Tem Hitler Sangue Mongol?

O fascinante relato da mais mordaz resistência civil ao Nazismo, que uniu um jornalista, uma mística e um príncipe.

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Fritz Gerlich nasceu em 1883, filho de um peixeiro da Pomerânia.  Formou-se na Universidade de Munique nas áreas de Matemática, Ciências Naturais e História. Em 1907 concluiu seu doutorado com uma tese sobre o legado de Henrique VI, o mesmo soberano Inglês que fora eternizado por Shakespeare. Recém formado, Gerlich conseguiu um cargo no Arquivo Nacional da Baviera e gradativamente aprimorou seu talento como escritor e jornalista. Em 1919 ele publicou um interessante livro, “Comunismo Como A Teoria Do Reino De Mil Anos” no qual opina que aquele movimento seria uma construção de uma nova religião de redenção. Em 1920 Gerlich se encontrava na importante posição de editor-chefe do MNN, o “Münchner Neueste Nachrichten” ou “Útimas Notícias de Munique”. Este jornal capitaneado por Gerlich é o predecessor do “Süddeutsche Zeitung”, ou “Jornal do Sul da Alemanha” que existe até hoje e é um dos maiores do país. Foi como editor-chefe do MNN que Gerlich, de certa forma, selou publicamente seu destino numa Alemanha progressivamente conflitiva ao dizer que “Hitler era um idiota, mas um idiota do tipo perigoso pois sabia como manipular os outros a fazerem a sua vontade.” Sem dúvida, estes comentários na grande imprensa não passaram desapercebidos para o crescente Movimento Nazista. Foi também nesta condição de editor-chefe do MNN que Gerlich resolveu ir pessoalmente em 1927 para a cidadezinha agrícola de Konnersreuth, cuja população até hoje não excederia duas mil pessoas. Seu objetivo como agnóstico e racionalista era, como dito em suas próprias palavras, “em nome da razão e da ciência esclarecer a fraude” que ocorria na cidadezinha. De fato, a minúscula Konnersreuth tinha alcançado uma grande visibilidade por conta de uma simples e humilde camponesa, de nome Therese Neumann, que atraía pessoas de todo o país devido aos seus supostos dotes místicos e sobrenaturais.

Nascida em 1898, Therese, ou Teresa, ficou cega e paralítica aos vinte anos de idade ao ajudar a apagar um incêndio na casa de um morador do povoado. As sequelas de um acidente ocorrido durante o apagar daquele incêndio, incluindo uma grave lesão da medula espinhal, foram diagnosticados como sendo irreversíveis. Cega e paralítica, a jovem Teresa Neumann se aprofundou na vida espiritual mantendo porém sempre o bom humor e a simplicidade que lhe foram características durante toda a vida. Às suas meditações Teresa Neumann incluía uma especial devoção à sua homônima francesa, Santa Teresinha de Lisieux, cuja imagem seu pai trouxera para casa vindo do front da

Primeira Guerra Mundial. E foi após cinco anos naquela condição que Teresa Neumann descreveu ter tido uma visão de sua homônima francesa, que lhe perguntou se desejaria ser curada para poder se dedicar, voluntariamente e de forma diferente, a mitigar o peso dos crimes e pecados de seus conterrâneos seguindo a vontade divina. Teresa Neumann respondeu afirmativamente e, de fato, ficou inexplicavelmente curada da cegueira e da paralisia. Mas a fama da simples camponesa de Konnersreuth se alastrou à partir dos êxtases místicos que passou a ter a pós a cura da paralisia e da cegueira. Teresa adquiriu uma profunda vivência de expiação, unindo-se misticamente à crucifixão ao ponto de lhe surgirem estigmas nas mãos, pés e abdômen, além de nove ferimentos na cabeça dos quais jorravam sangue toda Sexta-Feira ante um crescente número de pessoas. Teresa presenciava em êxtase cada momento da Paixão e do Calvário, que ela descrevia em Aramaico para o assombro de autoridades no assunto como o Professor de Filologia Semítica Dr. Johannes Bauer ou o Orientalista Vienense Prof. Wesseley. Atônitos com aquele fenômeno, uma vez que Teresa falava basicamente seu vernáculo local da Baviera, foi se detectando também que durante seus êxtases ela falava corretamente Grego, Latim e Francês quando abordada nestes idiomas. O Arcebispo Católico de Ernaculum (Kerala) na Índia, o Dr. Parecatill, confirmou também que durante uma visita foi capaz de dialogar em Português com Teresa Neumann. 

