Rogério Amorim: Merecer não tem nada a ver com isso

Vereador Rogério Amorim fala das novas favelas na Grande Tijuca, critica o processo de desordem e finaliza: O Rio não merece: o Rio PRECISA de ordem.

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Nova favela cresce na Usina. A prefeitura diz que a favela atrás do Hospital de São Francisco da Providência de Deus não é nova. Mas os moradores são unânimes em dizer que as casas da foto são todas de construção recente.

Uma frase que costuma ser muito falada por pacientes de diabetes ou obesidade mórbida – e os endocrinologistas podem confirmar o que estou dizendo – é: “Eu mereço”. Muitas vezes ela vem acrescida de frases como “Só uma vez não engorda”. E na segunda vez, vem a promessa mágica: “Amanhã começo a dieta”. E o paciente vai engordando, entupindo artérias, destruindo o pâncreas, até que um dia colapsa e vai para o hospital. Aí, cabe a nós, médicos, salvar a vida do paciente que achava que “merecia”.

O Rio de Janeiro parece muito com um desses pacientes no que tange à favelização. Sempre “cabe mais uma casinha”. Sempre “não tem mal nenhum”. Ou “essa família não tem para onde ir”. E tome “autossabotagem da dieta” e hoje temos uma cidade inteira na UTI.

Esta semana o DIÁRIO DO RIO publicou reportagem sobre mais dois pontos de favelização da Tijuca, um deles que está inclusive destruindo mata atlântica. Curioso que alguns setores políticos atacam a política ambiental do governo federal, mas quando se trata de favelização predatória o que temos é um silêncio ensurdecedor. Claro, favela dá voto, principalmente para certas “lideranças comunitárias”. O que eles não esclarecem é que favela cria desordem urbana, risco ambiental, risco para a saúde pública, criminalidade, perigo de desabamento e abandono da infância.

Na Rua São Paulo, em Vila Isabel, e no alto da Usina, atrás do hospital São Francisco da Providência de Deus, vemos construções de até quatro andares, dezenas de caixas d’água, “ruas” feitas de barro, tudo na mais perfeita desordem. A reportagem do DIÁRIO DO RIO ainda confirmou com os moradores que as ocupações são recentes.

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E aí voltaremos à velha ladainha: “mas para onde levar as pessoas?”, “são trabalhadores”, “temos um problema de habitação”, “temos um problema social”.

Sim, temos diversos problemas – e um deles é achar que pessoas pobres merecem apelar para a solução mais viável financeiramente, ou seja, instalarem-se onde bem lhes aprouver. E a cidade, tal e qual o obeso mórbido, reage dizendo “é só mais uma casinha”. “Vamos investir em Habitação” é o novo “Amanhã começo a dieta”.

Há o caso, por exemplo, da comunidade Vila Benjamin Constant, na Praia Vermelha, que há duas décadas era apenas um conjunto de casas pequenas dos funcionários do instituto homônimo para cegos. Hoje basta uma olhada no Google Maps para ver o que se tornou – e há softwares ligados ao Google Earth que permitem ver as alterações nos terrenos ao longo dos anos. A velha vila Benjamin Constant está a poucos passos de se tornar mais uma favela, localizada no coração da Zona Sul.

E por que? Porque os ocupantes “merecem”. E o Rio, o que merece? Desordem urbana, desemprego, criminalidade, esgoto a céu aberto? Nestas horas, me recordo da famosa frase de Will Munny em “Os Imperdoáveis”, antes de aniquilar o vilão Dagget, que pedia clemência aos gritos de “Eu não mereço”, a frase que praticamente define o filme vencedor do Oscar em 1992: merecer não tem nada a ver com isso.

O Rio não merece: o Rio PRECISA de ordem.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Lendo a coluna do vereador, chego a seguinte conclusão: Ser político é muito fácil. Falou um monte de obviedades, acusou pessoas, mas não apontou solução nenhuma. Só falou um monte de abobrinha pra concluir o mínimo de letras para um texto. “O Rio precisa de ordem”. E qual é o projeto dele? Ficar puxando o saco do presidente? Lamentável o Diário do Rio dar espaço a figuras como ele, que nada fazem pela cidade.

    • Perfeito! Fala o necessário para agradar alguns, mas suficiente para não desagradar ninguém. É preciso que comprem a briga da desfavelização do Rio de Janeiro.

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