Rua Uruguaiana, no Centro, tem novo mercadão de camelôs coberto e amarga falência de diversas lojas

Um grande túnel azul, verdadeira estufa, é cenário de venda de mercadorias de procedência duvidosa, se tornando um verdadeiro empreendimento do crime. Enquanto isso, o único Shopping formal da região fecha as portas de sua praça de alimentação face à decadência da região que caminha para se tornar uma nova Feira de Acari

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Enquanto quase todo o comércio formal da Uruguaiana vai à falência, um imenso mercadão de mercadoria duvidosa nasce, com 'telhado' e tudo, bem no meio do canteiro central da Uruguaiana / Foto: DIÁRIO DO RIO

Quem caminha pela rua Uruguaiana (a antiga rua da Vala), já não consegue mais cruzar de um lado a outro. Mas não é por conta do trânsito não. A rua continua de ambu…digo, de pedestres, e com poucos carros. O que ocorre é que todo o canteiro central do logradouro que já foi tomado de pujante comércio de eletrodomésticos e roupas, já se havia tornado uma espécie de feira permanente de mercadoria de procedência duvidosa, roubada e falsificada. Mas agora, basicamente foi construído uma espécie de shopping coberto de lona azul, paus, arames e fios de varal, e não é mais possível ao pedestre sequer ver a luz do sol.

Começando praticamente no Largo da Carioca, em frente à loja de esquina com a rua da Carioca, ocupada por muitos anos pelo Ponto Frio e fechada há quase uma década, o que se vê é um túnel de lona sem fim instalado no canteiro central, onde o pedestre caminha pela “área coberta” da filial do Centro de uma verdadeira feira de Acari. Num calor de rachar – a lona não é exatamente o material mais desejável para manter-se o frescor e a brisa do ar livre – o que se vê é uma sucessão de mercadorias falsificadas expostas no chão por camelôs sentados em cadeiras de praia, comendo quentinhas que cheiram a vencidas, sem que haja sequer um metro de intervalo entre uma e outra exposição irregular de mercadorias. Um pesadelo da mobilidade.

Caminhando-se em direção à rua do Ouvidor, vê-se lojas e mais lojas vazias, mas com suas frentes ocupadas por camelôs vendendo outros tipos de mercadoria no que sobrou da calçada. Mas ainda assim não se consegue circular pelo canteiro central sem ser andando para frente – e olha que atrás vem gente – ou para trás. É como se fosse uma edificação sem paredes, um verdadeiro centro comercial, onde reina o irregular e as placas de “Compro Ouro”. É, sim; ali possivelmente compram o que roubaram daquele senhor espancado na rua Buenos Aires outro dia.

As malas de viagem são um caso à parte. Mais prestigiado, o “comerciante” que as vende ganhou direito a “ancorar” o ridículo empreendimento, construção azul que lembra uma mistura de Nova Delhi com Dakar. São dezenas de malas, mochilas e valises vendidas em meio às cuecas “Calvin Klein” de 5 e 10 reais. Depois de passar pelo prestigioso comércio de bagagens, retornamos ao túnel quente e que simboliza o caos e a desordem instaladas por Marcelo Crivella no Centro, mas que, por conta do tempo passado e da sua transformação recente em verdadeiro Shopping, parece já contar com o apoio do prefeito, ou, ao menos, de seus responsáveis pela manutenção da Ordem Pública. Sabemos que o carioca é bagunceiro, mas tudo tem limite.

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Seguranças de prédios na região – os que ainda tem emprego – disseram em anonimato à reportagem que a “Prefeitura tem medo porque sabe que os camelôs da Uruguaiana tem a proteção da milícia e, em alguns pontos, do Jogo do Bicho”. Um deles explicou que os pontos onde os camelôs clandestinos ficam são antigos pontos de contravenção; mas que como ‘ninguém mais joga no bicho ali‘, o ‘dono dos pontos’ alugaria estes pontos para camelôs, que pagariam semanalmente pela ocupação do espaço público. Não sei vocês, mas eu prefiro apostar 100 na Girafa do que ter minha cidade tomada pelo caos. Outro vigia explicou que os camelôs chegam a esconder armas em carros parados nas ruas Reitor Azevedo do Amaral e até mesmo escondem paus e barras de ferro que usam para assustar guardas municipais em cima e embaixo de bancas de jornal da região. Numa esquina mais adiante, um camelô vende tranquilamente quentinhas direto de um carro lotado, enquanto seus ‘colaboradores’ tentam equilibrar cerca de dez máquinas de cartão de crédito. Há quem diga que pudesse já alugar uma loja.

