Santos Dumont, essencial para o Rio

A ideia de substituir o Aeroporto Santos Dumont é uma aquelas ideias mirabolantes e estapafúrdias que reaparecem por aí de tempos em tempos

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Foto: Marcelo Carnaval

Recentemente circulou uma ideia requentada: uma proposta de substituir o simbólico Aeroporto Santos Dumont por um novo bairro no Centro da Cidade. É uma daquelas ideias mirabolantes que reaparecem por aí de tempos em tempos. Aqui, aproveitamos a provocação da circulação de mais esta “inspiração” arquitetônica para falarmos um pouquinho daquela preciosa área e de como ela é querida e protegida na Cidade do Rio de Janeiro.

O Aeroporto Santos Dumont é icônico não só para a Cidade, mas também para o Brasil, levando, unicamente, o nome de batismo do Pai da Aviação no país. Assim, mesmo que um dia ele não receba mais nenhum avião, o que tenho certeza não acontecerá tão cedo, continuará a existir como símbolo físico da nossa aviação. Não é por outra razão que o jornalista Elio Gaspari, em artigo publicado em 2003 a propósito de um projeto de ampliação do mesmo pela Infraero, assim o descreveu:

“O novo terminal ficará num dos mais belos pedaços deste mundo, aquele que vai da enseada de Botafogo à ponta do Calabouço. O Padre Eterno colocou ali em frente à entrada da barra da baía de Guanabara com o Pão de Açúcar. Esse percurso tornou-se um monumento à cultura nacional e à boa administração de Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda, que fizeram o Aterro. A Lota Macedo Soares, que o executou, blindando-o contra a picaretagem. A Roberto Burle Marx, que desenhou seus jardins. À arquitetura brasileira e Afonso Eduardo Reidy, que plantou ali o MAM e suas geniais passarelas. A maravilha termina no terminal do Santos Dumont, um dos mais bonitos aeroportos do mundo. Seu projeto é dos arquitetos Marcelo e Milton Roberto, resultado de um concurso público de 1937”. 

Não só o local é um ponto estratégico da Paisagem Cultural Mundial do Rio, como o aeroporto é tombado pelo Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro, pelo seu valor arquitetônico e também pelo seu significado histórico no desenvolvimento da Cidade do Rio de Janeiro. Seu prédio, projeto dos irmãos MM Roberto, é um marco da arquitetura moderna.

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Se o prédio do aeroporto não fica dentro do sítio tombado nacionalmente, o Parque do Flamengo – que constitui área de referência do Sítio Paisagem Cultural Mundial -, o trevo de sua entrada, desenho de Burle Marx, está sim dentro da área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

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Por isso todo o Aeroporto Santos Dumont (a área e os prédios que o compõem) por constituir-se vizinhança imediata de bem tombado pelo IPHAN, e área de amortecimento do Patrimônio Cultural Mundial, e bem tombado pelo Estado do Rio de Janeiro, tem a sua integridade absolutamente garantida.

E assim, a bela cidade do Rio de Janeiro continuará protegendo a sua inigualável paisagem, que é sua maior riqueza, e patrimônio de todos os cidadãos brasileiros.

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7 COMENTÁRIOS

  1. A professora Sonia Rabello, a quem respeito profundamente, infelizmente penso que errou a mão ao utilizar os termos “estapafúrdio e mirabolante”. Além do mais, aparentemente não teve a curiosidade de compreender o conceito integral da proposta, a qual inclui o Santos Dumont, mas é muito mais do que isto. Este engloba a mobilidade da cidade, a geração de empregos, a injeção de recursos na combalida economia carioca e ainda propõe um modelo de negócios, onde se troca dívidas de grande monta (principalmente empreiteiras – ex: Odebrecht) por obras públicas. Neste modelo a administração pública atua apenas na arbitragem gestão das ações. Os recursos não passam pela “caixa-preta” da gestão pública.
    Todos os supostos argumentos “contra” citados foram considerados na proposta e afirmo que todas as “preocupações” são absolutamente infundadas. Como exemplo, cito que não há a demolição do edifício do SDU, inclusive poderemos continuar a fazer o check-in neste local devido à sua localização e serviços de transporte. O que se aproveita é a pista, que é similar à área do Leblon. Enfim, existem vários pontos a favor que devem ser considerados e que são intraduzíveis neste espaço. Para saber mais, convido a todos a visitarem o site (em construção) https://bit.ly/Metrô_Ilha_Bairro_Dumont

