Sítio arqueológico recém-descoberto em Sepetiba vira lixão

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Do lixo ao luxo e do luxo ao lixo. Esta é , de certa forma, a situação que vive o Forte de São Paulo, sítio arqueológico que fica em Sepetiba, citado como desaparecido há séculos nos livros de história e encontrado em janeiro do ano passado.

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De acordo com relatos históricos, o Forte de São Paulo de Sepetiba foi construído em 1818, em um morro pouco elevado, formando duas reentrantes, uma com a praia de Sepetiba e outra com as de Arapiranga e Piahi. A fortificação tinha 19 canhões, que cruzavam fogo com os fortes de São Leopoldo e São Pedro, localizados na mesma região.

Contudo, ao longo do século XIX, o Forte de São Paulo e as demais fortificações da área foram perdendo a importância defensiva. Além disso, ocorreram muitas explorações e aterros na região. Com isso, em 1885, o Forte estava em ruínas, até que desapareceu.

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A turismóloga Telma Lopes foi a primeira a notar o Forte desaparecido, em outubro de 2017. Chuvas haviam provocado um deslizamento de encosta. Passando pelo local, Telma, então, percebeu que havia algo, do ponto de vista histórico, importante ali.

“Na faculdade, a gente aprende a identificar sambaquis. Eu passava pelo local e ficava indignada com a quantidade de lixo que havia lá. A Comlurb escavava para limpar, aí notei que poderiam ser sambaquis. Fiz contato com o arqueólogo Cláudio Prado, mandei umas fotos para ele e ele veio avaliar. Acabou confirmando mesmo que eram sambaquis e que ali estava o Forte de São Paulo de Sepetiba, que estava perdido”, disse Telma.

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No local, além dos sambaquis, dos resquícios do Forte, também foram encontradas louças antigas. Os sambaquis são formações constituídas, principalmente, de conchas de moluscos, formadas ao longo de milhares de anos pelas populações que habitavam regiões litorâneas.

“No dia 6 de janeiro, fomos ao local e detectamos a existência do sitio arqueológico. Durante a semana fizemos uma profunda pesquisa documental e no dia 09 de janeiro fizemos o registro do sitio junto ao órgão federal sob o numero IPHAN 01500.000115/2018-63”, contou Cláudio Prado, arqueólogo e diretor do Museu da Humanidade.

Após o boom da descoberta, o sítio arqueológico se tornou uma referência. As pessoas, curiosas, passaram a visitar o lugar na intenção de ver de perto a novidade histórica local. Todavia, a fama durou pouco.

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representação de como poderia ser o Forte

“Devido a vulnerabilidade do local, tornou-se urgente a proteção da área e fizemos contato com o IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade) e com o apoio do vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro Willian Coelho (MDB), foi providenciado a limpeza do lixo que era então depositado no local. Acompanhamos a colocação de mourões no entorno do local e tivemos a conclusão das ações emergenciais de proteção do entorno do mais novo sitio arqueológico da cidade do Rio de Janeiro”, pontuou Cláudio Prado.

No entanto, com o passar dos meses, a placa que destacava o local do sítio arqueológico foi removida, as pessoas voltaram a jogar lixo e tudo retornou a ser como era antes: um espaço abandonado.

Segundo informações, a proprietária do local não ficou muito satisfeita com a descoberta arqueológica, pois ela teme perder o terreno. A reportagem tentou contato, mas não obteve resposta.

“Sobre o lixo, a Prefeitura deveria mandar fiscais para multar, porque no bairro não há efetivo suficiente da Comlurb e guardas municipais. Sobre o sítio arqueológico como um todo, a situação deveria ser denúncia diretamente para o Centro Nacional de Arqueologia, um subdepartamento do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Assim, essa destruição pode ser interrompida e o local poderá ser, finalmente, estudado novamente. O trabalho de limpeza e catalogação das peças, ainda nem começou, pois o arqueólogo foi impedido pelos proprietários. O IPHAN tem que cobrar da prefeitura uma solução com urgência, porque a histórica descoberta está se perdendo”, opina Flávio Brandão, pesquisador e morador de Sepetiba.



 

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3 COMENTÁRIOS

  1. Eu como morador e cria. .terei maior satisfação em ter um lugar histórico em meu bairro ??posso aos governos que tomem frente desse processo! !!sepetiba ???#sepetiba eu amo /!!

  2. Muito interessante esta reportagem . Parabéns a turismóloga Telma Lopes seu achado realmente trouxe a tona um tesouro sem igual ! Esperamos uma providência urgente por parte dos órgãos competentes , pois não pode se perder este sítio arqueológico de forma nenhuma .
    Estamos de olho .

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