Alvaro Tallarico ‘Sem Coração’: Confira as dicas do Festival do Rio 2023 e outras boas da cidade

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Elenco do Filme Sem Coração ao lado do jornalista Alvaro Tallarico
Elenco jovem de 'Sem Coração' com o jornalista Alvaro Tallarico (foto: Yago SG Freitas)

“Sem Coração”. A cada dia mais vejo o quanto tem gente que parece não ter coração. Ou que tem dinheiro no lugar da alma. Essa cidade maravilhosa tem uma galera que entristece, que joga todo o coletivo para baixo. Mas, graças a Algo além, também tem quem faça o bem. E ainda por cima tem quem faz bem para o entorno através da arte. É aí que entra o cinematográfico Festival do Rio, um dos maiores – e melhores – da América Latina.

Desde a minha adolescência frequentava e aguardava com ansiedade esse Festival. Lembro de sair da Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch (ETEAB), em São Cristóvão, e usufruir da gratuitade para pegar o metrô e ver os filmes na Estação Net Botafogo. Vi filmes que nunca mais veria novamente. Não por falta de vontade, mas por serem oportunidades únicas, ainda mais em uma época de internet ainda engatinhando. Tunai Caldeira (Chewie) foi um amigo de muitas sessões. Filmes alemães, peruanos, espanhois. E os brasileiros, claro. Hoje tenho muita alegria em poder cobrir o Festival do Rio como jornalista, tendo a parceria de assessorias como a Primeiro Plano, a Sinny, e outras.

Sinto ainda mais felicidade quando vejo um filme como “Sem Coração”, na Mostra Premiére Brasil: Competitiva Longas Ficção. Extremamente tocante, traça um retrato da adolescência no litoral de Alagoas em 1996. Lembrei muito das cidades da Região dos Lagos do Rio de Janeiro. O elenco traz novos nomes como Maya de Vicq (ótima como Tamara), Eduarda Samara (excelente como a Sem Coração) e Alaylson (potente como Emanuel Galego). Além disso, a mescla da Direção de Fotografia de Evgenia Alexandrova com a Direção de Arte de Thales Junqueira fornece belas cenas nas praias, barcos e casas que permeiam a história. Vemos as descobertas de uma fase muito marcante das nossas vidas através de outros olhares, fragmentos de diversos que já conhecemos em nossas jornadas. Aqueles que se perderam, aqueles que se encontraram, aqueles que se amaram, aqueles que partiram e mudaram de vida.

Como o filme se passa em 1996, aqueles que passaram por essa época terão mais lembranças, porém, o longa tem uma atemporalidade nos desafios que aqueles jovens enfrentam enquanto vão se conhecendo. Aliás, fiz algo até raro dentro da minha pseudo-imparcialidade jornalística. De certa forma, tietei esse elenco de jovens ao pedir para o jovem jornalista companheiro de cabines de imprensa, Yago SG Freitas, tirar uma foto minha com eles. É ela que ilustra essa coluna.

As metáforas presentes em “Sem Coração” são muitas, desde a fluidez da arraia cheia de sabedoria e força, até a baleia, entre o inconsciente e a tristeza. O filme parece deixar várias pontas soltas, mas muitos detalhes dão pistas de algumas respostas. Outras ficam na imaginação do espectador. Como outro me dia me disse Marcelo Müller, do Papo de Cinema: “Não tem que entender, é só sentir”.

“Sem Coração” terá outra sessão no Cine Odeon, neste sábado, dia 07/10, às 16h30, seguida de debate com a presença dos diretores Nara Normande e Tiáo, elenco e equipe.

Corpos Invísiveis no Festival do Rio 2023

Ainda no sábado, no Estação Net Gávea, “Corpos Invisíveis”, com roteiro e direção de Quézia Lopes, desponta às 18h30. O documentário explora o fenômeno do apagamento social das mulheres negras, focalizando a vivência pessoal e artística de 11 mulheres afrodescendentes entre questões de identidade, memória coletiva, ancestralidade, afetividades e maternidade, compartilhando suas perspectivas por meio de entrevistas e performances. O documentário se propõe a responder o que significa ser uma mulher negra no contexto brasileiro.

Quatro mulheres negras vestidas de branco estao abraçadas uma ao lado da outra.
Corpos Invisíveis (divulgação)

Posteriormente, às 21h45, tem “Werner Herzog: Um Sonhador Radical”, no Estação Net Rio. Para encerrar a noite, será exibido o filme “Orlando, minha Biografia Política”, dirigido por Paul B. Preciado, que ganhou o prêmio Teddy Award de Melhor Documentário no Festival Internacional de Berlim em 2023, às 23h59, no Estação Net Botafogo.

Além disso, a programação gratuita inclui a exibição de grandes filmes, como “Macunaíma”, às 17h, no Estação Net Rio, e, no domingo, no CCJF – Centro Cultural Justiça Federal, “Derrapada“, de Pedro Amorim, vencedor do PAMA – Paris Art and Movies Awards – Fall Sessions 2022, às 15h.

Durante a semana tem “Arte da Diplomacia”. O nono filme de Zeca Brito fará sua estreia nacional no Festival do Rio 2023. O longa-metragem será exibido no dia 9, às 19h, posteriormente no dia 13, às 16h20min (sessão para convidados) e 15 de outubro às 14h, como parte da mostra “Itinerários Únicos”. O documentário explora o episódio em que o Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial, enviou mais de 160 pinturas doadas por 70 artistas modernistas por navio para serem exibidas e leiloadas no Reino Unido. A obra investiga esse notável gesto de diplomacia cultural que conectou diferentes territórios e delineou o papel do país na luta contra o nazifascismo.

Teatro e música de graça

Neste sábado (07), às 14h o “Som das Vielas” mostra seu repertório recheado de MPB e samba de raiz na “Festa da Banana”. O grupo instrumental, coordenado por Alexandre Luiz, é uma das atrações da programação em Itaguaí, no Rio de Janeiro. Será na Igreja Congregacional de Mazomba (Estrada do Trapiche, 14 – Vila Margarida, Itaguaí).

O espetáculo infantil “Fábrica de Nuvem” encantará o público com duas sessões gratuitas no cenário do Parque das Ruínas, programadas para as 10h e 16h, dias 7 e 8 de outubro. Com sua dramaturgia e direção a cargo de João Ferreira, a peça mescla elementos do circo e do teatro para sensibilizar todas as idades sobre a importância da preservação ambiental de maneira lúdica. A trama se desenrola através da exploração do imaginário e das histórias e lendas dos seres encantados da floresta, como o Boitatá e o Uirapuru.

Por fim, também tem espetáculo de graça no Teatro Firjan SESI Jacarepaguá (Av. Geremário Dantas, 940 – Freguesia – Jacarepaguá). São as apresentações da Multifoco Companhia de Teatro com “Crônicas para uma cidade ou um amanhecer abortado”, no sábado (07), 20h, e domingo (08), às 18h. Conta a história de quatro exilados de uma sociedade. Aprisionados, se divertem e “matam” o tempo reproduzindo o mundo lá fora, ameaçados de nunca mais ver o sol. Uma narrativa onde os atores estão mergulhados num jogo teatral, construindo dialeticamente a nossa fábula contemporânea. “Crônicas para uma cidade ou um amanhecer abortado” é o primeiro trabalho que surge a partir do Projeto Matéi Visniec, um processo de pesquisa na obra do dramaturgo franco-romeno iniciado em 2013.

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