Nesta terça-feira (30/01), a Prefeitura do Rio reuniu os produtores de 17 dos 84 projetos credenciados no Reviver Centro Cultural para assinatura do Termo de Adesão ao programa. Durante o evento, realizado na Rua Sete de Setembro, 43, o DIÁRIO DO RIO conversou com Carina Quirino, subsecretária de Regulação e Ambiente de Negócios, que afirmou que a estimativa é de que em 4 anos, o projeto gere mais de R$ 100 milhões para a economia do Rio.
“A gente pode esperar efetivamente a ocupação de imóveis que ha muito tempo estavam parados, que são essenciais para a gente ter o corredor de passagem de pessoas no Centro“, disse. O projeto aproximou proprietários de imóveis desocupados a produtores culturais que se interessaram em, com a ajuda de subsídios do Município, investir na região do Centro Histórico do Rio de Janeiro, que sofreu com grande desvalorização e vacância durante a pandemia e agora vem se recuperando lentamente. Vale notar que apenas subsolos, lojas e sobrelojas com acesso pelo térreo podem participar do programa.
O evento contou com a presença dos produtores culturais, além do cantor e compositor Marcelo D2, que promoveu uma roda de samba no local. Alguns proprietários de imóveis também compareceram ao acontecimento. Com a assinatura do contrato, os primeiros projetos poderão ganhar as ruas do Centro, por meio de apoio do município. A Prefeitura vai dar recursos para a reforma dos imóveis e para ajudar nas despesas mensais.
“Nós sabíamos, desde quando começamos a história do Porto Maravilha e a derrubada da Perimetral, que a saída para o problema do Rio era voltar para o Centro. Aqui é uma área que já tem infraestrutura, hospital, escola. E, quanto mais você está onde tem infraestrutura, mais barata fica a cidade. E o que aconteceu na pandemia foi que o Centro se perdeu, muita gente foi embora. E não tem nada igual às manifestações culturais, artísticas, literatura, galerias de arte para conseguirmos fazer um lugar renascer. […] Eu não tenho dúvida nenhuma que, em muito pouco tempo, a partir desse projeto, o Centro será resgatado, revitalizado e ressuscitado por aquilo que o Rio tem de mais incrível que são suas manifestações culturais“, afirmou o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
O secretário de Desenvolvimento Urbano e Econômico, Chicão Bulhões, definiu como um projeto que quer trazer de volta a vida das ruas do Centro. “Ainda temos um comércio que foi resiliente, principalmente na pandemia, mas dentro do nosso projeto queremos trazer novas moradias, novos empreendimentos para cá. O Reviver Centro Cultural é central para que possamos trazer essa nova vida, a ocupação das lojas que estavam vazias. É um primeiro marco do renascimento do Centro“, disse. Num e-mail enviado a produtores culturais, a secretaria disse que está avaliando a possibilidade de que novos imóveis sejam inscritos no programa; cerca de 15 dos imóveis inscritos ainda não tiveram seus contratos assinados, e outros acabaram sendo alugados para lojistas e comerciantes fora do programa.
O programa Reviver Centro Cultural recebeu a inscrição de 39 imóveis e de 132 projetos culturais, como livrarias, galerias de arte, escolas de dança e escolas de fotografia, e até museus: o Museu da Caricatura, na esquina da Primeiro de Março com a Ouvidor, e o Museu do Café, em frente à Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores. Desse total, 84 dos projetos foram credenciados e poderão ocupar as lojas também habilitadas no programa e, com imóvel, estarão aptos a receber os valores da Prefeitura do Rio destinados ao projeto. Como contrapartida, eles devem abrir, em horários estendidos, à noite e aos fins de semana, além de contar com uma programação que preveja ações nas calçadas, para levar mais gente ao Centro e aumentar o movimento da região, que já vem renascendo pelas mãos dos turistas, fiéis religiosos e boêmios que vêm lotando a região nos finais de semana, por exemplo. Vale citar que o Diário do Rio de Cultura, que funcionará no térreo logo abaixo da redação do DIÁRIO, está entre os projetos que assinaram o termo nesta terça.
De iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE), em parceria com a Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), o projeto deve ocupar imóveis que estavam fechados na área formada pelas avenidas Presidente Vargas, Rio Branco e Primeiro de Março, e pela Rua da Assembleia, além de um trecho da Orla Conde. O município vai dar valores ao projetos que podem chegar a até R$ 192 mil (R$ 1 mil por metro quadrado) para a reforma dos espaços e cerca de R$ 14,4 mil (R$ 75 por metro quadrado) como auxílio para despesas mensais, como aluguel, água e luz, dependendo da metragem do imóvel.
Para Wilton Alves, da Sergio Castro Imóveis – responsável pela administração de 12 dos 17 imóveis que serão ocupados imediatamente, o programa junta a fome com a vontade de comer: “a iniciativa da Prefeitura gerou a locação imediata de quase todos os nossos imóveis que fizeram parte do programa. A empresa apoiou a idéia desde a primeira hora, e colocou um profissional para dar atendimento a todos os produtores culturais. Isso facilitou a escolha dos parceiros pelos proprietários, até porque a maioria deles optou pelas idéias que lhes pareceram mais sustentáveis para além do fim do subsídio, que está previsto inicialmente para 30 meses.“.
Alves explica que alguns proprietários relutaram em inscrever seus imóveis no programa, sem entender que tratava-se de uma locação de imóvel comum, em que cada inquilino dá sua garantia e paga diretamente o aluguel ao dono do imóvel. A prefeitura apenas assina que dará o subsídio a cada produtor cultural, mas a responsabilidade pelo pagamento do aluguel segue sendo do inquilino, com apenas algumas mudanças: “o reajuste do contrato tem que ser por um índice eleito pela prefeitura, deve haver cláusula que proíba o proprietário de tirar o inquilino mesmo em caso de venda a terceiros, e o dia do pagamento deve ser após o 11 dia do mês”. O corretor explica que o fato de alguns diretores da empresa terem imóveis na região e terem cadastrado no programa, serviu de exemplo para alguns clientes mais medrosos.
Segundo levantamento da imobiliária, há cerca de 70 imóveis no quadrante do projeto que poderiam ser úteis numa possível expansão do programa. Mordomo dos Prédios e responsável pelos imóveis de renda da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, o empresário Cláudio André de Castro disse ao DIÁRIO que “há interesse da entidade em inscrever alguns imóveis que possui nas imediações da Rua da Quitanda e da Rua do Mercado, que se encontram vazios, para colaborar com esta importante ação de reavivamento cultural da região, caso haja uma próxima janela para isso. O Centro Histórico é um símbolo mor da civilização brasileira e nossa irmandade, com mais de 400 anos de serviços prestados ao país, tem todo interesse em participar”. Castro não revelou quantos seriam, mas especialistas afirmam que a entidade tem vários prédios na região.
Conheça aqui os primeiros projetos credenciados que assinaram o Termo de Adesão com a Prefeitura do Rio, e saiba mais sobre os imóveis onde serão instalados.