Sonhando Acordado: Argentina – Patrimônio natural da humanidade, menos uma havaianas e muitos pinguins

Nossos intrépidos viajantes seguem se aventurando na vizinha Argentina

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O primeiro dia em Puerto Madryn foi dedicado ao descanso e organização da casa. Estávamos tão cansados dos longos dias de estrada (se você perdeu a última coluna, corre lá conferir que vai entender melhor!) que quando saímos para ir ao mercado e procurar algo para comer no final do dia esquecemos de levar as sacolas de compras. Tivemos que voltar com tudo nas mãos, exatamente como os argentinos fazem por aqui, pois não são oferecidas sacolas plásticas na maioria dos estabelecimentos. Começamos a nos sentir nativos (risos).

Precisamos fazer uma menção honrosa ao nosso jantar, pois despretensiosamente conhecemos a Pizza Black, a melhor pizza que comemos nos últimos tempos e provavelmente o melhor custo-benefício da história! Pedimos metade de presunto cru com rúcula e outra metade carbonara pela pechincha de ARS$1500 – R$37,50. Acompanhada do nosso primeiro vinho argentino, encerramos o dia assistindo nosso seriado em casa. A propósito, essa sensação de “lar doce lar” em qualquer canto é certamente uma das maiores vantagens de morar em um motorhome. 

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No dia seguinte, com a casa organizada tínhamos uma tarefa complexa de realizar. Fomos convidados pelo Ricardo Fontenele para apresentarmos ao @ideiasdiferentes nossa humilde residência (se você curte arquitetura e designer de interiores, essa página é incrível!). A verdade é que não sabíamos ao certo o que mostrar ou como faríamos, estávamos acanhados com tantas casas maravilhosas expostas por ele em sua página. No final das contas, todos amamos o resultado (se você ainda não foi lá conferir, essa é a hora! Risos). 

Animados, fomos na parte da tarde conhecer a Reserva Loberia de Punta Loma (16km), uma colônia de lobos marinhos repleta de diversas aves também, cuja entrada é gratuita. Diga-se de passagem, se você tiver o azar histórico de não avistar nenhum animal, só o caminho até lá vale a visita. Passamos por praias muito bonitas, cenário tão lindo que vimos vários motorhomes apreciando esse contato com a natureza.

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Retornamos no final da tarde para cidade pela avenida da orla, onde encontramos um amplo estacionamento ao lado do píer. Aproveitamos para caminhar pelo píer, Feria de Artesanos Muelle Chico e todo calçadão da orla. Os longos dias de sol se converteram ao nosso favor.

Chegado o dia de conhecermos a Península Valdés, uma grande área de reserva com um ecossistema incrível declarada Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO em 1999.

No início da península fica a cabine de controle (64km), posto onde é cobrada a entrada no valor de ARS$1.600 – R$ 40,00 por pessoa. De cara já recebemos a informação de que não é o período da Baleia Franca Austral e apenas o início das Orcas, seria bem difícil avistar alguma, mas possível. Levemente frustrados, seguimos para o centro de visitantes (22km), onde recebemos o mapa com as indicações de toda península e os animais em cada uma delas. Fomos orientados a seguir direto para Punta Norte para pegar o período da maré alta e aumentarmos nossas probabilidades de vermos alguma baleia.

Tomamos um café expresso por lá e seguimos (ARS$200 – R$5,00 cada um). Nesse momento cafezinho um adendo importante, especialmente para os viajantes que não estão acostumados com mapas. Se você olhar rápido, a Península Valdés parece pequena. Não se iluda! É uma península muito grande, então se programe bem para poder desfrutar e se liga nas quilometragens que estamos pontuando considerando sempre a sequência da última anotação como base.

Próximo de Puerto Pirâmides (27km) termina o asfalto e inicia o ripio dos 75km seguintes até a indicada Punta Norte. No começo estávamos super empolgados e o ripio não estava ruim. No caminho, lembramos que a caixa de água suja estava aberta e a poeira poderia entrar. Encostamos e o Livio desceu rápido para fechar. Mal sabia que na pressa de retornar para dentro do carro por lá ficaria o pé das suas havaianas. Continuamos rodando e a tremedeira da casa foi piorando grosseiramente, uma sensação de que tudo ia despencar a qualquer segundo, muito angustiante. 

