Recém-chegados no Uruguai, precisávamos cumprir com alguns rituais ainda atrelados à missão fronteira: abastecer a despensa e adquirir chips de celular para comprar pacotes de internet. A propósito, isso somente seria possível porque havíamos feito câmbio no Chuí para não cruzarmos a fronteira sem Pesos Uruguaios. Essa é uma dica de ouro para evitar perrengue com dinheiro que todos os viajantes devem atentar: (i) ter o mínimo da moeda local; (ii) uma quantia de reserva em moeda forte, como dólar ou euro; e (iii) cartão de crédito habilitado internacionalmente. Com esse combo dificilmente terá algum problema.
Percorremos 44 quilômetros até Punta del Diablo por uma estrada boa e sem movimento que parecia continuação das eternas retas dos pampas gaúchos. Conseguimos finalizar a missão fronteira e comprovar nossas pesquisas sobre os custos da nossa estadia: muito caro! Sentimos o bolso de cara porque não era apenas o combustível mais caro, alimentos básicos como ovo, frutas, legumes, verduras, macarrão e frango estavam com preços lá em cima.
Andamos pelo pequeno vilarejo de pescadores e tivemos mais uma certeza: motorhomes não eram bem-vindos. Em todas as praias havia placas sinalizando que não era permitido pernoitar com nossa casa, voltaríamos para dormir próximo da entrada do Parque de Santa Teresa.
Porém, antes, resolvemos curtir um pôr do sol alucinante na Laguna Negra, cujo nome tem origem na coloração da sua água, característica em virtude da sua biodiversidade que dificulta a refração da luz. Popularmente, a lagoa é chamada de Laguna de los Difuntos, pois as cavernas das colinas ao seu redor eram utilizadas pelos indígenas como cemitérios. Mal sabíamos que esse momento do dia é contemplado como ritual pelos uruguaios e seria adotado por nós ao longo de toda nossa estada.
Nosso primeiro dia em terras estrangeiras começou com o pé direito, visitamos o belíssimo Parque de Santa Tereza, que conta com ampla área arborizada, região para camping e várias praias: Playa Grande, Playa del Barco, Playa de las Achiras e Playa de la Moza, escolhida para uma corrida e para o primeiro mergulho.
Na parte da tarde fomos para Valizas, um vilarejo hippie pouquíssimo conhecido, ofuscado pelo seu vizinho Cabo Polônio. Amamos, o lugar é pé na areia com uma vibe incrível. Na rua principal estão os bares, restaurantes, minimercados da cidade e, após as 18h, ela se transforma em uma rua exclusiva para pedestres, com feira de artesanatos e barraquinhas de comida.
Acordamos cedo e saímos em busca de uma experiência completamente diferenciada: conhecer a vila de Cabo Polônio, um lugarejo sem eletricidade, sinal de celular ou internet.
Existem duas maneiras de chegar até lá: (a) realizando a travessia por meio das dunas, percorrendo uma distância de aproximadamente 7km, com sol escaldante e areia fofa – esteja preparado para um baita desafio; ou (b) na Puerta del Polônio, local de onde saem as jardineiras, – caminhões enormes 4×4 adaptados para levar o público. Escolhemos a segunda opção, pagando $U300 – R$37,50 de estacionamento e $U320 – R$40,00 por pessoa pela travessia (ida e volta).
O trajeto que demora em torno de 20 minutos até o vilarejo foi uma atração à parte, porque conseguimos nos sentar na parte superior, parecia que estávamos em um brinquedo de parque de diversões!
Como dissemos, sem calçamento, energia elétrica, sinal de telefone ou internet, é a retomada para a simplicidade. A vila se divide em praia norte e sul, onde se contempla o nascer e pôr do sol, respectivamente. Elas são divididas pelo farol, onde fica a reserva de lobos, leões e elefantes marinhos. É magnífico poder chegar bem pertinho deles!
Outra atração da cidade é a noite estrelada e a lua cheia. Infelizmente, nesta época do ano o pôr do sol é depois do horário de retorno da última jardineira e não conseguimos aproveitar essa parte. Se estiver com tempo, vale muito a pena passar uma noite por lá, existem algumas pousadas e quartos para alugar.
Outra dica sobre o vilarejo é que não tem sombra, leve seu guarda sol e bastante protetor solar. Aproveite para passear um pouco pela rua principal, onde ficam algumas lojinhas de artesanato e restaurantes. Lá provamos o tradicional boñuelo de alga marinha: saboroso, mas nada que nos tenha encantado.
O próximo destino da nossa aventura foi La Pedrera, mais uma cidade pequena que ficamos apaixonados. As duas praias principais são Del Barco, onde fica os pequenos restos de um barco encalhado, e Del Desplayado. Na primeira conseguimos aproveitar mais um pôr do sol maravilhoso antes de tomarmos banho e sairmos passeando pela ruazinha central.
Assim como em Valizas, a rua principal fecha para veículos depois das 17 horas, mas aqui já é bem mais moderno e com mais movimento. Passeamos um pouco pelas lojas e barraquinhas antes de jantarmos no El Trueno uma clássica milanesa uruguaia com papas fritas e um salmão com salada. Voltamos para dormir nas nuvens. Porém….
Acordamos no meio da noite com uma batida na porta de casa, abrimos os olhos e outra batida! Espreitamos pela janela e vimos a sirene da polícia, um choque de adrenalina 2 horas da manhã. Abrimos a porta para verificar o que era e nos explicaram que não poderíamos pernoitar onde estávamos, deveríamos nos dirigir para um estacionamento destinado para motorhomes em La Paloma. Ou seja, teríamos que sair da cidade. Embora as placas de proibido motorhome ficassem apenas na avenida da orla e tivéssemos conversado com moradores, disseram que nas demais também não poderíamos ficar. Os oficiais foram super educados e disseram que não estávamos sendo notificados nem multados, apenas tínhamos que sair.
Na calada da noite, chegamos em La Paloma.
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A diferença entre país sério e país de jeitinhos é essa…e depois dizem que quem reclama tem “complexo de vira lata”, mas a verdade é que lá fora o brasileiro obedece as regras e ponto, mas aqui como sabe que NADA acontece se estiver completamente errado, gosta de dar uma de “macho” e desobedecer as regras mais básicas da convivência em sociedade.
Quando o viajante está no estrangeiro e a Polícia manda sair ninguém reclama e bate o pé, faz barraco… agora aqui fazem um bando de farofeiro na praia e montando barracas, muitos desses pernoitando… Aqui é uma bagunça mesmo porque brasileiro faz favela por todo canto, mas do exterior enfia o rabi entre as pernas.