E foi à partir desta trajetória de expiação, em 1926, que Teresa Neumann teria parado completamente de beber agua ou de se alimentar, ingerindo somente uma hóstia consagrada pelas manhãs. Ante o rebuliço e o constrangimento criados por uma pobre camponesa que levitava, se bilocava, curava doenças, falava as mais variadas línguas vivas e mortas, entre outros fenômenos, se adicionava o fato de supostamente estar há mais de um ano sem comer ou beber. A Cúria de Ratisbona (Regensburg) obteve a permissão de Teresa para hospitalizá-la em 1927 para uma análise cuidadosa. Durante 24 horas num período de 15 dias ela haveria de estar draconianamente monitorada. As duplas de enfermeiras que em turno estariam sem cessar ao seu lado prestaram juramento específico de guarda. O acesso ao banheiro foi estritamente proibido. Todas as secreções, como sangue e suor, foram recolhidas e examinadas. E foi vedado qualquer ingestão do que quer que fosse durante a hospitalização. Sob a supervisão geral médica do Dr. Agostino Gemelli lideravam a equipe o Dr. Seidl, cirurgião chefe do Hospital de Waldassen e o Dr. Edwald, professor e psiquiatra da Universidade de

Erlangen. Mais tarde, em 1929, o Dr. Seidl testemunhou sob juramento numa corte de Munique que Teresa não havia tomado nenhum tipo de alimento, sólido ou líquido, durante o período de observação. E o Dr. Edwald, cético e opositor de qualquer justificativa sobrenatural atestou a mesma coisa, afirmando que Teresa deveria ter secado como uma múmia mas reaparecia fresca, bem disposta e bem humorada de seus êxtases nos quais chegou a perder até dois litros de sangue e em média quatro kilos de peso que eram logo inexplicavelmente recuperados. 

Foi nestas circunstâncias que em 1927 Fritz Gerlich bateu na porta de uma bem humorada camponesa chamada Teresa. O contato entre a mística católica, uma pessoa muito simples de origem humilde, e o agnóstico racionalista, um famoso intelectual, resultou num profundo afeto mútuo. Gerlich acabou desistindo de seu artigo demolidor e, ao invés disto, se converteu a Catolicismo. Para além da profusão de fenômenos inexplicáveis que presenciava, e talvez por causa destes, o curioso Gerlich empreendeu toda uma nova jornada intelectual. E foi esta jornada que o fez resgatar conceitos ancestrais como o Direito Natural e da falência inevitável de toda ideologia materialista na qual uma criatura finita busca, soberbamente, dobrar e se impor ao infinito transcendente do criador que mantêm o universo em seus eixos. À partir da convivência com Teresa as críticas de Gerlich ao Comunismo e, principalmente, ao Nazismo se tornaram ainda mais fortes e com o crescimento da máquina intimidatória de Hitler ele deixou o Jornal MNN. 

Com o tempo, em torno à mística camponesa se formou espontaneamente o mais audaz grupo de resistência civil ao Nazismo, que passou para a história com o nome de Círculo de Konnersreuth. E foi no Círculo de Konnersreuth que Fritz Gerlich encontrou uma via alternativa para escapar do ostracismo e da censura da grande mídia, ao estreitar laços com o Príncipe Erich von Waldberg zu Ziel. O Príncipe, um erudito que também havia se formado nas universidades de Tübingen e Munique, amante da filosofia, da arte e da história era também uma pessoa de muitas posses. Com a morte de seu pai e de seu irmão durante a Primeira Guerra Mundial ele havia se tornado o único administrador de um vasto legado de propriedades e investimentos. O Círculo de Konnersreuth era deveras eclético e contava por exemplo com um músico, Wilhelm Widmann, um farmacêutico judeu, Bruno Rothschild, alguns dos camponeses das redondezas amigos da Família Neumann, professores como Franz Xaver Mayr e Josef Lechner, mas apenas o Príncipe Erich von Waldberg zu Ziel teria recursos para financiar um meio de comunicação que efetivamente atingisse o ego de Hitler e combatesse sua agenda. 

