Um milagre de Natal: o reencontro de Jefferson com sua família após um ano e meio desaparecido

Jovem esquizofrênico reencontra a mãe no Janeiro Branco, graças à solidariedade e ao trabalho de profissionais da saúde

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No dia 26 de dezembro de 2025, o que parecia impossível aconteceu: Jefferson de Souza Santos, de 24 anos, foi reencontrado após passar um ano e meio desaparecido, vagando pelas ruas do Rio de Janeiro. O jovem, diagnosticado com esquizofrenia durante a pandemia, havia desaparecido em São Paulo, deixando sua mãe, Maria dos Remédios, de Diadema, sem notícias.

O reencontro foi possível graças à intervenção de Cacilda Rosa, uma médica aposentada que notou Jefferson perambulando pelas ruas do Leblon, na zona sul carioca. Diferente de outros moradores de rua, ele não pedia esmolas. Magro, sujo, machucado e com sinais de desnutrição, Jefferson procurava comida no lixo e falava frases desconexas.

Na manhã do dia 26, após assistir à missa na Igreja Santa Mônica, dona Cacilda ofereceu pão e água ao rapaz. Ele devorou um saco de pão em segundos e, percebendo sua grave condição, a médica o convenceu a ir ao posto de saúde Píndaro de Carvalho, na Gávea. Foi lá que a história começou a mudar.

Uma busca incansável pela identidade

No posto de saúde, Jefferson conseguiu escrever um número que parecia ser um CPF, mas não era. A equipe da recepção, determinada a ajudá-lo, localizou seus dados no sistema do SUS, incluindo o nome de sua mãe, seu endereço e, crucialmente, o telefone de Maria dos Remédios.

Dona Cacilda entrou em contato imediatamente. Em suas mensagens, dizia: “Encontrei um rapaz de 24 anos perdido no Rio de Janeiro com esse nome Jefferson e com um endereço e número desse telefone. Você o conhece?” A resposta veio, e o milagre se concretizou: Jefferson era, de fato, o filho desaparecido de Maria.

O reencontro e o caminho para a recuperação

Maria dos Remédios viajou para o Rio de Janeiro e encontrou Jefferson no Hospital Municipal Raphael de Paula Souza, em Curicica, para onde ele havia sido transferido após passar pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da Rocinha e o Hospital Pinel, na Urca. Jefferson chegou ao Raphael de Paula Souza com diagnóstico de tuberculose, já que a unidade é referência em doenças respiratórias.

O encontro entre mãe e filho foi emocionante, mas distante do ideal. Jefferson, confuso, não reconheceu Maria. Contudo, após semanas de tratamento psiquiátrico e físico, ele começou a recuperar sua lucidez. Maria já planeja um novo reencontro e sonha com o dia em que poderá levar Jefferson de volta para casa, onde ele conhecerá a irmã mais nova, de apenas 8 meses, além de sua avó e bisavó.

Uma vida interrompida pela esquizofrenia

Maria contou que Jefferson teve uma vida normal até os 18 anos, quando ingressou na Marinha. Foi nesse período que surgiram os primeiros surtos. “Ele é um menino bom. Quando está medicado, fica bem, trabalha e me ajuda em casa. O problema é quando ele para de tomar os remédios”, explicou Maria.

Para ela, dona Cacilda foi um verdadeiro “anjo da guarda”. Já para a médica, o mérito é da equipe de saúde. “O milagre de Natal aconteceu graças ao empenho dos servidores da saúde. Eles enxergaram a complexidade daquela mente confusa, de um corpo e alma feridos, e se envolveram para ajudar. Souberam colocar água nos potes para Jesus transformar em vinho”, afirmou dona Cacilda, emocionada.

O impacto da solidariedade no atendimento

A diretora do Hospital Raphael de Paula Souza, Neise Villar, destacou a importância do trabalho realizado pela equipe. “É motivo de orgulho para toda a equipe que o reencontro de mãe e filho tenha acontecido em nosso hospital. Por trás de cada atendimento há histórias de luta e superação. Nosso papel é cuidar das pessoas e fazer o bem para toda a comunidade”, afirmou.

A história de Jefferson é um lembrete da força da solidariedade e da importância de olhar além das aparências. No Janeiro Branco, mês dedicado à conscientização sobre saúde mental, o caso reforça o papel essencial da empatia e da dedicação no cuidado com pessoas em situação de vulnerabilidade.

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