Paracuru, no litoral do Ceará, é uma cidade de ventos fortes, que atraem para a cidade levas de praticantes de kitesurf e windsurfe, brasileiros e de outros países. Mas há lá algo, talvez mais valioso: a Escola de Dança de Paracuru. Ela é a grande e generosa realização do bailarino e professor Flavio Sampaio que, ao voltar para sua terra, decidiu criar uma oportunidade para as crianças e os jovens da cidade. Desde 2003, a escola vem contribuindo para o desenvolvimento artístico desses jovens, formando bailarinos, que já atuam em diversas companhias profissionais.
Foi o interesse em ver esse projeto que me levou a Paracuru. Lá, conheci um grande personagem da cidade, um motorista viajado, que já rodou o Brasil e esteve em terras peruanas. Me disse que naquele país faz um friozinho que ele até apreciava, mas que com a idade já não gosta mais não.
Numa prosa rica de entonações que cativam a atenção do ouvinte e que, por via das dúvidas, se vale de pequenos toques no braço do seu interlocutor, me explicou como a Estrela Dalva marca as estações do ano. Repare moço que hoje à noite ela vai nascer ali naquele canto, atrás da mangueira. Ela vai demorar uns meses pra chegar até lá em cima da lagoa. Quando isso acontecer, é o inverno, depois do dia de São José. E deve chover. Mas tem vezes que a estrela desce muito rápido daquele lugar. Aí lascou-se, é frio demais na Europa e o Japão se acabando em chuvas.
E mais me contou sobre La Niña e El Niño, mas aí já era outra história.