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Fonte: Bayerische Staats Bibliothek- digipress

Em 1930 o Príncipe Von Walberg zu Ziel comprou um jornal que pouco tempo depois foi renomeado para “Der Gerade Weg” ou “O Caminho Reto”, um nome que muito me faz lembrar uma gíria carioca com sentido parecido. O novo jornal, sob comando de Fritz Gerlich, se perfilou claramente opositor ao Comunismo, ao Nazismo e ao Antissemitismo. Mas a diferença entre o “O Caminho Reto” e outras manifestações de resistência ao Nacional-Socialismo residia na genialidade de Gerlich, que sabia usar de um brilhante sarcasmo para atingir cirurgicamente o que de mais constrangedor e vergonhoso havia em Hitler e em sua nefasta ideologia. A estocada mais dolorosa foi talvez a de 17 de Julho de 1932 quando, em matéria de primeira página e em letras garrafais apareceu a chamada “Tem Hitler Sangue Mongol?” Sagazmente, Gerlich expôs o cientificismo moderno de sua época usando jocosamente da metodologia e dos critérios raciais dos ideólogos nazistas F.K. Günther e Alfred Rosenberg para expor um engraçadíssimo “estudo” que comparava a fisionomia de Hitler com a de eslavos e mongóis. O “estudo” concluía que, com seu aspecto eslavo-mongol, Hitler possuía um caráter racial despótico que abriria o caminho para o genocídio caso lhe fosse dada a chance. É difícil imaginar o estrago causado ao ego de Hitler, envergonhado publicamente num ponto tão sensível e tão alardeado por ele. O Movimento Nazista, porém, não tardou a intervir e chantageou a gráfica que publicava o jornal. Se a gráfica não parasse de publicá-lo imediatamente, cancelariam o muito lucrativo contrato de impressão do “Völkischer Beobachter” ou “Observador Popular” que era o jornal do Partido Nazista que circulou de 1920 a 1945. Para fins de comparação, o jornal do partido tinha uma tiragem diária que, no seu auge, atingiu 1,77 milhão de exemplares enquanto “O Caminho Reto” da resistência nunca ultrapassou os 40 mil exemplares. Coube ao Príncipe Von Walberg zu Ziel intervir novamente e gastar uma parte nada desprezível de sua fortuna para manter o jornal da resistência em circulação num meio cada vez mais hostil de boicote e intimidação.        

Não creio ter sido necessário nenhum dote sobrenatural para que Teresa Neumann alertasse a todos os membros do Círculo de Konnersreuth para que deixassem com urgência a Alemanha em 1933, assim que o Partido Nazista formalmente tomou as rédeas do poder. E o Círculo atendeu ao apelo e cruzou a fronteira da Suiça. Fritz Gerlich se juntaria a eles em seguida, alegando ter que finalizar algumas tarefas antes de partir. Mas Hitler não deixaria escapar facilmente quem mais o envergonhara publicamente e, com menos de 6 semanas no poder, em 9 de Março, mandou prendê-lo e enviá-lo ao Campo de Concentração de Dachau onde foi fuzilado e cremado. Gerlich se tornou assim um dos primeiros mártires do Nazismo. Na mesma igreja onde se celebrou clandestinamente seu réquiem em 1934, a Basílica de São Bonifácio de Munique, houve ano passado uma missa pelo sufrágio de sua alma e pela lembrança dos noventa anos de sua morte.

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Teresa Neumann. Fonte: wiki commons

Teresa Neumann por sua vez não deixou a Alemanha e continuou manifestando abertamente seu profundo repúdio ao Nazismo durante toda a duração do regime. Hitler, temeroso de seus dotes sobrenaturais, ordenou pessoalmente que não se tocasse nela. E a única decisão prática do Terceiro Reich com relação à Teresa foi ter eliminado completamente seu cartão de alimentação, uma vez que ela não comia, e, em compensação, enviar ração dupla de sabão por conta dos tecidos encharcados de sangue produzidos toda Sexta-Feira. Um fato curioso ocorrido naqueles anos foi quando, em 1935, Teresa recebeu o famoso guru Indiano Yogananda que chegou trazendo até o próprio automóvel de Nova Iorque. O relato daqueles encontros está na sua “Autobiografia de um Yogi” e conta como Teresa o recebeu com sua alegria característica. Ao final dos encontros, Yogananda perguntou se ela poderia ensiná-lo como entrar naqueles êxtases e adquirir aqueles dons sobrenaturais, ao que Teresa respondeu que não, pois se tratava de desígnio divino fora do alcance humano. 

