Sem exibição diária, Cine Odeon acompanha o esvaziamento do Centro do Rio

O Odeon sofre com a decadência do Centro da cidade. A bela fachada e a arquitetura rebuscada do seu interior contrastam com a sujeira das calçadas e a algazarra produzida pelos moradores de rua

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O mais antigo cinema do Rio de Janeiro não tem exibição diária de filmes desde outubro de 2020 / Reprodução

O encerramento das exibições diárias de filmes no Cine Odeon, na Cinelândia, no Centro do Rio, deixou muitos amantes da 7ª arte sem mais um espaço para o deleite cultural. Quem não ficou ansioso para assistir a algum filme do Festival do Rio ou do Festival Varilux de Cinema Francês, no Odeon, não faz ideia da felicidade que era ter contato com produções de alto padrão e que não eram exibidas nos cinemas comerciais.

A Cinelândia e o Odeon, mais do que uma praça e um cinema, formam um casal cultural e simbólico no imaginário carioca. Falar em ambos, é falar também em política e arte, nas telas e nas ruas.

Assim como Cinelândia, o Odeon sofre com a decadência do Centro da cidade. A bela fachada e a arquitetura rebuscada do seu interior contrastam com a sujeira das calçadas e a algazarra produzida pelos moradores de rua, que tornam uma missão desagradável passar pela frente do Odeon.

Inaugurado em 1926, o Odeon é o mais antigo cinema da cidade ainda de pé. Pertencente à rede Kinoplex, desde outubro de 2020, não conta com sessões diárias de filmes, apenas recebendo grandes eventos, quando acontecem. Afora isso, o espaço fica fechado.

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O encerramento das atividades do Odeon representa apenas mais um triste capítulo do esvaziamento cultural do Rio de Janeiro, que já perdeu a maior parte dos cinemas de rua, teve vários teatros fechados e, ainda tem que assistir à degradação das carcaças do Teatro Vila Lobos (Maravilhoso!) e do histórico Canecão.

Dois irmãos mais novos do Odeon não suportaram as pressões das mais variadas mudanças que afetaram a forma das pessoas se relacionaram com o conteúdo cinematográfico. Os cinemas Roxy e Joia, ambos em Copacabana, também não resistiram e foram tragados pela crise produzida pela fatídica pandemia de Covid-19. É bom que se diga que esses cinemas eram as últimas salas tradicionais em funcionamento no bairro, que já contou com vários cinemas de rua, inclusive o inesquecível Rian.

Em entrevista ao jornal O Dia, a gerente de Marketing do Kinoplex, Patricia Cotta, apontou o esvaziamento do centro como o deflagrador do esvaziamento do Odeon. Segundo Cotta, “o cinema já não apresentava um resultado positivo, mostrando-se um espaço exclusivamente para eventos, quesito no qual ele funciona muito bem.”

Para Patrícia Cotta, o fato de o Odeon não ter mais exibições diárias não representa um perda cultural, uma vez que os eventos, quando realizados, são abertos ao público. “O cinema não foi fechado para o público. Muito pelo contrário. Mantivemos a operação para preservar a cultura e apenas adaptamos o formato com eventos que, em sua maioria, são abertos a todo o público,” ressaltou a gerente de Marketing do Kinoplex.

Se passar em frente ao Odeon de dia já uma aventura, à noite é um verdadeiro safari. Quem diria que a ‘Maratona Odeon’, que atraía os cinéfilos corujões e começava à meia-noite, seria apenas mais uma lembrança, entre tantas que passaram a compor o imaginário de perda cultural e saudade do carioca. Precisamos revitalizar culturalmente o Rio. Chega de saudade!

