Morre na manhã desta terça-feira, (22/11), aos 81 anos, o cantor e compositor carioca Erasmo Carlos. O cantor havia sido internado ontem, (21/11), no Hospital Barra D’or, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, às pressas. A causa da morte ainda não foi divulgada.

Erasmo Carlos vinha há alguns meses lutando contra uma síndrome edemigênica, essa doença ocorre quando há um desequilíbrio bioquímico, que dificulta a manutenção dos líquidos dentro dos vasos sanguíneos. Geralmente é causada por doenças cardíacas, renais ou dos próprios vasos.

Quem foi Erasmo Carlos

Erasmo Esteves, conhecido artisticamente como Erasmo Carlos, nasceu no dia 5 de junho, 1941, na cidade do Rio de Janeiro. Na sua juventude, ao lado de Tim Maia e Jorge Ben Jor, vivia no ambiente da arte, da música e Rock N’Roll carioca, o que lhe fez optar pela carreira de músico.

Iniciou sua carreira substituindo o rei, que na época não era nem príncipe, Roberto Carlos em alguns shows. Carlos Imperial, empresário de Roberto, diz, em histórias da vida, que ficou o surpreso pela atitude e resolveu apostar no garoto.

Em 1958, depois que a banda The Sputniks, do músico Arlênio Lívio foi desfeita, Erasmo foi convidado para integrar um novo grupo vocal formado por Arlênio, Edson Trindade e José Roberto (o China). Antes denominado The Boys of Rock, por sugestão de Imperial, foi depois denominado “The Snakes”. O grupo passou a acompanhar Tim Maia e Roberto, se apresentando em diversos programas. Já em 1960, The Snakes gravou seu primeiro disco, pela Mocambo, um compacto simples com as músicas “Para Sempre” e “Namorando” de Carlos Imperial. No mesmo ano, lançou um compacto duplo.

Em 1963, Erasmo se desligou do Snakes e passou a integrar o conjunto “Renato e Seus Blucapes”, porém, ficou por pouco tempo no grupo, pois em 1965 já estreava na TV Record, o programa Jovem Guarda. O programa foi exibido entre os anos de 1965 e 1968, sob o comando de Roberto Carlos que tinha ao seu lado, Erasmo Carlos (o Tremendão) e Wanderléa (a Ternurinha), que logo se tornou campeão de audiência nas tardes de domingo.

O nome do programa ajudou a consolidar um movimento musical que mesclava comportamento e moda e que introduziu e consolidou o rock no Brasil.

Sua carreira solo, como cantor de sucesso, começou em meados de 1965. Sua primeira música de sucesso foi “Festa de Arromba”, composta pela dupla Erasmo e Roberto, e lançada no primeiro disco do cantor. Outro destaque do mesmo disco foi “Minha Fama de Mau”.

Em 1966, lançou seu segundo disco solo “Você Me Acende”, que fez grande sucesso com a música título e com a faixa “Gatinha Manhosa”.

Em 1980, Erasmo lançou o disco “Erasmo Convida”, quando faz duetos com outros grandes artistas, como Nara Leão, Maria Bethânia, Gal Costa, Wanderléa, A Cor do Som, As Frenéticas, Gilberto Gil, Rita Lee, Tim Maia, Jorge Bem e Caetano Veloso.

Em 2001, depois de quatro anos sem gravar, Erasmo lançou o disco “Pra Falar de Amor”, quando se destacou a música “Mais Um Na Multidão”, em dueto com Marisa Monte, composta por Erasmo, Marisa Monte e Carlinhos Brown.

Ao longo de sua carreira, Erasmo sempre esteve nos ouvidos do povo, pois ele conquistou inúmeros sucessos, como: Vem Quente Que Eu Estou Fervendo (1967); Sentado à Beira do Caminho (1980); Pega na Mentira (1981); Mulher (Sexo Frágil) (1981); Mesmo que Seja Eu (1982); É Preciso Saber Viver (1996); Pra Falar de Amor (2001); Mais Um Na Multidão (2001) e Amiga de Minha Mulher (2011).

Erasmo e Roberto Carlos

Os grandes dois ícones da música brasileira se tornaram amigos assim que se conheceram, pois ambos tinham o mesmo ritmo e vontade de cantar pelo Brasil. A amizade, além de pessoal, também se tornou uma parceria frequente no mundo da música. Juntos, os dois escreveram mais de duzentas músicas.

O primeiro grande sucesso da dupla Erasmo e Roberto de compositores veio com a música “Parei na Contramão”, lançada por Roberto, no compacto duplo em 1963. A outra faixa gravada foi “Terror dos Namorados”, também fruto da parceria. Entre as músicas destacam-se:

Splish Splash (1963); O Calhambeque (1964); É Proibido Fumar (1964); Quero Que Vá Tudo Pro Inferno (1965); Eu Sou Terrível (1967); Jesus Cristo (1970); Detalhes (1971); Amada Amante (1971); Além do Horizonte (1975); Emoções (1981), entre outras milhares.

Erasmo se casou duas vezes, com Sandra Sayonara (Narinha) e pedagoga Fernanda Passos, com quem esteve junto até sua morte. Ele também tinha três filhos, sendo eles: Alexandre, Gil e Leonardo.

Prêmios

No dia 29 de agosto de 2018, Erasmo Carlos foi indicado ao Grammy Latino. Em 9 de outubro em 2018, ganhou o Prêmio UBC, pela “União Brasileira dos Compositores”, como o “compositor brasileiro do ano”. Ainda em 2018, seu álbum intitulado “Amor é Isso” foi eleito o 10.º melhor disco brasileiro de 2018 pela revista Rolling Stones Brasil e um dos 25 melhores álbuns brasileiros do primeiro semestre de 2018 pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

Erasmo Carlos foi, e sempre será, uma das maiores vozes do Brasil. Cantor, compositor, pai, marido, artistas e o rei do rock brasileiro.