A ordem de Hitler de não se tocar a mística foi cumprida até muito próximo de sua morte quando, no final de Abril de 1945 e já em meio ao caos da iminente queda, uma ressentida Gestapo bateu à porta de Teresa com armas em mão. Teresa estava ausente naquele momento e também sobreviveu, por pouco, um incêndio causado na área por Tanques Panzer num acirrado combate naquele mesmo mês. Ela faleceu em 1962 com indícios significativos, inexplicáveis, de ter passado um jejum de água e comida que durou 36 anos. Em 2005, foi aberto seu processo de Beatificação e Canonização. Gabrielle Amorth, o memorável exorcista-chefe de Roma, certa vez afirmaria que a invocação do nome de Teresa Neumann tem um efeito muito repelente para os demônios.   

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Fritz Gerlich. Fonte: wiki commons


Translation

Does Hitler Have Mongol Blood?


The fascinating story of the most biting civil resistance to Nazism, which brought together a journalist, a mystic, and a prince. Fritz Gerlich was born in 1883, the son of a fish merchant from Pomerania. He graduated from the University of Munich in Mathematics, Natural Sciences, and History. In 1907,
he earned his doctorate with a thesis on the legacy of Henry VI, the same English monarch immortalized by Shakespeare. Newly graduated, Gerlich secured a position at the Bavarian National Archive and gradually refined his talent as a writer and journalist.


