de impermeabilização (construções, asfaltamento e calçadas cimentadas). Com isso, períodos um pouco mais longos sem chuva levam a uma redução severa nos fluxos”, explicou o professor ao veículo, acrescentando que a seca do Rio não afeta o abastecimento de água da cidade, que é alimentada pelo Sistema Guandu.

A impermeabilização da região e o crescimento urbano desordenado foram apontados pelo professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Adacto Ottoni, como um dos motivos para a seca do Joana.

“Precisamos de um crescimento ordenado e da manutenção de áreas verdes. A impermeabilização impede a infiltração da água no solo. Quando há menos chuva, começa a faltar água. Em pleno fevereiro e março, o corpo hídrico na Quinta da Boa Vista está secando, o que é altamente preocupante. Se houvesse maior infiltração na bacia, o volume de água poderia ser menor, mas não chegaria ao nível de secura atual”, disse o Adacto ao jornal.

Entre as soluções destacadas pelos estudiosos está a criação de jardins de infiltração para o abastecimento do lençol freático e a recuperação do rio. A recuperação do Joana é importante, pois além de ajudar na vazão, pode viabilizar a volta de peixes e outros organismos, contribuindo para a qualidade de vida local.

Os especialistas defendem ainda que, para minimizar a seca do rio, que não é determinada pelo calor, é preciso investir em mecanismos de retenção de água, controle de erosão e de descarte irregular de lixo, além de promover a ocupação ordenada do solo.

Estiagem e temperaturas elevadas

Segundo o  Sistema Alerta Rio, o mês de fevereiro desse ano foi o mais seco do últimos 28 anos, registando 0,6mm em volume de chuva, quando o esperado é de 123mm. A falta de chuva, e as altas temperaturas reduzem a quantidade de água nos mananciais que abastecem a região metropolitana fluminense, que têm apresentado níveis muito abaixo do esperado.

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