RJ: Pesquisa investiga saúde de camelôs, além de oferecer formação aos trabalhadores

Trabalhar como camelô nas ruas da cidade pode impactar de forma significativa a saúde dos ambulantes, que passam muitas horas sob o sol, não têm banheiro disponível e se alimentam precariamente

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Foto: Daniel Martins/DIÁRIO DO RIO

O Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Fundação Oswaldo Cruz (Cesteh-Fiocruz) e o Movimento Unido dos Camelôs (Muca) lançaram, nesta sexta-feira (9), o Projeto de Pesquisa e Formação em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora Camelô da Cidade do Rio de Janeiro para verificar as condições de saúde desses trabalhadores.

Na primeira etapa do estudo, os pesquisadores vão investigar as principais causas de adoecimento dos camelôs do Rio. Os trabalhadores serão bolsistas nesta fase da pesquisa, que já qualificou um grupo para ajudar no estudo.

Na segunda etapa, cerca de 100 trabalhadores informais também receberão uma formação, que inclui orientações sobre os próprios direitos, como cuidar da própria saúde, e sobre os pontos de atendimento na cidade.

O estudo prevê a realização de sete encontros, ao final dos quais, será elaborado um material formativo com base nas questões levantadas e nas demandas dos ambulantes.

Os camelôs selecionados atuarão ainda como multiplicadores, repassando as informações da pesquisa para outros profissionais, que aprenderão que determinadas doenças são provocadas pela atividade profissional.

Ter conhecimento de que certas doenças são de caráter laboral permitirá aos camelôs acionarem seus direitos trabalhistas, como a emissão de uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), caso sofra um acidente durante o seu expediente de trabalho; além dos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A líder do Muca, Maria de Lourdes do Carmo, conhecida como Maria dos Camelôs, disse à Agência Brasil que, uma vez finalizada, a pesquisa será importante para que a categoria lute por políticas públicas adequadas para o desempenho profissional.

“Isso é o início de muitas coisas que a gente vai fazer para reivindicar a saúde de pessoas invisíveis, que trabalham na rua todos os dias para levar o sustento para casa e têm que ser respeitadas”, disse ela, acrescentando que a realidade dos trabalhos nas ruas da cidade é muito sacrificada:

“Muitas mulheres têm infecção urinária, porque a gente não tem banheiro, né? Muitas pessoas têm problema nas pernas, porque é o dia todo em pé, sob o sol de 40 graus na cidade do Rio de Janeiro. As pessoas ficam com câncer de pele. Tem também a distância do depósito. A gente tem que carregar uma mercadoria por uma distância muito grande”, comentou a liderança dos trabalhadores, que, por conta da informalidade, não têm o direito de ficar doentes.

“Nós, trabalhadores informais, também o pessoal que trabalha em cima de moto, de bicicleta, com aplicativos, a gente não tem o direito de ficar doente. Sabe por quê? Porque se a gente ficar doente, não vai ter dinheiro. Imagina o que foi a pandemia para a gente, quando todo mundo ficou em casa. Algumas pessoas tinham salário, e a gente não tinha nada,” afirmou Maria de Lourdes à Agência Brasil.

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