Washington Fajardo: O Rio e seu recorrente suicídio urbano

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Dispersão do Bloco Favorita

Produtores de festas, promoters de mega-blocos e de eventos privados mandam na cidade do Rio de Janeiro sempre com a defesa de que trazem recursos para a cidade. Mentira. Festas/blocos fechados, cercadinhos no réveillon, mega-blocos no espaço público são operações de MARCAS.

Estas marcas, brands, negócios, produtos, e suas celebridades, agentes, executivos, etc. ganham muito dinheiro e não trazem tantos benefícios públicos. Ou são eventos de consumação fechada ou funcionam com operadores exclusivos. São eventos para convidados. São eventos de massa para veicular produtos e consumo. Nem criam tantas oportunidades, nem tantas dívidas trazem. Isso virou uma praga no Rio. Recursos públicos são disponibilizados para organizar e montar tais “festividades”.

É uma ideia de desenvolvimento turístico totalmente equivocada pois é baseada no CONSUMO da cidade e não na imersão na urbanidade do Rio. É a lógica da cidade à venda ao invés da promoção da cidade que acolhe, estimula e fornece cultura.

Marcas e promoters lucram muito. E se o evento dá errado, como aconteceu neste domingo, 13/1, no Bloco da Favorita, o ônus é todo público.

Advertisement
Carol Sampaio Washington Fajardo: O Rio e seu recorrente suicídio urbano
Carol Sampaio, organizadora do Bloco da Favorita

Desordem, quebra-quebra, destruição de patrimônio e o caos no espaço público são DANOS À REPUTAÇÃO DO RIO que geram desinvestimentos, afastam visitantes e consolidam a fama de cidade decadente e sempre em DESORDEM.

Lembremos o caos do carnaval de 2018 e suas imagens de inferno urbano que motivaram a intervenção federal na segurança pública da cidade.

Cariocas precisam abandonar o discurso fácil de farra e algazarra e exigir mais ordem na alegria pois é possível. Ministério público precisa investigar a relação entre promoters poderosos, marcas e autoridades públicas.

A imagem do Rio é muito preciosa e cada segundo de caos urbano vai circular pela imprensa do país e do mundo. Melhorar uma reputação urbana é muito difícil e leva tempo. Estas marcas privadas lucram e a marca pública “Rio” é destruída.

O carioca precisa refletir. Basta de nos vangloriarmos de vivermos num lugar “da beleza e do caos”. É um comportamento urbano suicida.

Copacabana é o bairro da cidade com a maior concentração de população idosa, então por que todo mundo quer fazer foto aérea dos seus eventos na paisagem do bairro, mas ninguém quer cuidar ou conservá-lo?

A festa deles acabou e a bagunça agora é nossa.

Chega de confusão no Rio. Chega de achar que extroversão é sinônimo de desorganização.
Não somos uma cidade de final de semana; somos uma metrópole com história de séculos e que precisa funcionar bem todos os 365 dias do ano.

Washington Fajardo é Arquiteto e urbanista

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Washington Fajardo: O Rio e seu recorrente suicídio urbano
Advertisement

10 COMENTÁRIOS

  1. Esses megaeventos nunca levam em conta os moradores dos bairros e arredores, que deveriam ser consultados. As praias não são respeitadas como APAs e estão sendo destruídas pelos descaso e estupidez dos governos.

  2. Concordo com todos, cada um tem sua posição, mas desnecessário soltar bombas na areia que não estava atrapalhando o trânsito, despreparo para lidar com o público que veio para ouvir e ver seus ídolos da musica. Se a população estivesse vindo num espírito de combater a posição política por exemplo teríamos uma carnificina, pois o povo anda revoltado.

  3. Querem antecipar o carnaval em 50 dias se em quatro dias ja e um inferno na cidade
    Isso que aconteceu em Copacabana foi so o começo do purgatorio do carioca
    Juntasse isso a musica ruim que nen samba é.

  4. Copacabana há décadas é sinônimo de grandes eventos na Praia. O problema é o descaso da segurança pública de 2 anos pra cá, é claro lógico e evidente q se o evento tinha previsão de 300 mil pessoas, o efetivo policial tinha q ser proporcional com esses números. Difícil algo terminar bem com apenas 2 ou 3 centenas de policiais.

  5. Nem totalmente uma (questão colocada pelo autor) nem outra coisa (comentário trazido por leitora abaixo).
    O problema está na organização mas , especialmente, ocorreram problemas, porque a forma como se deu o evento (horário de início e encerramento com tentativa de liberação da via para o trânsito) foram causados pela omissão (de não determinar horário mais cedo e planejamento) e ação (truculência ao final).
    Isso digo eu, que já esteve em outras edições.

    • Muito bem colocada , a argumentação do Fajardo , e , da maioria dos comentários expostos… Pôr a culpa na dispersão , uso de força , para manter a ordem urbana , é hipocrisia , ou talvez , uma visão míope , sobre o assunto . Como morador , estive presente praticamente do início ao fim , deste , e outro evento similar , ocorrido , no mesmo ponto . Constatei , inúmeros grupos de menores & outros malfeitores , furtando , assaltando , assediando agressivamente , fazendo sexo , e outras necessidades , nas ruas . Praticamente só haviam gangues , que com facas , garrafas , e volume de pessoas , praticavam arrastões , inclusive invadindo os bares da orla … No Leme , e no próprio Copacabana palace , quebraram vidros , assediavam as mulheres , com violência e abuso. Fui obrigado a entrar num restaurante , para não ter que agredir , ou ser agredidos por menores . Pois estava num aniversário… E , no caminho , constatei o “de sempre”… Muito funk , ( não estou discriminando) , abuso de drogas lícitas e outras, sujeira, e violência gratuita . Vandalismo mesmo ! Falta de Educação , somado a má índole , e impunidade . Era uma proporção de 3 marginais , para cada policial , no mínimo … Vi ônibus sendo invadidos e depredado . Porteiros de prédios e seguranças , sob ameaça , nas ruas mais escuras e intermediárias , onde consumiam crack , transavam etc … Faltou organização , bom senso , atitude , vergonha , segurança , limpeza … Tudo em nome da exploração , lucro de alguns , falsas intenções , impunidade , tolerância demasiada com marginais … Vou parando por aqui… pois o assunto é infindável v, e a solução , passa longe ! 2020 , promete !

    • Foi uma grande confusão, bagunça, baderna generalizada,desordem total. Precisei passar por Copacabana, e foi péssimo estar lá e ver em tão pouco tempo,tudo de ruim que vi.

  6. Por que o articulista não fala da ausência do Prefeito e que a desorganização é responsabilidade da Prefeitura, autoridade maior do Município? O MP só se manifesta quando provocado. E é bom lembrar que Copacabana merece tanto respeito quanto qualquer bairro da cidade, e neste evento tinha 300 mil pessoas, todas também convidadas pelos promotores do evento.

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui