William Siri: Quantos talentos do esporte desperdiçamos por não investir na Zona Oeste do Rio?

Vereador relata o que encontrou na série de fiscalizações nos equipamentos de esporte e lazer da região e adianta: o legado olímpico não acontece

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Foto: Felipe Ouverney

A prática de esportes, atividades físicas e de lazer são fundamentais para mantermos a saúde e a autoestima em dia, colaborando para uma boa qualidade de vida. Mas, para quem vive na Zona Oeste, a realidade é difícil. Passando pelas ruas da região, notamos rapidamente que os equipamentos de esporte e lazer estão mal-cuidados ou completamente abandonados, comprometendo a revelação de novos talentos do esporte. Por isso, meu mandato criou o relatório “As Condições de Esporte e Lazer na Zona Oeste”, construído a partir de visitas a diversos bairros e da escuta às demandas da população, que foi entregue ao secretário de Esportes e Lazer da cidade.

Nesse relatório é descrita a situação das praças, por exemplo. Mesmo sendo locais de encontro que fortalecem os laços da comunidade, muitas vezes elas não recebem a atenção que merecem. Meu mandato visitou dezenas com os mesmos problemas em comum: abandono, falta de iluminação e manutenção. Como se reunir com vizinhos e amigos em um lugar escuro e sem bancos? Como levar as crianças para brincar onde o mato está alto e os brinquedos quebrados? Por isso, diversas delas acabam se transformando em lugares desertos e perigosos, prejudicando a circulação dos bairros. Em muitas das praças, os próprios moradores realizam reparos e acabam fazendo o papel da Prefeitura, que não atende às suas reivindicações. Em locais como o sub-bairro Vale Tingui, em Campo Grande, e a rua Itapuca, em Barra de Guaratiba, a situação consegue ser ainda pior, pois não existem áreas destinadas ao esporte e ao lazer. Por entender a importância de espaços desse tipo, fiz indicações legislativas apontando a necessidade de limpeza, urbanização e instalação de equipamentos em vários locais, além da criação de uma área de lazer na rua Itapuca. 

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Apesar do descaso do Poder Público e da falta de incentivo, conheci movimentos criados por moradores da Zona Oeste, que lutam pelo esporte na região. Em Santa Cruz, levei o secretário para conhecer o time de rugby do bairro, que há 3 anos treina em um campo improvisado, próximo a um valão e a um lixão, sem nenhum tipo de incentivo ou patrocínio. Apesar disso, a equipe foi campeã estadual e seus treinos atraem cada vez mais jovens que passaram a conhecer e praticar o esporte. Imagine quantos talentos poderiam ser revelados se houvesse uma quadra apropriada? 

Faço essa mesma pergunta quando penso nos movimentos de esportes radicais da nossa região. Em Santa Cruz, moradores pedem a instalação de uma pista de skate numa praça onde já existem muitos praticantes da modalidade, que se tornou ainda mais famosa durante as Olimpíadas do ano passado, quando o Brasil ganhou medalhas. Infelizmente, ela não pode ser praticada com segurança pelas crianças e jovens desse bairro, já que a pista de skate mais próxima fica em Campo Grande, a quilômetros dali. O famoso “Pistão”, inaugurado em 1978, a segunda praça pública de skate do Brasil, é uma exceção, assim como a pista da praça de Guilherme da Silveira, em Bangu, já que se encontra em boas condições de uso. Algo bem diferente do que vemos na Praça Votorantim, no sub-bairro Carobinha, em Campo Grande. Lá, moradores pedem a manutenção dessa grande área, onde praticam BMX e lutam para que haja o mínimo de cuidado com o local. Essa foi outra demanda que gerou uma Indicação Legislativa, apontando a necessidade de reformas urgentes na praça, assim como indicamos a construção de uma pista de skate no João XXIII. Sem espaços adequados para atividades de esporte e lazer, os moradores pedem o básico. O Poder Público não pode ignorar isso! 

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A falta de cuidado e manutenção é também uma realidade que me deparei ao visitar os grandes aparelhos, como as Vilas Olímpicas, o Centro Esportivo Miécimo da Silva e a Cidade das Crianças. No Miécimo, que oferece diversas atividades esportivas à comunidade, encontramos diversos problemas relacionados à falta de manutenção. O local, que já foi palco de eventos importantes, como a Copa do Mundo de Natação, competições do Pan 2007 e do GP de atletismo, está com sua pista de corrida inutilizável e aparelhos de ginástica olímpica danificados, entre outros problemas estruturais. Já a Cidade das Crianças, um grande parque público localizado em Santa Cruz, está em uma situação de grande abandono. Pouquíssimas aulas são oferecidas, o planetário está fechado, há equipamentos enferrujados e grandes áreas foram tomadas por mato. 

Não podemos esquecer do tão falado Legado Olímpico, que até hoje não foi totalmente entregue à população. Licitações paradas, obras ainda em curso na Avenida Brasil e escolas que ainda não foram entregues são alguns exemplos de promessas não cumpridas e dos investimentos sem retorno ao povo.

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Foto: Felipe Ouverney

Quantos talentos a Zona Oeste têm, que não possuem nenhuma chance? Quantos medalhistas olímpicos surgiriam se existisse incentivo ao esporte desde a infância? O quanto melhor seria a saúde dos moradores se fosse dado acesso a espaços de lazer de qualidade? Como acredito no esporte e no lazer como meios para a promoção de saúde, qualidade de vida e transformação social, essas são perguntas que jamais irei ignorar na luta por uma cidade mais justa e menos desigual.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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1 COMENTÁRIO

  1. Venha visitar a praça Edgar Baubunx, venho tentando manter limpa, contudo o descaso das autoridade competentes é de dar tristeza. Faço eu e meu vizinho João amante cão mas está bem difícil pois trabalho na prefeitura de segunda a sexta feira e não tenho muito tempo. Venha nos visitar. Um abraço

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