In 1919, he published an intriguing book, “Communism as the Theory of the Thousand-Year Reign”, in which he reflected that the movement was constructing a new religion of redemption. By 1920, Gerlich held the significant position of editor-in-chief of the
“Münchner Neueste Nachrichten” (MNN), or Munich’s Latest News. This newspaper, under Gerlich’s leadership, was the forerunner of the “Süddeutsche Zeitung” (South Germany Newspaper), which still exists today and is one of the country’s largest. As
MNN editor-in-chief, Gerlich, in a way, publicly sealed his fate in an increasingly contentious Germany when he declared, “Hitler is an idiot, but a dangerous kind of idiot because he knows how to manipulate others to do his will.” Without a doubt, such remarks in a major newspaper did not go unnoticed by the rising Nazi Movement. It was also as MNN editor-in-chief that Gerlich decided in 1927 to personally visit the small
farming village of Konnersreuth, whose population to this day should not exceed two thousand people. His goal, as an agnostic and rationalist, was, in his own words, “to expose the fraud occurring there in the name of reason and science.” Indeed, the tiny Konnersreuth had gained huge visibility due to a humble peasant woman named Therese Neumann, who was drawing people from all over the country because of her
supposed mystical and supernatural gifts.
Born in 1898, Therese, or Teresa, became blind and paralyzed at the age of twenty while
helping to extinguish a fire in a neighbor’s house. The consequences of the accident
during the fire, including a severe spinal cord injury, were diagnosed as irreversible.
Blind and paralyzed, the young Teresa Neumann delved deeply into her spiritual life,
maintaining, however, the cheerfulness and unpretentiousness that characterized her
throughout her life. In her meditations, Teresa Neumann had a special devotion to her
French namesake, Saint Thérèse of Lisieux, whose image her father had brought home
from the front lines of World War I. It was after five years in that condition that Teresa
Neumann described having a vision of her French namesake, who asked if she would like
to be healed in order to dedicate herself, voluntarily and in a different way, to mitigating
the weight of the sins and crimes of her fellow countrymen, in accordance with Divine
Will. Teresa Neumann answered affirmatively and was, in fact, inexplicably cured of her
blindness and paralysis. The fame of the humble woman from the countryside spread
after the mystical ecstasies she began experiencing following her recovery from
paralysis and blindness. Teresa developed a profound sense of atonement, mystically
uniting herself with the crucifixion to the point where stigmata appeared on her hands,
feet, and abdomen, along with nine wounds on her head, from which blood flowed every
Friday in front of a growing number of people. Teresa would experience in ecstasy every
moment of the Passion, which she described in Aramaic, astonishing experts such as
Professor Johannes Bauer, a scholar of Semitic Philology, and Viennese Orientalist
Professor Wesseley. Amazed by this phenomenon, especially since Teresa primarily
spoke only her local Bavarian dialect, it was observed that during her ecstasies she also
spoke Greek, Latin, and French fluently when addressed in these languages. The Catholic
Archbishop of Ernakulam (Kerala), Dr. Parecatill, confirmed during a visit that he was
able to converse with Teresa Neumann in Portuguese.
And it was, stemming from this course of atonement, in 1926, that Teresa Neumann
reportedly stopped drinking water or eating, consuming only a consecrated host each
morning. Amid the uproar and astonishment caused by a humble farm laborer who
levitated, bilocated, healed illnesses, spoke various living and dead languages, among
other phenomena, that another striking claim was added: she had supposedly gone over
a year without eating or drinking. In 1927, the Curia of Regensburg obtained Teresa’s
permission to hospitalize her for a thorough examination. Over a 15-day period, she was
subjected to rigorous 24-hour monitoring. Pairs of nurses, who took a specific oath of
vigilance, worked in shifts never straying from her side. Access to the bathroom was
strictly prohibited. All bodily secretions, such as blood and sweat, were collected and
analyzed. Additionally, any form of ingestion was strictly forbidden during her
hospitalization. Under the general medical supervision of Dr. Agostino Gemelli, the team
was led by Dr. Seidl, chief surgeon at the Waldsassen Hospital, and Dr. Ewald, professor
and psychiatrist at the University of Erlangen. Later, in 1929, Dr. Seidl testified under
oath in a Munich court that Teresa had not consumed any solid or liquid food during the
observation period. Similarly, Dr. Ewald, a skeptic and opponent of any supernatural
explanation, confirmed the same, stating that Teresa should have dried-up like a
mummy. Instead, she reappeared fresh, lively, and in good spirits after her ecstasies,
during which she lost up to two liters of blood and an average of four kilograms of
weight—both of which she inexplicably regained shortly afterward.
It was under these circumstances that, in 1927, Fritz Gerlich knocked on the door of a
cheerful Teresa. The encounter between the Catholic mystic, a humble woman of the
countryside, and the rationalist agnostic, a famous intellectual, resulted in a deep
mutual affection. Gerlich abandoned his plans for a scathing article and, instead,
converted to Catholicism. Beyond the multitude of inexplicable phenomena he
witnessed—and perhaps because of them—the curious Gerlich embarked on an entirely
new intellectual journey. This journey led him to rediscover ancient concepts such as
Natural Law and the inevitable failure of any materialistic ideology, in which a finite
creature conceitedly seeks to bend and impose itself on the infinite transcendence of
the Creator who holds the universe together. From his interactions with Teresa,
Gerlich’s criticisms of Communism, and especially of Nazism, grew even stronger.
Furthermore, it wasn’t long before Gerlich stepped away from the MNN newspaper as
Hitler’s machinery of intimidation advanced. Over time, an audacious civil resistance
group spontaneously formed around the unassuming mystic, which went down in
history as the Konnersreuth Circle. Within this group, Fritz Gerlich found an alternative
