O ano que passou foi rico em número de resgates de animais silvestres realizados pela Guarda Ambiental de Saquarema. Bichos de todos os tipos têm sido socorridos pelos agentes num processo ininterrupto. Uma tarefa que, peculiarmente, respeita a sazonalidade de cada espécie, quase sempre ligada ao período de reprodução. Na maioria das vezes atendendo a chamados dos moradores, os agentes efetuam os resgates, se necessário encaminham os animais para cuidados médicos e, por último, realizam a devolução do espécime à natureza.
A Guarda Municipal Ambiental de Saquarema foi criada em abril de 2012 com atribuições legais de proteger o meio ambiente, o patrimônio histórico, cultural, paisagístico e ecológico do município. Mas a principal das mudanças para melhor aconteceu em agosto de 2021, com a implantação, pela Prefeitura, do grupamento turístico e ambiental. Com isso a Guarda Ambiental passou a ficar subordinada diretamente à Secretaria de Segurança e Ordem Pública, ganhando autonomia administrativa e funcional, o que fez com que se tornasse mais atuante e eficiente.
As espécies e os resgates
Pinguins, tartarugas corujas cobras e gambás estão entre os campeões de ocorrência, mas têm, ainda, asmaritacas, urubus, gaviões, socós, ouriços, lagartos, colibris, capivaras, lontras e tamanduás entre os resgatados. Vários casos são de adultos feridos e muitos envolvem filhotinhos, que se encontram vulneráveis devido à morte da mãe.
Nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro de 2021, a Guarda Ambiental realizou o resgate de 159 animais. No mês de dezembro, cuja estatística acabou de fechar, 35 resgates foram realizados. Por não estarem em condições para retornar ao seu habitat natural devido a machucados, por exemplo, animais nessas condições são encaminhados para o Instituto BW – ONG voltada para a preservação e reabilitação de animais selvagens localizada em Araruama, no Distrito de Praia Seca. Na instituição parceira permanecem recebendo o tratamento necessário para a futura reinserção na natureza – com certeza a melhor parte do trabalho.
Normalmente, os procedimentos ocorrem com tranquilidade. A última exceção foi o resgate de um tamanduá, que havia se envolvido numa briga com dois cachorros e estava bastante ferido, necessitando de maior atenção. Já entre as ações de destaque estão o resgate de três filhotes de urubus, por serem difíceis de encontrar; e o de um tamanduá-mirim, animal menos raro de se achar, mas que pela beleza desperta amor em todos aqueles que com ele se deparam.
Os quatro resgates mais recentes realizados foram o de uma cobra, duas capivaras e um lagarto Teiú, este no último dia 04. A cobra, da espécie philodryas, não peçonhenta, popularmente conhecida como corre-campo ou limpa-campo, foi retirada de um estabelecimento comercial na Praia da Vila. Uma das capivaras estava dentro do quintal, no bairro Boqueirão. A outra, após correr entre os carros, se refugiou numa lanchonete de fast-food, em Bacaxá. O Teiú, espécie bastante agressiva que pode chegar a 2 metros de comprimento, foi resgatado numa Unidade de Saúde no Rio d’Areia. Todos os animais foram reinseridos na natureza, após exame veterinário e a constatação de seu bom estado de saúde.
Já a mais recente soltura de animal resgatado ferido foi a de uma maritaca, devolvida ao seu habitat após ficar mais de 2 meses internada em recuperação. Na fila das futuras operações se encontra a solicitação para o resgate de dois jacarés, a serem retirados de um lago, numa propriedade privada. No momento está sendo feita a limpeza desse lago para possibilitar um resgate mais seguro dos animais.
Resgatar animais silvestres pode ser considerada uma tarefa sazonal, no que diz respeito às espécies que necessitam de ajuda. De junho a agosto, por exemplo, são encontrados pinguins, que chegam às praias com as águas frias do Atlântico Sul em busca de alimentos. Entre julho e setembro, é o período migratório de baleias e golfinhos, que vêm da Antártida para se reproduzir em águas mais quentes na costa brasileira. É quando as ocorrências são de encalhe de baleias. Também em setembro, começa o período reprodutivo dos gambás, aumentando exponencialmente os resgates desses animais. É igualmente na primavera que as corujas se reproduzem, no Brasil, o que faz aumentar bastante o número de chamados envolvendo a espécie. Já entre o inverno e a primavera, são encontradas muitas cobras, por dois motivos: um é o período de acasalamento e reprodução, o que inclusive torna o animal agressivo; e o outro é que por terem sangue frio, em épocas de temperatura mais baixa, as cobras procuram lugares quentes para ficar, por vezes comuns aos humanos.