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O Livio ficou muito, muito irritado/frustrado em não conseguir seguir em frente com nossa preocupação enorme com a casa. Nessas horas ele é quem somatiza mais essas emoções, enquanto a Dane consegue ser mais “easy going”. Infelizmente, tivemos que fazer a primeira desistência de passeio desde que cruzamos a fronteira. A chateação foi ainda maior porque era O ponto de parada nosso da Ruta Nacional 3 (RN3).

Não teve jeito, voltamos para Puerto Pirâmides para tentar aproveitar o restante do dia. Antes de irmos para praia, porém, precisávamos encher a caixa d’água para o banho. Não sabíamos que a zona era tão desértica que não tinha água. O posto de combustível da rede YPF onde sempre nos fornecem, a dessalinizadora (empresa que retira sal da água do mar) e até os bombeiros não tinham água. Sem sucesso e já pensando que teríamos que sair da península sem conseguir sequer curtir uma prainha, avistamos uma torneira em uma empresa que vendia passeios turísticos. O jeito foi apelar para o clima seco e o nariz da Dani sangrando, dizendo que ela não estava se sentindo bem. Bingo! Se compadeceram com a história e liberaram a água. Teríamos banho e conseguiríamos passar a noite por ali.

Como bons cariocas, fomos conferir a praia e suas dunas em formato de pirâmides. Como a água não estava tão gelada, conseguimos nos aventurar também em um mergulho para deixar os perrengues do caminho de lado. Todavia, o que chamou muito nossa atenção foi a variação da maré que ao longo da tarde subiu mais de cinquenta metros! Nunca tínhamos presenciado algo assim.

Após a frustração do passeio incompleto na Península Valdés, conversamos com alguns locais sobre o trajeto para conhecer nosso próximo destino e ficamos animados ao descobrir que a parte de ripio seria muito menor e em ótimo estado. Oremos.

No caminho, passamos por Trelew, cidade reconhecida por seu acervo paleontológico. Impossível não notar o dinossauro enorme na sua entrada próximo da RN3. Se você é amante dos gigantes pré-históricos ou viaja com crianças, faça um pit-stop no Museu Paleontológico Egidio Feruglio (ARS$1200 – R$30,00 por pessoa; ARS$600 – R$15,00 por criança). 

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Depois de algumas horas de estrada (256km), chegamos no ripio e o coração acelerou. Será que dessa vez vamos completar o passeio?

Conseguimos! Chegamos na Reserva Natural de Punta Tombo (22km), a maior reserva continental de pinguins de Magalhães do mundo, e foi uma das melhores experiências que poderíamos sonhar em ter.

Logo após a bilheteria (ARS$1300 – R$ 34,00 por pessoa) há um museu imersivo com explicações sobre a fauna, principalmente os pinguins (claro!), da região. Caminhamos no meio dos pinguins pelas trilhas e passarelas de uma forma jamais imaginada. Literalmente coisa de desenho animado sabe?! Porque nem filme proporciona contato tão próximo. O Livio se transformou de adulto frustrado em criança feliz, tirando fotos e fazendo vídeos com um sorriso enorme escancarado no rosto. 

São momentos como esses que nos mostram a grandeza de vivermos o nosso sonho de ter o mundo como nosso quintal!

É possível se distrair e passar o dia inteiro por ali. Contudo, tínhamos que seguir para participarmos virtualmente de noite do aniversário da mãe da Dani, pois ali não tinha nenhum sinal de internet. Aliás, nem ali nem nos próximos quilômetros da RN3.

Somente conseguimos um YPF em Garayalde (198km). Participamos do aniversário, mesmo com distância. Não é a mesma coisa. Se existem bônus e ônus em nossa jornada, sem dúvida alguma esse é o maior ônus de viver na estrada, quando queremos estar perto da família ou amigos próximos em datas especiais e não temos como estar fisicamente.

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