  2. Eu não entendo de aviação, mas concordo plenamente com o colega que disse que este tal pólo não se concretizará por todos os motivos que sabemos…..Tirar o Aeroporto Santos Dumont de onde está hoje, é como tirar o Cristo Redentor do Morro do Corcovado. Quanto ao fato de estar próximo a prédios, o Aeroporto já está lá bem antes destes edifícios altos, e que a especulação imobiliária se preocupasse com isso naquela época, quando os aviões já faziam sua manobras aéreas aos arredores, e não agora. Os incomodados que se mudem. Não vamos trocar o Santos Dumont que é belíssimo, por algo que certamente não dará certo. Promessas vazias, e farras, repito, como disse o nosso colega Rubens, das empreteiras. Me desculpe estar usando também palavras de outrem, mas suas palavras são as mesmas das minhas. Não se tem outra coisa a dizer, e ele está certíssimo. Temos muitos lugares no Rio de Janeiro que pode ser construído pólos tecnológicos, e o diabo as quatro. Inclusive ilhas de fato às margens da cidade podem ser usadas como este empreendimento que a meu ver, pode até ser começar a construir, mas não será continuado e materiais perecerão.

  3. Atualmente ,ambos os aeroportos cariocas servem para nos levar aos hubs de São Paulo,Campinas,Belo Horizonte e Brasília.
    Não há necessidade de 2 aeroportos para isso.

  4. O galeão é a cara da privatização. Não há garantias de melhoras em nada e sim a garantia do aumento de tudo sem retorno a altura. Além de ser isolado, tem um rio apodrecendo ao lado. O brasileiro precisa de opções e graças ao Santos Dumont, as pessoas ainda tem como escolher o custo benefício pra todos. Relacionado aos riscos, isso tem em qualquer lugar e o que se pode fazer e investir e melhorias. E todos ganham.

  5. No artigo não vi nada descrito como algo “Essencial” para a Cidade como chama a matéria. A substituição da área do aeroporto Santos Dumont por um bairro planejado, sustentável, moderno, tecnológico e incentivado para empresas e moradias se estabelecerem não é uma má idéia, a área do aeroporto é praticamente a mesma do Leblon, por exemplo, mantendo apenas a instalação do Terminal de 1937 como museu/centro cultural. O Galeão foi planejado desde o seu nascimento para se tornar um aeroporto que o tempo não iria inutilizá-lo e nem a modernidade com o passar do tempo, diferente do Santos Dumont que foi criado em uma época onde a aviação nacional estava engatinhando e não era necessário grandes áreas para as operações de aviação e tão pouco necessárias pistas extensas. A verdade é que, hoje em dia, se o Aeroporto Santos Dumont tivesse que ser construído onde é hoje nem mesmo o IBAMA iria permití-lo, quem dirá os riscos dos aviões passando nos bairros de Botafogo, Flamengo e até mesmo pela Ponte Rio-Niterói em baixa atitude para aterrissar e sem contar o pouco espaço que se tem para as pistas. Nós cariocas e fluminenses devemos deixar esse apego de lado e começar a pensar no futuro, pensar no longo prazo, na modernidade e respeitar a história e o passado mas sem apego, devemos investir no Galeão, ele já tem a infraestrutura e suporte para aguentar as operações dele e a do Santos Dumont juntas e acredito que seria mais barato para as empresas aéreas sustentarem e operarem apenas um local de operação em vez de dois com poucos quilômetros de distância entre os dois. O Galeão também não é “patrimônio de todos os cidadãos brasileiros”? Devemos nos desfazer dele já que não temos apego a ele? Já que ele não nos dá comodidade de ser perto do Centro? Não tem o tal do “eu pego um táxi e já estou lá!”. Mas tem o tal do “nossa, eu tenho que passar pela Linha Vermelha, é melhor não!”. Foram planejados e investidos tanto dinheiro e esforços da população para que o Galeão tenha a infraestrutura que tem hoje para ser abandonado como está? Pela simples falta de organização e atenção que damos ao potencial do Galeão, foi tudo em vão? Olhemos para o futuro, sem apegos!

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