Crônica de uma sardinha enlatada

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Crônica de uma sardinha enlatada

Todos os dias, a sardinha acorda cedo, lá pelas 5h30, 6 horas, pra poder ir ao trabalho. Depois de ouvir no Bom Dia Rio que o trânsito está o caos, como sempre, ela se arruma e vai esperar a lata passar, mesmo sabendo que ainda vai mofar por mais meia hora no ponto… Depois de ser empurrada, ensocada e tratada como uma… sardinha, ela finalmente está dentro da sua lata, meio de transporte mais comum que existe, para ir ao trabalho. No final da tarde, é a mesma história no trajeto de volta para casa.

Seria cômico, caso essa não fosse a dura realidade da população carioca que depende do “transporte público” tratada tal como sardinha em lata pelas concessionárias de ônibus, trem, metrô e barcas, o que tem piorado consideravelmente.

A Prefeitura e o Governo do Estado prometem investimentos bilionários, mas que estão, ou ultrapassados, ou mal planejados. Vamos aos casos, a começar pelo BRT: tido como uma ideia genial nos anos 1970, quando foi implantado em Curitiba, já perdeu totalmente o sentido para as grandes cidades. Na própria capital paranaense, o governo já está implementando o metrô, pois o sistema de ônibus não dá mais conta da demanda de passageiros. E olhem que é uma cidade três vezes menor que o Rio de Janeiro… Mesmo assim, o Prefeito Eduardo Paes insiste em gastar bilhões de reais neste falido sistema que, até agora, não alterou em praticamente nada a vida da população. Apenas criou acidentes fatais na Avenida das Américas.

Por outro lado, temos o metrô, que seria uma verdadeira solução, que está sendo feito a muito meia boca. O que era para ser uma linha independente e criar uma rede no transporte sobre trilhos, se tornou uma grande tripa, que sairá da Pavuna até o Jardim Oceânico. Com isso, o metrô vai ficar ainda mais saturado e aí… vamos sentir saudades da lata de sardinha…

O Rio de Janeiro clama por reais investimentos. A Linha Vermelha e a Linha Amarela foram grandes legados deixados nos anos 1990, mas que atualmente já não suportam mais o fluxo diário que recebem. Além disso, o modelo de transporte público deve ser outro, sobre trilhos. Dizem que são feitos investimentos nos trens urbanos, mas a população diz que continua a mesma coisa. No metrô, a chegada de novos trens não adiantou muito, já que “o tráfego à frente” não permite… Nas barcas, a mesma história de 50 anos, lotação, lentidão, atraso… Bom, sobre os ônibus é melhor nem falar.

E assim caminha o dia-a-dia da sardinha, ou melhor da população carioca…

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