Recentemente, o Shopping Paço do Ouvidor, na região, jogou a toalha. Encerrou esta semana as atividades de sua Praça de Alimentação refrigerada e com 1.500m2, com banheiros luxuosos e 2 escadas rolantes, por conta da escalada da camelotagem ilegal que, segundo informa uma funcionária do Shopping, ainda tinha o hábito de usar os banheiros do empreendimento e levar quentinhas para comer nas mesas da Praça, que, segundo anunciada na época, recebeu um investimento de mais de 5 milhões de reais para estar à altura de qualquer empreendimento da Zona Sul. Procurada, a assessoria do Shopping espelhado – prédio mais moderno da região – disse que está “estudando um novo mix”. “A região está entregue às baratas e aos camelôs, que mandam e desmandam, inclusive impedindo a passagem de carros, cobrando pedágio, e agora mais recentemente, proíbem as pessoas de passar e atravessar de um lado a outro da rua, sem ser pelas ruas transversais. Fazem cara feia e ameaçam quem tenta penetrar o grande tubo azul”, diz a comerciante Henriqueta Dias, que fechou seu comércio e colocou sua loja pra alugar. Há 4 anos.

Enquanto grande parte do Centro se valoriza e vê mudanças, a região da Uruguaiana e do Largo de São Francisco agoniza, vendo o fechamento de mais e mais lojas, e o aumento da camelotagem que reina sem qualquer tipo de combate pelas autoridades, cúmplices absolutas da destruição de um polo comercial valorizado, assim como também da receptação de produtos roubados, e da venda de mercadoria falsificada nas barbas de uma polícia que olha pro outro lado e de uma prefeitura que parece ter decidido que para Reviver o Centro tem que matar a Uruguaiana, que agora volta a merecer seu nome original.

Enquanto isso, na região da Praça XV, muito progresso, inaugurações e badalação.

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38 COMENTÁRIOS

  1. O caos que que de forma acelerada vem se expandindo por toda a cidade do Rio de Janeiro transformando-a paulatinamente em uma gigantesca favela a céu aberto, se deve exclusiviamente a desenfreada corrupçao dos seus governantes, e agentes públicos de todas as secretarias de estado, especialmente às resposaveis pela segurança publica, e a classe politica tão desmoralizada perante a opinião publica, que estarrecida, já assitiu a prisão e cassação de governadores, (alguns condenados a mais de 400 anos) ,prefeitos, deputados, vereadores.

  2. Não há coisa pior do que ficarem criticando os camelôs, é bem feito os donos de lojas falirem e fecha las ,sabe porque?porque eles mesmos a anos explorando o consumidor com valores altíssimos dos produtos que eles diz que é tudo original, e ninguém sabe que eles compram tudo da China e até mesmo do Paraguai e ainda vem cobrar das leis que os camelôs são os culpados?tão de brincadeira, se os donos vendessem tudo barato como remédios, roupas,alimentos, e eletrodomésticos, nada disso estaria acontecendo. Mas a ganância impera, aí deu no que deu,que o último dos políticos que apaguem as luzes do Titanic, pois ele já afundou é eles os políticos e donos das lojas não sabem que afundou.

    • É serio isso?
      Será que vc quer que o comerciante venda tudo barato apesar dos altos tributos que os camelôs não pagam?
      Será que pode ser encarado como fim social o comércio? Era só o que faltava!

    • Jefferson, faz o seguinte: abra um comercio legal, pague todos os tributos e taxas direitinho, todas as contas e outros custos impostos, e tente sobreviver dessa forma. Eu so digo uma coisa: pelo menos o comercio legal nao emporcalha e nao enfeia a cidade como os camelôs fazem.

  3. Ahhh nada como fazer o L.. Em Recife Pernambuco, também está assim só que nem camelô têm mais, e em breve todos os estados brasileiros, não me surpreenderia se em futuro próximo, o povo brasileiro estiver matando cachorros como fizeram na venezuela.

