Roberto Anderson: A péssima ideia de um autódromo no lugar da floresta

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Floresta do Camboatá. Foto: Google Earth

Em 1921, o prefeito Carlos Sampaio promoveu o arrasamento do Morro do Castelo, com alegações já desacreditadas pela ciência, de que o morro, ao atrapalhar a circulação dos ventos, propiciava doenças. Daí resultou uma imensa área vazia, que veio a sediar a Exposição Internacional de 1922. Após a exposição, chamou-se o urbanista francês Alfred Agache para pensar um projeto para a Esplanada do Castelo. Agache terminou sendo convocado para pensar a cidade inteira, realizando o primeiro plano urbanístico da modernidade para o Rio de Janeiro.

Sistema de Parques Plano Agache 1 Roberto Anderson: A péssima ideia de um autódromo no lugar da floresta
Sistema de parques plano Agache

Apesar de um certo formalismo e desprezo pela história, Agache elaborou um plano abrangente, que, além de embelezamentos no Centro, propôs um plano para o metrô da cidade e um sistema de parques que, iniciando-se na Quinta da Boa Vista, avançava em direção à Zona Norte até alcançar o Engenho de Dentro. Se realizado, a Zona Norte hoje contaria com uma grande linha semicircular, quase contínua de generosos espaços verdes. Muito ao contrário, a realidade é que a região conta com baixa cobertura verde por habitante, poucas praças e poucos parques. O sucesso do Parque Madureira, um parque linear e estreito, em área suprimida da linha de transmissão da Light, dá bem a medida da carência ali de áreas verdes.

Floresta do Camboatá Imagem Google 2 Roberto Anderson: A péssima ideia de um autódromo no lugar da floresta

Floresta do Camboatá

Mas existe um lugar em Deodoro, muitíssimas vezes maior do que o Parque de Madureira, com o dobro do tamanho do Parque do Flamengo, já florestado, que poderia ser um lindo parque servindo a Deodoro, Guadalupe e Ricardo de Albuquerque, bairros que o rodeiam, e aos demais bairros da Zona Norte e Oeste. É a Floresta do Camboatá, que o trio Bolsonaro, Witzel e Crivella querem a todo custo transformar num autódromo.

A Federação Internacional de Automobilismo – FIA sabe bem explorar a disputa entre as cidades para sediar suas competições. A questão de um novo autódromo para o Rio de Janeiro só surgiu porque o contrato da Cidade de São Paulo com a FIA expira neste ano. Os governantes do Município e do Estado, fortemente incentivados pelo governo federal, meteram-se nessa cruzada contra o patrimônio ambiental do Rio. Conseguiram que a área, que pertencia ao Exército, fosse repassada ao Município e, insensíveis a todas as ponderações de ambientalistas e aos apelos da população querem, por que querem destruir a Floresta do Camboatá.

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A palavra Camboatá é o nome de um grupo de árvores, cuja madeira é resistente e flexível, boa para fazer instrumentos. Com a contribuição do Engenheiro Florestal Claudio Santana, ficamos sabendo que a Floresta do Camboatá é uma floresta de terras baixas, de baixada, e de bosque não muito denso. Ela tem mais de 200 ha, representando o maior remanescente de floresta de baixada na Cidade do Rio de Janeiro. É um refúgio para espécies ameaçadas, como aves raras e jacarés do papo amarelo, com uma flora bastante diversa, já que são pelo menos 77 diferentes espécies arbóreas.

Camboatá área florestada Roberto Anderson: A péssima ideia de um autódromo no lugar da floresta
Camboatá – área florestada

Apenas por existir, sem qualquer intervenção de urbanização, a floresta já presta significativos serviços ambientais à região, como retenção de grande parte das águas pluviais da área e contribuindo para regular a temperatura local, numa região pouco arborizada. Agora imagine associar esses benefícios ambientais da Floresta do Camboatá à oferta de espaços de lazer, trilhas sinalizadas, um centro de educação ambiental, ciclovia, e espaços para a prática de esportes. Seria o grande parque metropolitano do Rio de Janeiro, no coração da Zona Norte. Lembremo-nos de Lota Macedo Soares, que com persistência conseguiu a criação do Parque do Flamengo. A preservação da Floresta do Camboatá e sua transformação em parque poderá ser uma maravilhosa criação coletiva!

