Estudante de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e faixa preta de taekwondo, Maria Mariá, a Rainha de Bateria da Imperatriz Leopoldinense, tem apenas 22 anos e já coleciona sucesso na Sapucaí. À frente da bateria da agremiação do bairro de Ramos desde 2022, Maria é cria do Complexo do Alemão, comunidade vizinha à quadra da escola. Desde criança, ela faz parte da Imperatriz, começando como integrante da ala mirim e, mais tarde, desfilando na ala das passistas.
O anúncio de Maria como rainha de bateria da Imperatriz em novembro de 2022 foi um marco em sua trajetória. Antes dela, o posto era ocupado pela cantora Iza, e a escolha de Maria como nova majestade da Swing da Leopoldina simbolizou uma nova fase para a escola de samba, fazendo parte de uma estratégia de reaproximação da Imperatriz com a comunidade do Complexo do Alemão.
O reconhecimento no Carnaval trouxe visibilidade e, com ela, desafios. Maria enfrentou críticas e ataques, incluindo ofensas racistas nas redes sociais em setembro de 2023, episódio que a fez registrar ocorrência policial. No entanto, a jovem rainha de bateria afirma que não se deixa abalar e que está focada em seu trabalho e em sua missão dentro da escola. “Estou acostumada a lidar com as adversidades. O importante é saber quem você é e o que representa”, comenta com firmeza.

Para ela, a presença de integrantes da comunidade na escola de samba é fundamental para a construção da identidade da agremiação. “Neste ano, estamos divididos, metade das pessoas são famosas e metade são da comunidade. Cada escola tem sua gestão e sua identidade, e a Imperatriz entendeu a importância de representar o povo do Alemão”, diz Maria. Ela também destaca o valor do pertencimento: “Na Imperatriz, não sou só eu que venho da comunidade, a maioria do time é cria daquele chão. Isso é um ponto muito importante na construção da nossa identidade.” disse em entrevista à revista Marie Claire
Neste Carnaval, a Imperatriz Leopoldinense leva à Marquês de Sapucaí o samba-enredo Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón, do carnavalesco Leandro Vieira. O enredo narra a ida de Oxalá ao reino de Xangô, dois orixás cultuados no candomblé, e promete emocionar o público com sua profundidade cultural e religiosa.