Vistoria em 2019 apontou ‘alto risco de incêndio’ no Hospital de Bonsucesso

Incêndio atingiu a unidade de saúde na manhã desta terça-feira (27/10); Corpo de Bombeiros afirmou que Hospital não tinha certificação

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Foto: Henrique Coelho/G1

Uma vistoria realizada em abril de 2019 no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), atingido por um incêndio nesta terça-feira (27/10), revelou falhas graves no sistema de prevenção e combate a chamas e “alto risco de explosão” e de inoperância total do sistema elétrico da unidade. As causas da ocorrência desta manhã ainda serão investigadas. A princípio, o fogo teve início do subsolo do prédio 1 e as chamas teriam se espalharam por um almoxarifado.

O alerta sobre a unidade foi feito pelo jornal O Globo em setembro do ano passado. Técnicos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS) identificaram superaquecimento em dois transformadores da subestação principal do hospital. Uma delas chegou a atingir 148,6 graus e outra, 128,6 graus.

Apontado como possível foco do início do incêndio pelos bombeiros que atuam no combate ao fogo, o subsolo do hospital foi um dos locais em que a vistoria encontrou instalações elétricas irregulares, com “risco de curto circuito, incêndio e inoperância do sistema elétrico“. A área também tinha infiltrações, o que, segundo o documento, podia comprometer inclusive a estrutura do edifício.

Foram encontrados também hidrantes desativados com mangueiras danificadas e sem qualificação para uso. Havia ainda cabos expostos, instalações elétricas irregulares e equipamentos obsoletos e em desacordo com normas técnicas.

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No relatório da fiscalização, os profissionais concluíram que o sistema elétrico do HFB não apresentava “o grau de confiabilidade requerido pela instituição”. Ainda de acordo com o documento, o sistema de potência não possuía “manutenção em seus componentes como transformadores, disjuntores de média tensão e periféricos, oferecendo risco iminente de sinistro”.

Sem licença

Na época, foi constatada também ausência de licença e de plano de prevenção e combate a incêndio aprovado pelo Corpo de Bombeiros, além da inexistência de sistemas de detecção de fumaça e sprinklers. O hospital continuava sem licença, como afirmou o secretário de Defesa Civil e Comandante Geral do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Sampaio Monteiro.

Quando assumi, há 30 dias, pedi uma grande reunião com todos hospitais, não é só o HFB que tem problemas. Mas é muito difícil, quase impossível, interditamos hospital com 600 leitos — disse o secretário, que confirmou a inadequação da unidade — “Nosso código de segurança contra incêndio é legislação da década de 70 e é difícil prédio antigo se adequar. O hospital não estava adequado. Não possui certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros“.

Para Chrystina Barros, pesquisadora do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde da UFRJ, ocorrências como o incêndio desta terça remetem a um histórico de falta de investimentos nas unidades de saúde que precisaa ser alvo de investigação.

Será instalado um processo de investigação para entender até que ponto providências locais eram tomadas. Infelizmente, pelo histórico do nosso país, nós vemos que falta fiscalização ativa e investimentos de maneira crônica nas unidades. Mas tudo tem que ser alvo de apuração, com muita calma, porque é comum que nesses momentos a gente responsabilize o gestor local, que fica na ponta, mas sabemos, principalmente numa estrutura pública, o quanto de burocracia existe para que ele consiga fazer o gerenciamento de maneira adequada“, ressalta.

Na época em que o relatório foi divulgado, a direção do HFB afirmou em nota que possuía brigada de incêndio com atuação 24 horas e que “todas as medidas para sanar eventuais riscos” estavam sendo tomadas, para que fosse “garantida assistência segura a todos os pacientes do SUS”.

Já o Ministério da Saúde, também em nota, listou uma série de medidas de emergência adotadas pela gestão para sanar os problemas. Uma delas era uma reunião com o comando do Corpo de Bombeiros para iniciar a regularização e legalização do hospital. A Pasta disse ainda que havia providenciado uma mesa de transmissão para suporte de energia, responsável por ligar e controlar os geradores em caso de interrupção de fornecimento de energia pela concessionária; isolamento de área adjacente ao transformador e geradores e posicionamento da brigada de incêndio do hospital e equipamentos de combate a incêndio nas áreas afetadas.

Sem certificação do Corpo de Bombeiros

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Leandro Monteiro, disse que o Hospital Federal de Bonsucesso “não estava adequado” e tinha duas notificações e dois autos de infração. A unidade, segundo ele, “não possui certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros”.

Paciente com Covid-19 morre durante evacuação

Uma paciente internada em estado grave com Covid-19 no Hospital Federal de Bonsucesso, morreu durante a evacuação dos pacientes.

De acordo com o coordenador assistencial do hospital, Carlos Cesar Asseff, a paciente era uma mulher de 42 anos e que estava entubada, e internada em estado grave. Ela deixou o prédio com vida, mas morreu durante a transferência para outra unidade hospitalar.

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