Romário se afasta cada vez mais de Jair Bolsonaro na luta pelo Senado

Romário segue seguro de si, praticamente sem ser incomodado pela marcação bolsonarista, sempre ferrenha quando o assunto é adesão irrestrita a Bolsonaro

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O senador Romário (PL), candidato à reeleição, vem demonstrando um comportamento no mínimo indiferente ao presidente Jair Bolsonaro, em tese seu aliado ou pelo menos do mesmo partido político, o PL. A questão parece ir bem além de uma mera infidelidade.

O fato de o ex-jogador estar ainda na liderança das pesquisas de intenção de voto feitas até aqui talvez esteja criando a falsa ideia de que, seguro na proa, ele possa deixar o Capitão do seu próprio barco afundar com o resto da embarcação. Ou quase todo o resto da tripulação…

Isso porque Romário não vem dispensando esse tratamento com todo mundo que está “no mesmo barco”. É bem diferente a forma, por exemplo, como vem lidando com outro político do PL, o governador Cláudio Castro, que, a exemplo de Bolsonaro ante Lula (PT), vem enfrentando uma briga de foice com Marcelo Freixo (PSB).

O que surpreende é a apatia que a “militância” e o núcleo duro bolsonarista vêm demonstrando para cobrar de Romário a mesma adesão irrestrita que cobra de outros políticos país afora. No passado, o próprio Claudio Castro já foi alvo da ira de bolsonaristas mais radicais, insatisfeitos com a falta de entusiasmo do governador pelo Capitão.

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Até as redes sociais, tão ativas em outras ocasiões, se agitam feito marolas.

Um exemplo recente aconteceu no último dia 13/8. Como mostraram suas redes sociais, Romário teve uma agenda pela manhã, na Cadeg, com Castro, em uma dobradinha entre os dois que mais parecia Romário/Bebeto. Mas, à tarde, só Castro compareceu a um dos maiores eventos evangélicos do país, na Apoteose, ao lado de Bolsonaro.

Romário sumiu, e o sumiço dele gerou até algumas piadas de adversários na disputa ao Senado. Uma delas é de que o senador preferiu jogar futevôlei na Praia da Barra, em um sábado de sol, em vez de acompanhar o presidente em um evento de louvores para milhares de evangélicos. É apenas uma piada até que se prove o contrário, mas, na política, vale o dito popular: “A mulher de César não basta ser honesta; tem que parecer honesta

Comportamento muito diferente vem demonstrando os outros dois candidatos que se alinham ao presidente no RJ: Daniel Silveira (PTB) e Clarissa Garotinho (UB). O primeiro tem a preferência e o afeto dos bolsonaristas mais radicais, embora paire sobre sua candidatura a ameaça de inelegibilidade nas eleições deste ano. Já Clarissa corre por fora numa campanha completamente alinhada às ideias do atual presidente.

Não é nem o fato de o principal mote de campanha de Clarissa ser uma proposta já defendida por Bolsonaro, a da castração química para estupradores e pedófilos. Uma breve visita ao Twitter da candidata, e é possível perceber que ela defende mais o governo Bolsonaro do que a si própria. O veículo usado por Clarissa na campanha tem no vidro traseiro um adesivo dela ao lado de… Bolsonaro. E até o jingle oficial de campanha cita o presidente. Ou seja: enquanto um esconde, o outro mostra.

Essa inflexão de Clarissa para o campo da direita não é novidade. Quem a conhece pessoalmente sabe que ela sempre foi o membro mais conservador da família Garotinho e, recentemente, viu em Bolsonaro uma qualidade que sempre valorizou, mas que quase nunca encontrou na classe política que lidou com sua família ao longo das últimas décadas: lealdade.

Foi o que Clarissa percebeu quando Bolsonaro e ex-ministros importantes do seu governo, como Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Damares Silva (Mulher, Família e Direitos Humanos), Teresa Cristina (Agricultura) e João Roma (Cidadania), começaram a abrir suas portas em Brasília para ela apresentar demandas das prefeituras do Estado do Rio.

A retribuição de Clarissa não foi uma tarefa difícil, já que a atual deputada federal já se alinhava com boa parte das pautas bolsonaristas, principalmente aquelas ligadas a valores conservadores, contra o aborto e contra a legalização das drogas. Ao contrário de Freixo, por exemplo, que acaba de cair de paraquedas nestas pautas; alguns dizem, de forma oportunista. Romário, como durante todo o seu mandato, sequer se posiciona.

O que se viu nos últimos meses, então, foi uma quantidade enorme de eventos em que Clarissa compareceu para prestigiar Bolsonaro, enquanto Romário preferiu não dar as caras. Alguns deles, além do evento do dia 13 na Apoteose:

  • 31 de janeiro deste ano: O presidente Bolsonaro foi a Itaboraí, para dar início formal às operações do pólo Gaslub. Clarissa compareceu. Romário, não.
  • 31 de janeiro deste ano: Bolsonaro lançou a pedra fundamental da maior usina a gás natural da América Latina, em São João da Barra, interior do estado. Romário não foi. Vários políticos do estado compareceram, entre eles Clarissa.
  • em fevereiro deste ano: Bolsonaro foi a Petrópolis, ver a situação da região após a tragédia das chuvas e anunciar medidas para ajudar a população. Clarissa compareceu. Romário não participou do evento com Bolsonaro
  • dia 4 de abril deste ano: Bolsonaro participou de um evento no Cristo Redentor, onde anunciou medidas para a regularização da situação fundiária de terrenos para 12 mil famílias. Romário não foi. Clarissa estava lá.
  • 8 de junho: evento de formatura de sargentos da Marinha, no Centro de Instrução Almirante Alexandrino, no bairro da Penha,. Mais uma vez, Clarissa estava. Romário, não.

Além desses eventos, inúmeras vezes Clarissa compareceu a encontros da Frente Evangélica com o presidente em Brasília. Romário não.

Por ora, Romário segue seguro de si, praticamente sem ser incomodado pela marcação bolsonarista, quase sempre ferrenha quando o assunto é adesão irrestrita às ideias da direita conservadora. Isso vem lhe garantindo a possibilidade de esconder Bolsonaro de suas redes, de seus discursos e entrevistas. Só resta saber agora o que as urnas irão mostrar (e não esconder) no começo de outubro.

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