  4. Todo mundo acha que é falsificado,e daí eu cansei de comprar nas lojas tudo também falsificado até celular tá falsificado, aí vem comentários ruins que só camelo tá errado eu fico p da vida quando a loja ou os donos metem a mão num produto que poderia ser bem barato,falsificado é os donos de lojas,vocês acham que os donos compram tudo da fábrica?tudo vem ou dá China ou do Paraguai que volta pro Brasil do mesmo jeito ,então não vem com chorumelas,pois quem é mais falsificado são os donos de loja e os políticos e é bem feito mesmo que fecharam as portas,porquê a conta chega pra todo mundo, pobre ou rico a que se faz aqui se paga.de tanto cobrarem caro e se darem bem que chega um dia a justiça divina cobra,à 40 anos atrás não tinha camelo pois todo mundo ganhava bem e todos pagavam a vista,não tinha cartão de crédito, se tinha eram poucas pessoas que usavam,até mesmo não precisava ,pois era tudo barato,seja comida,seja roupas,seja eletrodomésticos, e remédios, aí agora vem reclamar, de quê a culpa não é dos camelôs não é sim dos políticos e donos de lojas comerciais e detalhe ainda vai piorar mais se combaterem os camelôs, tem que combaterem os políticos indo lá protestar das M que eles estão fazendo.,pois não temos saúde, não temos educação, não temos moradia,e tão pouco emprego, e se conseguir um emprego o pobre coitado ,acaba pagando pra trabalhar, com salários miseravelmente falando e horas excessivas como trabalho escravo sem nenhuma leis pra cobrar,enfim que o último apague a luz do Titanic, pois ele já afundou é o povão não sabe que já afundou é tá no fundo do oceano.

  5. Enquanto a moda do empreendedorismo de farrapos continuar… enquanto não houver empregos e educação decente para o povo… enquanto não houver moradia decente….. é isso que vai continuar a acontecer. Vemos bairros nobres lotados de novas incorporações imobiliárias para investidores especulativos…. enquanto isso as comunidades nas encostas e nas invasões só proliferam…. o subúrbio e a zona oeste agonizam… o sitiamento dos camelôs nada mais é do que consequencia disto….

  6. Nossa cidade está abandonada faz anos. Ninguém quer saber de produzir a mocinha mais visitada do Brasil, a nossa capital fluminense. Da tristeza passar pelas belezas do centro da cidade, como a arquitetura francesa, portuguesa e muitas outras largadas as traças. O que temos pra vê na nossa cidade é abandono e sujeiras pra todos os lados. Já o crime/roubo/golpes/prostituição eu não vou nem falar

  7. Interessante é que o problema ou indignação tem nome: Marcelo Crivela. Estou carioca de coração há 32 anos e desde que cheguei em 1991, a região citada sempre foi “Terra de Marlboro” sob o desgoverno de Marcelo Alencar, César Maia, Luis Paulo Conde, Dudu “Nervoso” Paes e por aí vai. Menos ativismo político, mais equidade e imparcialidade ajudam a acreditar nas reais intenções de quem “clama” por liberdade e democracia! O Rio não é para amadores!

  8. Esse regresso é fruto de anos de desgoverno no Município! Lojistas a beira do colapso empresarial e ambulantes as margens do “oportunismo” surfando nas ondas da desordem e do caos! O Rio de Janeiro deixou de ser promissor desde os tempos coloniais. Aqui se tem, a perder de vista, mais malandro do que otário. Enquanto o malandro VIVER, otário sobrevive!

  9. Acho que a Matéria deveria focar em punir, remover os políticos corruptos. Pois o que estraga o Brasil é a impunidade, Os maiores ladrões, assassinos e destruidores são os políticos e ninguém faz nada para puni-los. Estão a solta, se re-elegendo na maior cara de pau, e sem o voto do povo, pois fraudam as eleições.

    Camelos são consequência da imoralidade de nossos governantes e são o menor dos problemas.

    Pena de Morte aos políticos, os preços caem, as lojas lucram e o povo não precisa ter que trabalhar desse jeito pra se sustentar, e assim acaba o comércio ilegal.

