Jackson Vasconcelos: Comunicação sem sentido

Qual o sentido do tipo de comunicação dos candidatos e candidatas com os eleitores, que a gente tem visto nas redes sociais?

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Foto: Reprodução

O Governador Cláudio Castro esteve em Portugal e foi recebido pelo Presidente do País. Numa das fotos, o governador está com a esposa. Daí, cabe a pergunta: Qual mensagem ele quer enviar para o povo do Rio de Janeiro, em especial, para os eleitores que ele deseja manter ou conquistar? O fato de ele estar com o Presidente de Portugal, que, seguramente, a massa dos eleitores nem sabe quem é, melhora o conceito que o povo tem dele? 

O deputado federal Marcelo Freixo apareceu no Instagram para convidar seus seguidores a comemorar o carnaval com o uso de um filtro do Instagram. Ele está de terno e gravata e avisa que não é uma fantasia. 

Washington Reis, Prefeito de Duque de Caxias, apareceu no muro das lamentações, em Israel. Ele avisou que era 19 de abril, 1:40 da madrugada e estava lá em oração pelo Brasil, pela cidade de Duque de Caxias, pelas igrejas. E reconheceu que era um privilégio. 

Quem está em campanha deveria prestar atenção num alerta do escritor Ludwig Von Mises: 

  • “O ato de agir, de mover-se, não é simplesmente uma manifestação de preferência (…). 
  • “Aquele que apenas almeja ou deseja não interfere ativamente no curso dos acontecimentos nem na formação de seu destino.”
  • “O incentivo que impele o ser humano à ação é sempre algum desconforto. Um ser humano perfeitamente satisfeito com a sua situação não teria incentivo para mudar as coisas”. 
  • “Para fazer uma pessoa agir não bastam o desconforto e a imagem de uma situação melhor. Uma terceira condição é necessária: a expectativa de que um comportamento propositado tenha o poder de afastar ou pelo menos aliviar o seu desconforto. Na ausência desta condição, nenhuma ação é viável…” 

O voto é uma manifestação de vontade, vontade para que tudo permaneça como está ou para que tudo mude. Quando o eleitor deseja que nada mude, ele anuncia, no voto, que está bem como está ou que tem a certeza de que a mudança proposta será para pior. 

Quando o eleitor entende que ao votar não conseguirá o objetivo pretendido, seja deixar tudo como está ou mudar, ele, simplesmente, não participa do processo, opta pelo voto em branco, nulo ou por não comparecer para votar. 

Nisso tudo está o sentido da comunicação numa campanha eleitoral. Para o candidato que está no governo ou no cumprimento de um mandato, a comunicação deve se dar no sentido de mostrar aos eleitores que tudo está muito bem como está e que, por isso, mudar não é bom e não é seguro. Ou, por outro lado, se a coisa não anda bem, se mudar, a situação poderá piorar bastante. 

Diante disso, qual o sentido do tipo de comunicação dos candidatos e candidatas com os eleitores, que a gente tem visto nas redes sociais? Candidato fazendo exercício físico, visitando os amigos, indo a shows e batendo palmas para os malucos dançarem. É o que temos visto. Resta saber: quais os critérios que os eleitores utilizarão para decidir em quem votar? 

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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Formado em Ciências Econômicas na Universidade Católica de Brasília e Ciência Política na UNB, fez carreira com dezenas de cases de campanhas eleitorais majoritárias e proporcionais. É autor de, entre outros, “Que raios de eleição é essa”, Bíblia do marketing político.

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