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entrar grupo whatsapp Roberto Anderson: A péssima ideia de um autódromo no lugar da floresta
Roberto Anderson é professor da PUC-Rio, tendo também ministrado aulas na UFRJ e na Universidade Santa Úrsula. Formou-se em arquitetura e urbanismo pela UFRJ, onde também se doutorou em urbanismo. Trabalhou no setor público boa parte de sua carreira. Atuou na Fundrem, na Secretaria de Estado de Planejamento, na Subprefeitura do Centro, no PDBG, e no Instituto Estadual do Patrimônio Cultural - Inepac, onde chegou à sua direção-geral.
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16 COMENTÁRIOS

  1. Existem outras 5 áreas no município oferecidas ao empreendimento, que já foram desmatadas, mas parece que não há “INTERESSE DOS EMPRESÁRIOS ” nestes locais. Uma breve pesquisa na internet pode atualizar as informações à todos os interessados, são matérias detalhadas e esclarecedoras, inclusive com depoimentos de pessoas que entendem sobre a fauna, a flora e a importância da FLORESTA DO CAMBOATÁ, para a qualidade de vida da população da região.

  2. Sou morador próximo e contra a construção do autódromo no ÚNICO local que ainda apresenta Mata Nativa em regiões planas no município. Além de um autódromo no local, que em NADA acrescentará a população residente nas proximidades, o projeto da obra não informa que 40% da área, será utilizada pelo construtor para o que “bem entender”, 60% para o referido autódromo e milhões em isenção de impostos, só interessando pelo retorno financeiro dos construtores/administradores/políticos, pouco se importando com a população. Uma Área de preservação/Parque Ecológico com Produção de mudas para reflorestamento de áreas no município e profissionalização de moradores, é uma solução muito mais inteligente.

  3. Mas muito bem disse um morador das proximidades deste local…

    “Mas existe um lugar em Deodoro muitíssimas vezes maior do que o Parque de Madureira, com o dobro do tamanho do Parque do Flamengo, já florestado, que poderia ser um lindo parque servindo a Deodoro, Guadalupe e Ricardo de Albuquerque, bairros que o rodeiam, e aos demais bairros da Zona Norte e Oeste.

    É a Floresta do Camboatá, que o trio Bolsonaro, Witzel e Crivella querem a todo custo transformar num autódromo.”

    Aí eu pergunto…

    Então por que não transformam este local em um grandioso parque, como o Parque Górki em Moscou ?

    Porque querem fazer mais uma obra superfaturada para meterem a mão no nosso dinheiro, estes gatunos e oportunistas políticos cariocas.

  4. Achei todas as opiniões emitidas bastante controversas… mas não conheço este local para ter uma opinião adequada a este respeito. O Professor Roberto Anderson tem seu ponto de vista, que deve ser respeitado.

    Porém, se é para se transformar o local em outra grande favela, acredito que a construção de um novo autódromo do Rio de Janeiro no local gerará muitos empregos e valorizará muito esta região, trazendo turistas e maiores investimentos para o local.

    O que esta prefeitura precisa mesmo fazer é reurbanizar todas aquelas favelas no entorno deste enorme terreno. Isso sim é que seria um grande feito para nossa cidade !

  5. Só esqueceu de dizer que toda essa área só existe e não foi totalmente invadida pelas favelas próximas porque ali funcionava o batalhão de forças especiais do exército e era usada para treinamentos e cursos, até para o Bope, e quando utilizaram a área do autódromo de Jacarepaguá para o parque olímpico, ficou devinido que o novo autódromo seria nesse local, apoio totalmente essa construção, que vai gerar muitos empregos, vai valorizar a região, tem espaço suficiente para o autódromo principal, uma pista de KKartpara gerar novos pilotos, uma área de lazer e se tiver peito para tirar várias residências irregulares finalizar a ligação da vialight com a Av. Brasil, o que vai ajudar e muito a mobilidade urbana, pena não poderem mais fazer a ligação até Madureira porque usaram o espaço reservado para essa via para fazer o parque de Madureira.

  6. Se realmente existe um projeto para um autódromo, não vai sair do papel para a região citada, haja visto que o parque radical nunca funcionou desde o fim das olimpíadas para algo que agregasse para a população no entorno, se tratando de uma região da classe c d e, não acredito que haja um investimento desta magnitude e se houver teremos uma região muito mais desenvolvida e isso gerará turismo inimaginável nesta região que antes das olimpíadas era só barril de pólvora, seria muito interessante também a ideia de uma reserva ambiental, mas se houvesse esse interesse o parque radical que também tem uma área extensa de mata, mas nunca foi explorado. As duas ideias são sem dúvida geniais e se uma ou as duas acontecessem eu ficaria feliz e ia fazer com que o desenvolvimento chegasse numa região lembrada apenas nos noticiários pelo tráfico ou tragédias.

