William Bittar: Breve homenagem aos 120 anos do Fluminense Football Club

Torcedor do América que sempre fui, aprendi a respeitar este adversário em várias partidas decisivas de títulos, pela elegância e espírito esportivo de sua torcida, que nós, os rubros, soubemos retribuir. Daí esta homenagem à camisa tricolor

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Foto: Bruno Haddad / Fluminense FC

No dia 21 de julho de 2022, na comemoração dos 120 anos, o Fluminense Football Club anunciou o início da revitalização do Estádio Presidente Manoel Schwartz, também conhecido como Álvaro Chaves ou simplesmente, das Laranjeiras, que poderá abrigar jogos oficiais da equipe principal a partir de 2024.

            Torcedor do América que sempre fui, aprendi a respeitar este adversário em várias partidas decisivas de títulos, pela elegância e espírito esportivo de sua torcida, que nós, os rubros, soubemos retribuir. Daí esta homenagem à camisa tricolor.

Aliás, conta a tradição que a denominação consagrada do termo “torcedor” surgiu aplicado à torcida feminina tricolor, muito presente nas partidas no início do século XX. Ao longo dos certames, como era tratado na época, no calor das jogadas, as moças retiravam suas luvas, acessório indispensável da elegância feminina, assim como os chapéus. Sem perceber, apertavam e torciam aquele complemento do vestuário, ação percebida por alguns frequentadores, merecendo uma crônica de Coelho Netto que registrava: enquanto eles jogam, elas torcem! Surgia o termo que consagraria a plateia do futebol, exclusivamente no Brasil: a torcida, conforme explicado no site https://www.fluminense.com.br

            Mais do que devolver ao carioca um estádio tradicional, o conjunto conta com tombamento estadual e municipal desde 2001, considerando seu valor histórico e artístico, pois foi construído em 1919 para sediar o Campeonato Sul-Americano de Seleções, por iniciativa de Arnaldo Guinle, presidente do clube de 1916 a 1931, contando com uma arquibancada coberta para a social, erguida com “cimento armado”, como era denominado na ocasião.

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            Em 11 de maio do mesmo ano foi realizado o primeiro jogo oficial do estádio, quando o Brasil goleou o Chile por 6 a 0, sagrando-se campeã do torneio diante do Uruguai.

            Noticiava o Correio da Manhã do dia 12 de maio: Perante colossal assistência os brasileiros vencem os chilenos por 6 goals a 0. E continuava: As archibancadas dos sócios do Fluminense e as cadeiras numeradas ostentavam lindissimo aspecto, notando-se nelas o que há de chic na alta sociedade carioca, circumstancia que causou reparo ás delegações visitantes.

            Três anos depois, por ocasião do Centenário da Independência, o estádio teve sua capacidade ampliada de 18.000 para 25.000 torcedores, abrigando os jogos Latino-Americanos.

            No final da década de 1950, devido às obras de duplicação da Rua Pinheiro Machado, o estádio assistiu à desapropriação de uma área significativa, perdendo terreno e arquibancadas que ficavam atrás do gol leste, à esquerda da social, demolidas em dezembro de 1961.

            A capacidade de público foi reduzida, diminuiu a frequência de jogos oficiais até que, para atender às novas normas de segurança, o estádio foi interditado para partidas do time profissional.

            Integrando o conjunto tombado, composto por diversos equipamentos esportivos como as piscinas, quadras, ginásio, além do campo e arquibancada coberta, destaca-se a sede social, localizada à Rua Álvaro Chaves 41, em Laranjeiras, próxima ao Palácio Guanabara. Foi inaugurada em 1920, com projeto de Hipólito Gustavo Pujol, arquiteto formado pela Escola Politécnica de São Paulo, cidade onde atuou com mais frequência.

            O edifício principal, de dois pavimentos, apresenta repertório classicizante, também denominado Luiz XVI, partido comum na década de 1920 em edifícios como a sede do Jockey Club ou o Palácio Pedro Ernesto. A planta conta como elemento principal o salão nobre, elegante piso em parquet, forro curvilíneo ornamentado como um salão setecentista francês e vitrais monumentais figurativos importados que se projetam sobre a fachada principal, ampliando e ornamentando o ambiente.

            A notícia, além de revalorizar o patrimônio cultural carioca e tricolor em seu aniversário, poderá trazer ao público a memória dos tempos de um futebol para paixão de torcedores, a proximidade com o time de coração e a compreensão do rival como adversário ocasional em campo, disputando uma partida, que se encerra ao apito final, com respeito de ambas as torcidas como tantas vezes assisti em jogos entre América e Fluminense.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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Carioca, arquiteto graduado pela FAU-UFRJ, professor, incluindo a FAU-UFRJ, no Departamento de História e Teoria. Autor de pesquisas e projetos de restauração e revitalização do patrimônio cultural. . Consultor, palestrante, coautor de vários livros, além de diversos artigos e entrevistas em periódicos e participação regular em congressos e seminários sobre Patrimônio Cultural e Arquitetura no Brasil.
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