Rogério Amorim: O Rio tem que salvar Copacabana

O vereador Rogério Amorim defende um plano de todo Rio para salvar Copacabana

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Foto: Rafa Pereira / Diário do Rio

Quem, como eu, acessou o DIÁRIO DO RIO no fim de semana passado ficou estarrecido com as reportagens do jornal sobre o bairro de Copacabana. Durante a campanha eleitoral, no ano passado, cheguei a denunciar várias vezes o estado desse que é um dos principais cartões-postais da nossa cidade no exterior. Ruas tomadas por viciados em drogas, assaltos, desordem urbana, mendigos, mau estado de conservação de calçadas, tudo parecia caminhar para o caos. Mudou a administração e houve alguma melhora – no entanto, ainda parece insuficiente diante do cenário que temos de 90% dos hotéis ocupados para o Réveillon e o mês de janeiro esperando turistas em profusão para o Rio. Sim: melhorou, mas ainda não saiu da UTI, a nossa Princesinha do Mar (imortalizada com esse apelido pelo grande João de Barro, o Braguinha).

Mas fiquemos atentos às lições da História, e aquela que Copacabana nos ensina é preciosa: tenha compaixão, mas não conivência. O “direito de ir e vir” não pode ser um passaporte para ocupar ruas e morros com mendicância e desordem, pois isto inicia um ciclo que faz mal a toda a sociedade. Quem diria que permitir o “direito de ir e vir” de mendigos e viciados em crack em Copacabana fosse, por exemplo, prejudicar uma das mais notórias academias de ginástica do Rio de Janeiro? É o que a reportagem do Diário do Rio mostra: a desordem atinge a calçada em frente e desestimula os frequentadores, principalmente aqueles que formam o público noturno. E aí, é menos clientes, menos dinheiro, menos profissionais de educação física trabalhando, menos empregos. Tudo em nome da “liberdade de ir e vir” de mendigos e viciados.

Cabe aqui um parêntese necessário: quando se tenta aprovar, por exemplo, o passaporte sanitário, é curioso como os defensores dessa mesma liberdade de ir e vir desaparecem. Há uma tendência na nossa cidade de sacralizar mazelas, que beira à insanidade – um exemplo disso é a própria favela, surgida no início do século 20 como uma má solução para o abrigo dos ex-combatentes de Canudos e vista hoje como fonte de cultura, e não como o que realmente é: um local indigno para pessoas trabalhadoras morarem! Mesma coisa temos nas praias, por exemplo: a ocupação desordenada por pessoas que não seguem regra alguma de comércio ou sequer pagam impostos é um “patrimônio cultural” – ainda que os empreendedores que trabalham arduamente para cumprir regras e pagar impostos nos quiosques sequer sejam mencionados nessa hora.

É preciso um plano de todo o Rio para salvar Copacabana. Meu irmão, o deputado estadual Rodrigo Amorim, sugere em seu livro Restaurando a Ordem (à venda na Amazon) a criação de Áreas de Zero Crime, no qual o poder público fizesse um grande acerto com o compromisso de não haver delitos ou desordem naquele perímetro específico. Há grande esforço da Guarda Municipal, da PM e do Segurança Presente, mas nesse momento, mais do que em Segurança, é importante investir na Ordem Urbana e no acolhimento social. É para ontem.

O turista que chegar ao Rio de Janeiro e se hospedar em Copacabana precisa ter a garantia do poder público de que terá a proteção total. Nossa cidade não pode ter danos à reputação em um momento no qual o mundo ainda se recupera dos danos econômicos do fechamento de bares, lojas e restaurantes. É importante que o Poder Público comece esta semana um grande mutirão de obras e recolhimentos, sem se importar com a gritaria de falsos defensores de direitos humanos que não sofrem nunca na própria pele as consequências do descaso com a ordem urbana. Salvemos a Princesinha, antes que seja desenganada. Não haverá nem corpo para velarmos, se tal desordem permanecer. Copacabana precisa do Rio inteiro.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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12 COMENTÁRIOS

  1. Façam o seguinte – salvem-se a si mesmos – declarem independencia!!!!
    Por mim podem levar a zona sul toda – há uma grande parcela da cidADE QUE VIVE O VOSSO ABANDONO
    – agora que a mazela os alcançou, começa o chororô – bem vindo à Pavuna!!!!

  2. Excelente texto Rogério Amorim! Os recursos financeiros que Copacabana movimenta via comércio e turismo beneficiam toda a cidade, via impostos e geração de emprego. Apesar disso governantes estão permitindo Copacabana se tornar uma Cracolândia. Lamentável esse descaso!

  3. Baita discurso higienista.

    Tivemos experiencia de “higeinização” da cidade pra turista na Copa em 2014 e Olimpíadas em 2016. Passados esses eventos, o que mudou?

    Propostas higienizadoras como essa tem qualquer grupo de Zap. Quero ver propostas que ataquem a causa raiz desses problemas: o desemprego/precarização do trabalho e desigualdade social.

  4. Falar dó de zona sul e mole quero ver falar da cidade como um todo pois dizer que Copacabana e a princezinha da cidade e facil , lembrem se não e só de Copacabana que vivi a cidade tem outros bairros que passam pelos mesmos problemas e as nossas autoridades fingem que nada veem isso e o mesmo pensamento de Eduardo Paespalho e cia ltda .Acordem antes que seja tarde demais .

  5. Retirar das ruas os viciados, ladroes e mendigos, não quer dizer que estão violando o direito deles de ir e vir, porque esse direito constitucional não autoriza esse pessoal a ocupar os logradouros públicos. A ordem tem que ser restabelecida e para isso exige providências do Eduardo Pães e dos políticos, que estão assistindo tudo de Brasilia de camarote

  6. Sobre o ´direito de ir e vir´e o passaporte sanitário, o contrário também rola, né? Pq muitos dos defensores da liberdade de não se vacinar e entrar nos lugares seria a favor de tirar as pessas das ruas e até prender (sendo que os nao vacinados têm a liberdade de sair de casa, só não podem entrar em alguns lugares. Só vacinar que isso passa)
    No caso dos moradores de rua, eu não sacralizo a miséria. Só que a Prefeitura tem sim que tirar, mas dando dignidade. E temos que entender que muita gente tá ali pq ficou pobre. Um país que tem mais de 14 milhoes de desempregados e uns outros tantos milhoes na informalidade tem isso. A gente também tem que ir nas causas.

  7. O Rio é isto: um retrato da favelização que tomou conta da cidade. Em um lugar decente, haveria um plano para acabar com as favelas. Aqui, não! Há uma glamourização desses lugares, muito por influência da imprensa. E a tendência é só piorar.

  8. Realmente, Copacabana é terra de ninguém. Na verdade, diante da falta de ações da prefeitura e do governo do Estado, a desordem urbana, o desleixo, a degradação, a bagunça, a sujeira, a insegurança, estão tomando conta não só de Copacabana, mas de toda a Zona Sul. E isto não pode acontecer, porque esta região é a locomotiva da indústria do turismo do Rio de Janeiro.

  9. O Rio de Janeiro tem que salvar Ricardo de Albuquerque, Anchieta, Costa Barros, Pavuna e assemelhados!

    A desordem urbana só chegou à copacabana porque essa mesma gente deixou que chegasse primeiro àqueles bairros: mas não ligava pra isso! Agora, toma que o filho é teu!

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