way to escape ostracism and the censorship from the mass media by strengthening ties
with Prince Erich von Waldburg zu Zeil. The prince, an esteemed intellectual who had
also studied at the universities of Tübingen and Munich, was a lover of philosophy, art,
and history, as well as a man of considerable means. Following the deaths of his father
and brother during World War I, he had become the sole manager of a vast inheritance
of properties and investments. The Konnersreuth Circle was highly eclectic, including,
for example, a musician, Wilhelm Widmann; a Jewish pharmacist, Bruno Rothschild;
several local farmers who were friends of the Neumann family; and professors such as
Franz Xaver Mayr and Josef Lechner. However, only Prince Erich von Waldburg zu Zeil
possessed the resources to establish a communication outlet powerful enough to
deliver a severe blow to Hitler’s ego and challenge his agenda.
In 1930, Prince Von Walberg zu Ziel purchased a newspaper that was soon renamed to
“Der Gerade Weg” or “The Straight Path”, a title that reminds me of a similar vernacular
expression from Rio de Janeiro with a comparable meaning. The newly issued
publication, under Fritz Gerlich´s stewardship, positioned itself as an unequivocal
opponent of Communism, Nazism, and Anti-Semitism. However, what set “The Straight
Path” apart from other manifestations of resistance to National Socialism was Gerlich’s
brilliance. He masterfully wielded sarcasm to surgically target the most shameful and
humiliating aspects of Hitler and his nefarious ideology. Perhaps the most devastating
blow came on July 17, 1932, when a bold headline on the front page screamed, “Does
Hitler Have Mongol Blood?” With shrewd irony, Gerlich used the modern scientism of
the era to mockingly apply the racial methodologies and criteria of Nazi ideologues F.K.
Günther and Alfred Rosenberg. Through a humorous “study,” he compared Hitler’s
physiognomy to that of Slavs and Mongols. The “study” concluded that, with his Slavic-
Mongol appearance, Hitler possessed a despotic racial character that would pave the
way for genocide if given the chance. It’s difficult to overstate the damage this must
have inflicted on Hitler’s ego, publicly humiliating him on such a sensitive matter that he
himself had relentlessly heralded. The Nazi movement, however, wasted no time
intervening. They blackmailed the printing press that published the newspaper,
threatening to cancel the profitable contract for printing the “Völkischer Beobachter”
(The People’s Observer), the Nazi Party’s newspaper that ran from 1920 to 1945. For
comparison, the party’s newspaper boasted a daily circulation that, at its peak, reached
1.77 million copies, while “The Straight Path”, the resistance newspaper, never
surpassed 40,000. Once again, Prince Von Walberg zu Ziel stepped in, spending a notable
fraction of his fortune to keep the resistance paper in circulation amidst an increasingly
hostile environment of boycotts and intimidation.
I don’t believe any supernatural gift was necessary for Teresa Neumann to warn all
members of the Konnersreuth Circle to urgently leave Germany in 1933, as soon as the
Nazi Party formally took control. The group heeded her call and wasted no time to cross
the Swiss border. Fritz Gerlich, however, stayed behind, promising to join them shortly
after, claiming he had a few tasks to complete before leaving. But Hitler wouldn’t easily
let go of those who had publicly embarrassed him, and within less than six weeks in
power, on March 9th, he ordered Gerlich’s arrest and sent him to the Dachau
Concentration Camp, where he was executed by firing squad and cremated. Gerlich thus
became one of the first martyrs of Nazism. In the same church where his requiem was
clandestinely held in 1934, the Basilica of St. Boniface in Munich, a mass was celebrated
last year for the repose of his soul and in remembrance of the ninety years since his
death.
Teresa Neumann, on the other hand, did not leave Germany and continued to openly
express her deep contempt for Nazism throughout the entire duration of the regime.
Fearing her supernatural abilities, Hitler personally ordered that no harm should come
to her. The only practical decision made by the Third Reich regarding Teresa was to
completely eliminate her food ration card, as she did not eat, and in compensation, they
sent her double soap rations due to the heap of blood-soaked fabrics she produced
every Friday. A curious event during those years occurred in 1935 when Teresa received
the famous Indian guru Yogananda, who arrived from New York, even bringing his car
from overseas. The account of those encounters is found in his “Autobiography of a
Yogi”, where he describes how Teresa welcomed him with her characteristic joy. At the
end of their meetings, Yogananda asked if she could teach him how to enter such
ecstatic states and acquire those supernatural gifts. Teresa responded that she could
not, as it was a divine design beyond human reach.
Hitler’s order to leave the mystic untouched was followed until just before his death,
when, in the last days of April 1945, amid the chaos of the imminent fall, a resentful
Gestapo knocked on Teresa’s door, weapons in hand. Teresa was not at home at that
moment and, around that same period, narrowly survived a fire caused by Panzer tanks
during fierce fighting in the area. She passed away in 1962, with unexplainable yet
substantial evidence suggesting that she had undergone a fast from food and water
lasting 36 years. In 2005, her process for Beatification and Canonization was initiated.
Gabrielle Amorth, Rome´s memorable chief exorcist, would later claim that invoking
Teresa Neumann´s name had a strongly repellent effect on demons.

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Olav Schrader é especialista em patrimônio cultural, escritor, palestrante, consultor e gestor de projetos. Tem Bachelor´s Degree e M.A. – Master of Arts pela Universidade de Amsterdam, Reino dos Países Baixos e Diploma de Pós-Graduação pela Universidade de Deusto, Espanha, na área de Relações Internacionais, com ênfase em História e Cultura. Desde 2006, participa de projetos ligados ao Patrimônio Cultural Brasileiro. Foi superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio de Janeiro, de 2020 a 2023.

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