  7. A minha opinião é simples será que e difícil fazer um autódromo com um claro projeto urbanístico e hambiental por que essa formalidade tida com um lugar abandonado e um lixão a céu aberto detalhes e que a ignorância na politicagem que está impedindo de libertar quem vive em volta do local tenho amigos que moram de frente e o que mais querem e que se faça algo por alí vamos parar de ser hipócritas e vamos passar lá pelas 00:00 até às 5:00 da manhã que vcs verão a realidade do local chega de política com o que tem que ser feito simplesmente isso.

  8. Só podia ser “professor” VEADO, COMUNISTA e ALIENADO desta merda desta PUC!!! MAIS VERDE neste OCEANO de verde que é o Brasil? Chega, comuna. Vai pedir verde em Cuba, Venezuela , Coreia, China. Lá vc não se cria!!!

  9. Penso que é uma péssima idéia a construção do autódromo em Deodoro, deveriam sim, cuidar de toda aquela área como centro de instrução, agregado a um instituto de pesquisas ambiental ou escola técnica para os jovens residentes no entorno. E, como sugestão, apesar de não ser morador, apenas passar, poderia o governo estadual levar o futuro autódromo para o município de Seropédica, próximo ao pedágio da via Dutra, uma área muito bonita com a Serra das Araras ao fundo.

  10. Penso que é uma péssima idéia a construção do autódromo em Deodoro, deveriam sim, cuidar de toda aquela área como centro de instrução, agregado a um instituto de pesquisas ambiental ou escola técnica para os jovens residentes no entorno. E, como sugestão, apesar de não ser morador, apenas passar, poderia o governo estadual levar o futuro autódromo para o município de Seropédica, próximo ao pedágio da via Dutra, uma área muito bonita com a Serra das Araras ao fundo.

  11. Tá na cara que esse ” professorzinho ” nunca andou ou entrou naquela Região. Toda aquela área hoje abandonada, depois que municipalizou virou reduto de vagabundos do Chapadão. Toda aquela Região de Camboatá é uma faixa de gaza devido ações e abordagens de Traficantes.
    Não concordo com a Construção de um Autódromo. Acho que deveria preservar a Floresta e criar um Centro de Instrução Integrado de Segurança Pública e Defesa, pois no local existem estruturas do antigo 1 Batalhão de Forças Especiais. Criando esse Centro integrado, com as Forças Armadas, Polícia Civil, Polícia Militar, PRF, PF , todos órgãos de Segurança Pública e Forças Armadas, possibilitaria Capacitar e Especializar todos os Agentes de Segurança Pública e das Forças Armadas.Isso preservaria a Fauna e Flora local e sobretudo levaria mais Segurança para a População que moram nas redondezas.

  12. Faz assim. Não construam nada. Deixem o mato do jeito que está, mas, vão lá impedir traficantes de utilizar a mata. Vão lá fazer combate à mosquitos. Vão lá fazer policiamento para permitir às pessoas passear, acampar e todas as outras maravilhas que a matéria diz ser possível fazer por la. Se ninguém faz nada, aparece reportagem dizendo que a violência lá está demais. Se alguém quer fazer alguma coisa, aparece reportagem dizendo coitadas das plantinhas. Quem escreveu essa reportagem vive em um mundo de faz de conta.

  13. Moro próximo e a área não é uma “floresta”, a população tem acesso ao parque radical exatamente em frente ao terreno. Existem varias praças arborizadas proximas visto que os bairros mais próximos são Ricardo de Albuquerque e Deodoro!
    O professor em questão, deveria ter sido contra a demolição do antigo autódromo (e assim não deixar uma brecha no setor na cidade, e também a necessidade de fomentar o setor) para a Olimpíada e espalhar o “legado” olímpico para outras áreas da cidade ao invés de concentrar! Santa Cruz e Campo Grande possuem grandes áreas que poderiam abrigar as arenas mas aí não de encontro ao “interesses” da cidade!

  14. Acredito que o Professor nunca tenha sequer passado pela região.
    Do contrário, o Professor tem sérios problemas com o uso das palavras.
    Onde citado, há uma área verde, mas Floresta?

  15. O que as pessoas não levam em consideração é que a expansão urbana sem a participação de autoridades poderá ocorrer a favelização do local. Assim se tornando verdadeiramente altamente danoso ao meio ambiente, ao contrário em havendo um projeto que possa ser planejado levando em consideração o meio ambiente tenho certeza que será melhor que se deixar que haja a favelização do local.

  16. Também sou totalmente contrário a esse absurdo,até porque alem de todos os prejuízos já descritos,teríamos um novo hospital de campanha onde o roubo correu solto

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