  10. Cade os guardas Municipais? Cade a Prefeitura? Uruguaiana está cheia de Equadorianos camelôs tudo clandestinos, vem pro Rj pra trabalhar na rua clandestino, enquanto isso um monte de lojas fechadas ,e um monte de mercadorias de má procedencia vendida nas ruas do Rj….

  11. Enquanto isso o centro de Duque de Caxias é outro nivel. Calçadões cheios, mas de gente. Comércio cheio também. Nenhuma loja fechada! E quase nenhum camelô. De tudo tem e de tudo você encontra, difícil passar por ali “só de passagem” sem comprar alguma coisa. O centro do Rio, bem como Madureira e Méier, estão uma lástima.

  12. A Cidade como um todo está um lixo, essa região da Uruguaiana e seu famigerado camelódromo é a imagem da vagabundagem, da decadência moral e criminosa que se transformou o Rio de Janeiro. Uma coisa horrorosa aquele camelódromo. Insalubre, horrendo, mercadorias de procedência ilícita, vagabundas, falsificadas e comercializadas numa das principais avenidas do Centro da Cidade. O Prefeito, um inútil, vazio e demagogo, finge não ver aquele mafuá horroroso e fétido. A Rua Uruguaiana, a exemplo de outras do Centro, já há tempos está tomada por esse comércio ilegal e a desordem urbana impera sem limites. O carioca tem que abandonar este lixo de cidade, evidentemente aqueles que podem, aos que ficam, esperem dias melhores, vai acontecer quando o Sargento Garcia prender o Zorro! O Rio está falido há tempos!

  13. Centro da Cidade se acabou desde que o nosso digníssimo Prefeito resolveu “mudar” o Centro, invertendo sentido das ruas, acabando com a Praça 15, colocando esse VLT que só dá prejuízo, acabando com aRio Branco,acabando com a Cinelândia, acabando com a Praça 15, acabando com o Centro de forma geral, e hoje quer revitalizar o centro para meia dúzia de construtoras e ele achando que isso aqui é Paris.

  14. Há algum tempo o Diário do Rio publicou uma matéria retratando a mesma Uruguaiana (03/08/2022) citando um caso de intermediação imobiliária para uma rede de material esportivo, onde o representante da empresa foi brindado com os camelos a porta da loja e, no fim da visita desistindo do local, soltou uma frase que ficou no jornal, virou bordão e foi além-mar: Reviver Centro é o Cacete!!! Passaram os anos, tentou-se de tudo, o que mudou. Tristeza é o veículo se perder tecendo loas seguidamente ao alcaide Dudu e sua coroa de chapéu de “santo” malandro e tratar a cidade como se fosse “As Cronicas de Nárnia” e um mundo imaginário. Deu resultado? Enquanto isso, vamos melhorar a frase: Rio é o cacete!!!

  15. O paespalho está preocupado, apenas, em implantar a tirole$a no pão de açúcar.
    Afinal de contas, esperar o que do comparsa do ladrão condenado?

  16. Mais uma vez o Diário do Rio é a “voz do povo”.
    Lojistas,assim como os demais cidadãos, se bem asolados por mazelas como praças tomadas por viciados(Cruz vermelha), e ruas tomadas por ambulantes.
    É direito, é necessidade,do cidadão ao trabalho autônomo, desde que com os mesmos rigores e deveres dos comerciantes.

  17. Vá a Madureira, lá só tem camelô e mercadorias ilegais, pirataria e mercadoria roubada é o que impera, coitado dos lojistas e alguns audaciosos e que precisam passar pelas ruas

  18. Excelente matéria. Parabéns, Quintino. Sua reportagem mostra o amor que tem pela cidade. Muito obrigado por esfregar na cara das autoridades esses absurdos. Essa gente omissa e covarde, que não assume suas responsabilidades.

    • Parabens pela matéria HORROROSA e ELITISTA, cheio de desinformação e preconceito.

      É sério mesmo que alguém escreveu isso e não teve ninguém pra avisar? Ridículos! jornalzinho fuleco

  19. Venha para a Cinelândia e veja a situação caótica em que se encontra. Inúmeras lojas fechadas, população de rua em número elevado, com seus cachorros, insegurança em qualquer horário, ruas sujas, calçadas cheias de buraco. Está lamentável.

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