No bairro do Flamengo, entre ruas movimentadas e edifícios imponentes, existe um lugar quase secreto que muitos cariocas sequer sabem que existe: o Túnel da Viúva. Escavado na rocha no início do século XX, o túnel liga a Avenida Oswaldo Cruz ao topo do Morro da Viúva, onde fica um jardim suspenso com uma das vistas mais espetaculares do Rio de Janeiro — Pão de Açúcar, Baía de Guanabara, Praia de Botafogo e Cristo Redentor emolduram o cenário.
Pouco acessível e com visitação hoje restrita, o espaço já foi aberto ao público. No passado, moradores da região podiam subir até o alto do morro passando por uma escadaria e explorando o jardim com fontes, animais e até uma réplica da Basílica de Lucca, na Itália. Hoje, o acesso é exclusivo para moradores do luxuoso condomínio Signore del Bosco, que incorporou o jardim à sua área de lazer. Portões com biometria, elevador privativo e um túnel escuro e estreito mantêm a exclusividade — e o mistério.
O local guarda também uma importante parte da história do Rio. A construção do túnel foi idealizada pelo italiano Giuseppe Martinelli, empresário que fez fortuna com navegação e mineração no Brasil. Nos anos 1920, ele comprou um palacete neogótico na Avenida Oswaldo Cruz e decidiu que seu “quintal” seria o alto do morro vizinho. Para conectar as duas áreas, mandou cavar o túnel na pedra e instalar um elevador — uma obra ousada para a época.
Lá em cima, Martinelli criou um verdadeiro refúgio particular: jardins com pavões, galinheiros, fontes, quadras e até uma capela. Reza a lenda que uma cigana teria dito que ele morreria no dia em que terminasse as obras do palacete. Por isso, as reformas nunca pararam — e se estenderam até o alto do Morro da Viúva.
O palácio foi demolido em 1976 e deu lugar ao edifício Signore del Bosco, mas o túnel, o elevador e o jardim permanecem. Apesar de estarem muito bem preservados, são hoje parte de um condomínio-clube de acesso extremamente restrito. O que antes era um ponto alternativo de passeio no Flamengo, hoje é um segredo bem guardado — protegido por grades, escadas, biometria e uma boa dose de história.
O Túnel da Viúva é mais do que uma passagem esculpida na rocha: é um portal para uma era de luxo, excentricidade e engenhosidade esquecida. E, por isso, permanece como um dos lugares mais curiosos — e menos conhecidos — do Rio de Janeiro.
Eu gostaria de conhecer!
Sou Português e vivo na cidade do Porto. Já estive 4 vezes no Brasil, e tinha o amigo meu carioca, que residia em Botafogo, na Rua de S. Clemente. Talvez ele não tivesse conhecimento também e por isso este jardim para mim foi uma novidade. Agradeço e dou os meus parabéns a quem publica sobre espaços e cultura da sua cidade. Eu faço-o diariamente sobre a cidade do Porto e para quem estiver interessado poderá receber várias histórias sobre o Porto – Portugal e muito mais.
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Eu já tive a oportunidade de conhecer esse túnel, é muito bacana e pena que não é aberto ao público.