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9 COMENTÁRIOS

  1. Existe uma máxima do modo de implantar negócios nos EUA e vale pra qualquer lugar do mundo: estacionamento, estacionamento e estacionamento…E perto do Odeon e do Teatro Riachuelo tem estacionamento. Mas qual o motorista que vai levar familia, amigos, para estacionar alí…Tudo escuro, cheio de gente estranha circulando, um horror, parece filme de zumbi. E se quiser variar, pior ainda. Pontos de táxi são poucos, mesmo com os apps é aventura digna de filme de Tom Cruise descer de carro alí…Usar ônibus, é nota de enciclopédia de animal extinto, não existem mais. Ah, temos o Metrô, estações com pouca iluminação nas escadas e tuneis. Segurança mínima só dentro das composições. E o VLT, fique na plataforma e correrá risco de ser depenado em minutos. Qual o operador de negócio que vai colocar eventos nessas condições. O que é feito hoje é só para manter o espaço esperando dias melhores, estes cada vez mais em algum lugar no passado…

  2. Quando começaram a retirar os pontos de ônibus do Centro e fazerem as obras do VLT, na gestão anterior do Esuardo Paes, eu comentava que estavam promovendo um forte esvaziamento do Centro, impondo dificuldades para as pessoas lá chegarem e que em eleições futuras, uma das principais pautas seria a necessidade de reocupar o Centro. Foi exatamente o que ocorreu nas últimas eleições municipais.

  3. Acredito que a crise Cinematográfica, não foi, na minha opinião, pela Pandemia, nem pouco caso de políticos. Haja visto que o Metro Copacabana, Art-Palacio e o Cine Rian, encerraram suas atividades, muitos anos antes da Covit-19, e tudo mais. No meu modo de ver, o culpado desses fracassos são: os Vídeos Cassetes e o surgimento dos firmes nos canais da Internet, ou seja, comodidade de nossas casas e sem pagar ingresso.

  4. Reportagem rasa e preconceituosa indicando como se os moradores de rua fossem a causa da crise do cinema. Análise preguiçosa.

    O Centro do Rio ” optou” por um modelo de ocupação muito questionável há décadas. A especulação imobiliária forçava o metrô quadrado se alguns locais custarem um fortuna e outros locais eram abandonados. Quem lembra da região portuária há anos atrás? Um deserto! Perigosíssimo.
    Outro ponto ocupação foi a ocupação meramente comercial, fazia que qualquer passeio fora do horário comercial fosse um desafio. Quem se aventurava nós teatros a noite nos fins de semana, não poderia se afastar da rua do teatro. Isso porque nunca existiu ocupação mista no Centro, moradia + comercial. Portanto, ficar no Centro após a 18:00 era risco de vida.

    De quem é a culpa poder público, falta de planejamento da ocupação do local, da sociedade que abandona a região e da especulação imobiliária.

  5. Não, não foi culpa da pandemia! O esvaziamento dos cinemas iniciou-se com o advento de novas formas de assistir a filmes e shows. O esvaziamento do centro do Rio iniciou-se com implantação do trenzinho (VLT) por aquele Governador que esta preso, por aquele atual prefeito e por aquele tao adorado entao Presidente, dai varias ruas desertas com comercio fechado, varias pessoas perderam empregos e varios pontos de onibus mudaram de lugar e/ou deixaram de circular. Pegar onibus na rodoriaria virou um martirio e um paraiso para os taxistas.

  6. A grande realidade que entra político sai político e todos prometem ajudar o povo etc. Aí quando ganha não faz nada pela população e sim em pro de si ou de terceiros. Aí entra no último ano de mandado volta as promessas. O povo precisa cobrar desses governantes melhores condições de vida. Olha quantidade de imóvel existe no centro hoje vazio?

  7. Achei meio raso culpar simplesmente a pandemia e as pessoas em situação de rua. Será que o abandono do poder público, a falta de fomento à cultura, fuga de patrocínios estatais, e por fim, o desastre na condução da crise, não contribuíram pra toda essa decadência? E será que estamos fadados a apenas viver de nostalgia, sem cobrar mudanças e investimentos?

  8. Eu fico embasbacado como algumas personalidades ainda tem a cara de pau de falar que o Centro está sendo revitalizado. Qualquer um com o mínimo discernimento pode ver que ali virou um grande favelão abandonado. Ninguém com 1 neurônio funcional vai querer se estabelecer naquele lixão, inclusive hoje se encontra aluguel de sala só pelo condomínio e lojas que o dono só quer que paguem o IPTU.

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