Suipa pode fechar as portas nos próximos dias

Pandemia aumentou abandono, fez cair doações e, sem ajuda do poder público, Suipa não tem mais como manter a alimentação e os cuidados dos animais. São mais de 2.000 resgatados das ruas

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Foto: Marcos Serra Lima/G1

A direção da Sociedade União Internacional dos Animais (Suipa) procurou a Comissão de Saúde Animal da Câmara Municipal do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (06/07) em busca de ajuda. Os dois mil e cem animais abandonados nas ruas do Rio e acolhidos pela instituição estão correndo sério risco. Afundada em uma dívida de cerca de R$ 54 milhões, que não recebe qualquer auxílio da prefeitura ou estado, a Suipa, que funciona há 78 anos ininterruptos, pode fechar as portas nos próximos dias.

Para tentar manter as portas abertas, a Suipa tem intensificado os pedidos de doações. Neste sábado (7/08), quem quiser ajudar os animais abrigados na ONG poderá levar doações de ração, medicamentos ou material de higiene em uma Feira de Adoção que acontecerá próximo ao antigo Hotel Glória, das 9h às 15h. No local haverá também oferta de adoção de cães e gatos resgatados das ruas, todos chipados, vacinados e castrados. Além de conhecer o trabalho da ONG, os visitantes também poderão ajudar adquirindo produtos com a marca da Suipa.

“Nossos animais consomem quase 1 tonelada diária de ração. Não recebemos qualquer  recurso público, vivemos apenas das doações da população. Temos cerca de 100 funcionários admitidos em regime de CLT e há meses enfrentamos grandes dificuldades em manter o pagamento dos salários das pessoas que cuidam dos nossos animais. Chegamos a um ponto em que ou pagamos nossos profissionais ou alimentamos os animais abrigados. Nossa situação é gravíssima e precisamos de ajuda com urgência”, explica Marcelo Mattos, presidente da Suipa.

Sem nenhum apoio governamental, a situação da instituição começou a se agravar na década de 1990, quando o Governo Federal tirou dois títulos da Suipa: o de Utilidade Pública Federal e de entidade filantrópica, retirado pelo então Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).  Segundo a direção da entidade, a perda dos títulos gerou encargos que, somados ao grande número de animais abandonados na cidade e à progressiva redução no número de doadores, criaram um ambiente administrativo insustentável.

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Para se ter uma ideia, em 2010, a Suipa tinha 14 mil associados, atualmente são apenas seis mil. A pandemia de Covid-19 agravou ainda mais a situação, além da redução da receita, o número de abandonos cresceu muito na cidade. E nenhuma outra ONG de proteção Animal recebe mais animais abandonados do que a Suipa.

Para Dr. Marcos Paulo, presidente da Comissão de Saúde Animal da Câmara de Vereadores do RJ, a Prefeitura do Rio tem obrigação de ajudar a instituição, que ao longo dos anos, tem cumprido o papel que na verdade é uma obrigação legal do poder público na cidade.

 “Há quase 80 anos a Suipa vem tapando o enorme rombo deixado pela Prefeitura do Rio, que tem obrigação constitucional de cuidar dos animais desta cidade. A Prefeitura tem que ajudar a entidade a passar por esse momento difícil, não existe segunda opção. Ou é isso ou a Suipa fecha as portas e teremos 2100 animais sem comida, sem cuidados veterinários e sem qualquer condição de sobrevivência”, alerta o vereador.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Não é um contrassenso que em uma época em que há um movimento de valorização dos animais, agora chamados de PETs, com alguns sendo equiparados a quase filhos… a sociedade protetora dos animais esteja à beira da falência e extinção? Isso tem nome: falar e não fazer o que se diz pra fazer. Tudo faz-de-conta… Sociedade hipócrita.

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