A pandemia fechou muitos bares e restaurantes, incluindo alguns tradicionais e que fazem parte da memória afetiva do carioca. Esse foi o caso da Casa Villarino, no Centro do Rio, icônico bar fundado em 1953 e berço da Bossa Nova. Eles chegaram em julho de 2020 fazer um pedido público de ajuda, para que as pessoas voltassem a frequentar o restaurante. Mas o esvaziamento do Centro não ajudou.
Em novembro de 2021 veio a nota fatídica da direção do restaurante, eles encerrariam suas portas. O então prefeito eleito, Eduardo Paes (DEM), chegou a fazer um comunicado em suas redes sociais pedindo que permanecessem abertos, e que como prefeito ajudaria. Mas mesmo assim, permaneceu fechado.
Quando foi criada, por espanhóis, em 1953, a Casa Villarino funcionava como uísqueria – chegou a ganhar a fama de “A Rainha do Whisky” – e só abria a partir das 18h. O bar foi ponto de encontro de grandes nomes da nossa música, na época áurea do rádio. Artistas, boêmios, jornalistas, cartunista, escritores, políticos e personagens da boemia carioca eram frequentadores da casa. E chegou a ter um Tom Jobim de 27 anos como pianista, e foi lá que foi apresentado a Vinicius de Moraes em 1956.
Em um painel nos fundos do bar, tem as imagens de boêmios ilustres que frequentavam a casa, entre eles, Ary Barroso, Di Cavalcanti, o escritor chileno Pablo Neruda, Fernando Pamplona, Rubem Braga, Sérgio Porto, Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Haroldo Costa, Oscar Niemeyer, Lúcio Rangel, Paulo Mendes Campos e Caymmi, entre outros bambas.
Mas, informa Ancelmo Gois/O Globo, a Casa Villarino, um dos 14 bares que são Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, será reaberto com o nome de Clube Senac Villarino Bar. A ideia é transformar o lugar em uma escola de gastronomia, incluindo aulas das receitas que fizeram a história do local.
Precisamos salvar outras casas, especialmente no Centro, que refletem a história de nossa cidade.
O Villarino era um reduto da boemia do Rio, no que havia de melhor, e sua reabertura deve ser saudada efusivamente.