Claudio Castro e André Ceciliano, o fim de um casamento?

André Ceciliano pega o mundo da política de surpresa e praticamente anuncia seu divórcio do governador Cláudio Castro em entrevista ao Correio da Manhã

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O casamento entre o governador Claudio Castro (PL) e o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), foi sempre algo curioso. O primeiro ligado, mesmo que indiretamente, a Jair Bolsonaro (PL), e Ceciliano um dos principais interlocutores do ex-presidente Lula (PT) no Rio. É como se Romeu e Julieta tivessem se casado e não se suicidado no fim da peça, e… “foi bom enquanto durou“.

Já era sabido de algumas rusgas entre os dois mais importantes políticos do estado, mas isso nunca foi público. Só que em entrevista ao jornalista Claudio Magnavita, do jornal Correio da Manhã – que tem tendências governistas – Ceciliano tornou público o divórcio entre eles. O começo do vídeo é praticamente ocupado com auto-elogios, mas a partir da metade (35 minutos), ele começa a falar sobre o governo Castro. E como fala.

Pelo tom de Ceciliano, é como se a entrevista fosse praticamente o lançamento do nome dele como candidato a governador do Rio de Janeiro em 2022. E nessa ele pode acabar contando com o apoio do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD); nesse caso, Marcelo Freixo (PSB) viria candidato a deputado federal, aumentando a bancada do partido no Rio de Janeiro.

Sem palavras

Ceciliano disse a Magnavita: “Eu tenho um respeito pelo governador Cláudio Castro, só que eu acho que, quando você combina uma coisa, precisa cumprir. Você pode até falar que aquele combinado não era bem assim, mas não dá para fazer compromissos, como fiz na Alerj, e depois, ter eles mudados unilateralmente, sem uma conversa. O governador tem a dinâmica dele, a responsabilidade dele e nós temos a nossa. Como ele tem pouca experiência administrativa, precisa se cercar de pessoas que possam dar um caminho a ele, para cumprir os compromissos.” Entre os compromissos que teriam sido mudados, Ceciliano cita os casos IPCA e Fundo Soberano, deixando claro seu descontentamento com as mutações nos combinados que teria com Castro, e que o governador não se teria sentado para conversar com ele sobre estas mudanças, e confessa que chegou a ser pego de surpresa no caso do aumento dos servidores, afirmando que só soube do aumento pela Rádio Tupi.

E continua a chorar: “se você tem a preocupação de ter um aliado contra você, você precisa tratar bem seu aliado. Ou pelo menos ter uma condução que você possa cumprir. Isso é bíblico, quem não é fiel no pouco, não vai ser fiel no muito. Na política vale a palavra, é apalavrar e cumprir.”

Ceciliano comenta então sobre o caso do IPCA e diz que a diferença era de 2%, “e como não foi o governador que propôs a correção, mas o Parlamento. Não o André [Ceciliano], o Parlamento“. Mesmo com Magnavita tentando levar a conversa para outro caminho, perguntando se Ceciliano é birrento, este empunha a metralhadora e diz “Na política pode tudo, menos deixar de conversar. Mas você não pode só conversar quando lhe convém. Se você não tem um diálogo, você não pode contar com ninguém“.

Candidato a governador em 2022

Magnavita cita os casos em que a mídia e outros políticos, como Eduardo Paes (PSD), colocaram o nome de Ceciliano como candidato a governador. Para o jornalista, isso poderia gerar um estremecimento das relações que poderia ser evitado se cada um respeitar o destino do outro.

Sobre isso, o presidente da Alerj disse: “Eu tenho um compromisso com o meu partido. O meu partido vai apoiar o candidato da frente. Prioridade do meu partido para o Rio de Janeiro é o presidente Lula. O PT não quer ter candidato a governador, vice, nem a senador. Prioridade é Lula. Então, ir atrás de notinha de jornal ou de que o colunista analisou, isso não vale para a política. Na política o que vale é a palavra. Não dá para cumprir, chama e diz que o compromisso deveria ser dessa forma.

André Ceciliano x Cláudio Castro

Claudio Magnavita entrevista Andre Ceciliano Claudio Castro e André Ceciliano, o fim de um casamento?

André Ceciliano disse na entrevista ser um homem do diálogo, ser conhecido como uma pessoa que defende o estado do Rio de Janeiro e que nunca se vai ouvir que ele botou a faca no pescoço de alguém para exigir algo em contrapartida. “O diálogo é para a vida, é para tudo“, filosofou.

Deixou no ar uma pergunta sobre como ficará o investimento em segurança pública, ao tratar sobre a votação do veto do governador a alguns dos direitos dos profissionais de segurança pública: “Esse confronto não vem da minha parte. A Assembleia vai votar muitas coisas até o final desse governo. O governo passa, o estado fica. Nós, hoje, vivemos uma pandemia. Nosso maior problema hoje é a pobreza, a fome, o desemprego. Isso vai passar, mas temos uma questão estrutural, que é a segurança pública. Então, o estado está com uma arrecadação significativa, o governador fará investimentos em muitos municípios, mas não podemos, por R$ 312 milhões, deixar de atender a segurança pública. Não existe segurança pública sem policial militar, civil, penal, Degase, bombeiro. O impasse é: se esse impacto de R$ 312 milhões será concedido em dois anos ou em cinco anos, como propôs o governador.

Entretanto, o presidente da Alerj disse sobre a relação entre ele e o governador, que está tudo bem. “Não tem crise, com transparência e sinceridade. Mas o diálogo deve ser permanente, que não dá para fazer compromisso e não cumprir. Estamos defendendo o estado do Rio de Janeiro, quando a gente ganha uma liminar que impede a Petrobras de aumentar em 50% o valor do Gás, estamos defendendo. Quando entramos no TCU contra a covardia que querem fazer com o Galeão, estamos defendendo o estado

Secretários voltam a ser deputados

Secretario de Estado de Turismo do Rio de Janeiro Gustavo Tutuca Foto Flavio Cabral Claudio Castro e André Ceciliano, o fim de um casamento?
Gustavo Tutuca – Foto: Flávio Cabral

Para manter o embate e aumentar sua tropa de choque, o governador Claudio Castro exonerou nesta quarta-feira, 5/1, alguns secretários que também são deputados estaduais, como Rodrigo Bacellar, Max Lemos, Sergio Filho, Thiago Pampolha, Tututca e Leo Vieira.

Sem Resposta

De acordo com a assessoria de comunicação do governador, ele não emitiu ou emitirá nenhuma nota sobre a entrevista.

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